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Ex-aluno da UNIRIO participa de pesquisa internacional com cérebro fossilizado de peixe de 319 milhões de anos

Fóssil é considerado o exemplo mais antigo e bem preservado de um cérebro de vertebrado
Ex-aluno da UNIRIO participa de pesquisa internacional com cérebro fossilizado de peixe de 319 milhões de anos

O paleontólogo Rodrigo Figueroa, graduado em Ciências Biológicas pela UNIRIO, é um dos integrantes da equipe de cientistas responsável por encontrar um cérebro fossilizado de um peixe de 319 milhões de anos. Trata-se do exemplo mais antigo e bem preservado de fóssil de um cérebro de vertebrado.

Imagem: Cérebro fossilizado ao lado de uma moeda de um centavo de dólar (19mm de diâmetro) Crédito: Universidade de Michigan

Pesquisador da Universidade de Michigan (EUA), o ex-aluno da UNIRIO tem como uma de suas atribuições investigar os fatores que contribuem para a preservação de partes moles em fósseis de animais com coluna vertebral. “A maioria dos fósseis de animais em coleções de museus foi formada a partir de partes duras do corpo, como ossos, dentes e conchas. Quando esse peixe morreu, há mais de 300 milhões de anos atrás, os tecidos moles do seu cérebro e os nervos cranianos foram substituídos durante o processo de fossilização por um mineral denso que preservou, com detalhes, sua estrutura tridimensional", informou.

 Segundo os cientistas do grupo,  o peixe, quando morreu, foi rapidamente soterrado em sedimentos com pouco oxigênio presente. "Esses ambientes podem retardar a decomposição de partes moles do corpo”, explicou Rodrigo. Para ele, este fóssil não representa apenas o exemplo mais antigo de um cérebro vertebrado fossilizado, mas também que as ideias sobre a evolução do cérebro de espécies viventes precisarão ser retrabalhadas. “Com a ampla disponibilidade de técnicas de imagem modernas, eu não ficaria surpreso se descobrisse que cérebros fósseis e outras partes moles são muito mais comuns do que pensávamos anteriormente. Muitos fósseis presentes em Museus podem conter estas informações. Daí a importância da ressonância”, acrescentou.

O cérebro, que passou pelo processo de tomografia e foi analisado pelos cientistas, pertence ao Coccocephalus wildi, um peixe primitivo com nadadeiras raiadas que nadava em um estuário e que provavelmente se alimentava de pequenos crustáceos, insetos aquáticos e cefalópodes (um grupo que hoje inclui lulas, polvos e sépias.) Os peixes com nadadeiras raiadas têm espinha dorsal e barbatanas sustentadas por hastes ósseas chamadas raios. O fóssil do crânio de Coccocephalus foi emprestado ao professor e paleontólogo Matt Friedman pelo Manchester Museum, na Inglaterra, e havia sido recuperado do teto da mina de carvão Mountain Fourfoot, em Lancashire, por volta de 1925.

O trabalho com o Coccocephalus faz parte de um esforço mais amplo do grupo de pesquisadores que usa a tomografia computadorizada (TC) para examinar o interior dos crânios dos primeiros peixes com nadadeiras raiadas. O objetivo do estudo é obter detalhes da anatomia interna que forneçam informações sobre suas relações evolutivas.

Formação de paleontólogos

Atualmente, Rodrigo Figueroa é aluno de doutorado da Universidade de Michigan e orientando do professor Friedman. No entanto, Rodrigo explicou que a dupla já se conhece desde o período em que ele realizou a graduação na UNIRIO. “Decidi que queria ser paleontólogo por volta dos quatro anos de idade, assistindo a filmes como Jurassic Park e lendo revistas. Meus pais, por serem pesquisadores da área de Química, passaram a me incentivar a seguir este caminho. Desde a faculdade, comecei a procurar por cientistas internacionais que eram paleontólogos. Foi assim que comecei a trocar informações com o professor Friedman. Posteriormente, ele foi meu coorientador no mestrado, e agora, meu orientador no doutorado”, explicou.

Rodrigo ressaltou que, no Brasil, não existe graduação na área de Paleontologia. O caminho natural foi a graduação na área de Ciências Biológicas. Segundo o pesquisador, esta foi a decisão crucial para a sua carreira profissional. “O bacharelado em Ciências Biológicas da UNIRIO é bastante abrangente. Você tem uma carga pesada de disciplinas de diversas áreas que contribuem muito para essa formação. Paleontologia é uma área multidisciplinar, que exige uma visão sistêmica para atuar. Você tem disciplinas teóricas no início do curso que dão suporte e sustentação e irão auxiliar em suas pesquisas. Além disso, tem várias disciplinas da área que não estão diretamente ligadas à Paleontologia, mas que são essenciais para desenvolver pesquisas com fósseis. Em outros países a graduação não acontece desta forma. Com certeza, esse diferencial me ajudou a entrar para o grupo de pesquisa que estou agora”, declarou.

Como conselho para quem tem interesse em se tornar paleontólogo,  Rodrigo sugere entrar para grupos de pesquisa desde o início do curso. “Quando ingressei na Universidade, já procurei por projetos de pesquisas. Isso também ajudou muito. Conheci a professora Deusana Machado, do Instituto de Biociências, que foi fundamental na minha formação. Me lembro que entrei no Laboratório de Estudos de Comunidades Paleozoicas (LECP) e falei que queria pesquisar sobre fósseis de peixes. Ela disse que não estava desenvolvendo nenhuma pesquisa relacionada com peixes, mas que, se eu quisesse, poderia começar a pesquisar. E, assim, ingressei em projetos de pesquisa no Laboratório em que ela atuava.  O fundamental  mesmo é fazer o que gosta e buscar por oportunidades”, aconselhou.

Da mesma opinião, a professora  Deusana Machado afirma que o importante é incentivar os alunos a pesquisarem sobre temas pelos quais eles realmente tenham interesse. “Encontrar o que gosta e batalhar por isso. Essa é minha dica: não deixe de brigar pela sua paixão. Foi o que o Rodrigo fez”, afirmou.

A docente também concorda com o ex-aluno sobre a  importância de se adquirir uma visão sistêmica a respeito do conhecimento científico. "Precisamos de universidades mais universais, não compartimentadas em disciplinas e laboratórios isolados. Ter uma visão mais abrangente é essencial para a produção científica. A pesquisa tem que estar conectada com o ensino e a extensão, por meio de equipes multidisciplinares. Essa conexão é fundamental", declarou a professora.