Histórico
Perto de completar a maioridade, o Herbário da UNIRIO - o HUNI - tem muita história para contar...
Essa história começou há quase 20 anos, bem longe do Rio de Janeiro, nas terras alagadas da bacia do Rio Araguaia. Na época, a então professora da UNIRIO, Claudia Petean Bove, que na época fazia seu doutorado com plantas terrestres, viu seus estudos em botânica tomarem um novo rumo após uma expedição científica à bacia do Rio Araguaia, acompanhando o Dr. Wilson Costa, especialista em Sistemática de Peixes. Segundo a própria professora, a região a deixou completamente maravilhada: o encantamento provocado pela beleza e pela diversidade das plantas aquáticas da região foi tão grande que ela percebeu que ali estava exatamente aquilo com o quê gostaria de trabalhar. Após finalizar seu doutorado, a Dra. Claudia começou a fazer levantamentos sobre plantas aquáticas, surpreendendo-se com a falta de material sobre esse assunto diante da vastidão dos ecossistemas aquáticos terrestres no Brasil e das constantes ameaças a que estão submetidos, como poluição, destruição de matas ciliares e desvio de cursos d'água.
Diante deste quadro, a Dra. Claudia elaborou um projeto de pesquisa para fazer o levantamento e estudo taxonômico das espécies aquáticas do país e, contando com a colaboração de duas entãoalunas do curso de Ciências Biológicas, Samantha Koehler e Jane Morrey-Jones, partiu para uma nova expedição à bacia do Rio Araguaia. Nessa primeira expedição foram coletadas as plantas aquáticas que seriam o marco fundador do HUNI.
De volta ao Rio de Janeiro duas semanas depois, com aproximadamente 100 exemplares coletados e com a certeza de que essa seria a primeira de muitas outras expedições em busca de plantas aquáticas, a Dra. Claudia e sua equipe se viram motivadas a escrever um projeto para criação de um herbário especializado nesse grupo de plantas, com o intuito de ser um centro de referência em vegetais aquáticos continentais.
Em 1998, o Herbário da UNIRIO foi então fundado, tendo como objetivo ser um herbário especializado em plantas aquáticas, abrigando inicialmente a Coleção de Plantas Hidrófitas Vasculares iniciada com as coletas na região da bacia do Rio Araguaia, e assim se manteve durante o período em que a Dra. Claudia permaneceu como docente na UNIRIO. Com sua ida ao Museu Nacional, em 2002, o herbário foi perdendo a característica inicial da sua concepção e foi se adequando à nova realidade em que se encontrava, passando lentamente a abrigar também depósitos de exemplares de plantas terrestres, temática dominante entre os docentes da UNIRIO.
Desta maneira, a partir da curadoria da Profa. Dra. Laura Jane Moreira Santiago, o HUNI deixou de ser um herbário de plantas aquáticas, e passou a ter como objetivo reunir e manter em seu acervo materiais voltados ao estudo da biodiversidade vegetal fluminense. Nesta mesma época o Herbário ganhou seu logotipo. Idealizado pelo então estagiário do Herbário, o hoje Biólogo Luiz Fernando Bondi de Macedo, o logotipo se resume a uma folha composta imparipinada sobre o conhecido logotipo da UNIRIO, em azul. Em abril de 2006, o HUNI, embora com um acervo de apenas 600 plantas - ainda com maioria absoluta de plantas hidrófitas vasculares - foi credenciado através do processo no. 02000.000936/2006-60, junto ao Ministério do Meio Ambiente (MMA) e ao Conselho de Gestão do Patrimônio Genético (CGEN) como Instituição Fiel Depositária de componentes do Patrimônio Genético (Deliberação n. 145 de 27 de Abril de 2006). No mesmo ano, durante a XXV Jornada Fluminense de Botânica, realizada na UNIRIO, o Herbário teve seu nome alterado para Herbário Prof. Jorge Pedro Pereira Carauta, em homenagem ao ilustre botânico. A sigla HUNI, no entanto, permanece inalterada.
Em meados de 2013, na curadoria do Prof. Dr. Joel Campos de Paula, o HUNI começou a passar por uma fase de reorganização e reestruturação do seu acervo, devido à demanda gerada pela crescente produção científica dos alunos e professores do Instituto de Biociências, principalmente após a criação do Curso de Pós-graduação em Ciências Biológias (PPGBIO) com ênfase em Biodiversidade Neotropical. No ano seguinte, o HUNI foi contemplado com a aprovação do Projeto “Recuperação, Preservação e Expansão do Acervo do Herbário Prof. Jorge Pedro Pereira Carauta – HUNI” (Processo n. 110.069/2014 - Edital APQ4 - Apoio à Preservação de Acervos da FAPERJ - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro), apoio este fundamental para a revitalização do acervo. O HUNI ainda conta com verba institucional da UNIRIO para manutenção da sua estrutura física e acervo.
No final de 2014, o projeto de recuperação, preservação e expansão do acervo foi adaptado e submetido como Projeto de Extensão, sob coordenação da Bióloga Dra. Sandra Zorat Cordeiro, a Pró-reitoria de Extensão e Cultura da UNIRIO, sendo aprovado no início de 2015 (Processo 2015.00489.1.5-2/469 - ProExC/UNIRIO). Em novembro de 2015, o HUNI conseguiu cadastro junto à Rede Brasileira de Herbários (RBH) vinculada à Sociedade Botânica do Brasil (SBB), composta por um catálogo que apresenta dados sobre os acervos dos herbários nacionais, articulando e fomentando o desenvolvimento dos herbários brasileiros e suas coleções associadas e auxiliares.
No final de 2017, contando com a colaboração do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, o HUNI finalmente disponibilizou seu acervo online, através da Plataforma JABOT. Em 2018, o HUNI ingressou no Index Herbariorum. Em abril de 2019, com aprovação do colegiado do Departamento de Botânica, a curadoria do HUNI passou para a Dra. Sandra Zorat Cordeiro, tendo como vice, o Prof. Dr. Joel Campos de Paula.
Hoje, juntamente com os herbários RB (do Jardim Botânico do Rio de Janeiro), R (do Museu Nacional), RFA (do Instituto de Biologia da UFRJ), HB (Herbário Bradeanum) e HFR (da UERJ), o HUNI integra o grupo de instituições credenciadas como guardiãs oficiais de coleções de plantas na cidade do Rio de Janeiro.