Dianthus chinensis L.
Família: CARYOPHYLLACEAE
Nome científico: Dianthus chinensis L.
Nome popular: cravina
Fotos: Ricardo Cardoso Antonio
Foto: Alice Worcman - Organicidade
Fotos: Sandra Zorat Cordeiro
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Foto: Matheus Gimenez Guasti
Dianthus chinensis, a popular cravina, é uma espécie originária da Ásia e do leste europeu, cultivada em todo o mundo pela beleza, graciosidade e colorido de suas flores com pétalas franjadas, extremamente ornamentais.
Esta espécie se apresenta como uma herbácea de caule cespitoso que pode atingir até 40 cm de altura. Suas folhas possuem filotaxia oposta, são sésseis, lineares a lanceoladas, de margem inteira, base estreita e ápice acuminado; são cartáceas, cerosas e glabras, de cor verde-azulada, concolores. Suas flores ocorrem solitárias ou em inflorescências cimosas, dependendo da cultivar em questão; as flores são pediceladas, precedidas por brácteas e cálice. A corola é dialipétala, composta usualmente por 5 pétalas com borda franjada, característica do gênero. Podem ser vermelhas, púrpura, rosa, lilás ou brancas, em cores sólidas ou mescladas nestes tons, com o fundo da corola comumente distinto, em contraste com os estames azulados, criando um efeito extremamente gracioso e ornamental. Fruto tipo cápsula com cálice persistente, sementes pretas e globosas.
São facilmente reconhecidas pelas cores fortes e contrastantes das suas flores e pelo franjado de suas pétalas; sua floração abundante e persistente faz com que seja requisitada como flor de vaso, para formação de maciços ou como borda de canteiros, compondo ambientes românticos e campestres.
A cravina é considerada uma espécie muito variável morfologicamente, representada nos seus locais de origem tanto pelas plantas selvagens como pelas cultivadas - e suas numerosas cultivares ornamentais. Estudos taxonômicos revelam dificuldade no estabelecimento de chaves que consigam separar adequadamente estas categorias, tornando quase impossível a identificação; feitas estas considerações, a literatura consultada estabelece que Dianthus chinensis é uma espécie tratada num sentido mais amplo, abrangendo as plantas selvagens, suas variações naturais e cultivares.
Inúmeras cultivares1 de Dianthus chinensis são obtidas anualmente na busca de combinações com maior tolerância ambiental, maior durabilidade das flores, maior gama de cores, maior comprimento da franja das pétalas, dentre outras características. A busca de flores que despertem o desejo do consumidor é tão grande que há cultivares onde as flores são conhecidas pela chamada "cor mágica": elas possuem pétalas brancas ou em cores pálidas ao se abrirem e, com o passar do tempo, escurecem e adquirem cores fortes e chamativas. Estas combinações não são baseadas na taxonomia vegetal e sim no sucesso de cultivo e desempenho comercial da planta. Atualmente, pouquíssimas cultivares selvagens de Dianthus chinensis estão no mercado de flores, diante do sucesso das cultivares mais coloridas, resistentes e vistosas.
Além destas cultivares intraespecíficas, há ainda híbridos interespecíficos de Dianthus sp., resultantes de cruzamentos de duas espécies distintas, geralmente Dianthus barbatus, que compreendem uma vasta quantidade de plantas comercializadas atualmente; eles podem apresentar flores simples (pentâmeras) ou com alterações no número de pétalas, podendo até produzir flores de cores variadas numa mesma planta, com muitas flores por inflorescência, formando buquês.
A forma selvagem de Dianthus chinensis2 ocorre em harmonia com as formas cultivadas nas suas regiões de origem, na Ásia e Europa. É usualmente encontrada em pastagens, bordas de pradarias e riachos, florestas arenosas e encostas de montanhas. Há mais de 2 mil anos é usada pela medicina tradicional oriental no caso de disfunções do sistemas digestivo e urinário, principalmente cistite, para tratamento de prisão de ventre, febres, cólicas menstruais, tosse e cálculos renais. Possui comprovadas propriedades anti-helmínticas, antibacterianas, anti-inflamatórias, antioxidantes, sudoríferas, hipotensivas, hemostáticas e, mais recentemente, anti-cancerígenas.
Seu nome popular, cravina, é o diminutivo de cravo, uma referência à sua similaridade, em tamanho menor, com a flor do craveiro, Dianthus caryophyllus3, como se fosse uma miniatura. O nome do gênero, Dianthus, que significa flor divina, é uma alteração feita por Linnaeus a partir do nome original, diósanthos, cunhado por Teofrastus4 a partir da união das palavras gregas Διός (diós) de onde provém a palavra Zeus - deus supremo da mitologia grega, e ἀνθός (anthos) que significa flor. Seu epíteto específico, chinensis, é um epíteto geográfico, indicando seu local de origem, a China.
Para aqueles que acreditam em deuses, Dianthus chinensis tem algo de sublime... Hastes firmes se elevam na paisagem. Cálices verdes brindam a florada. Pétalas coloridas anunciam o fim do inverno. Franjas recortadas oscilam na suave e ainda gelada brisa. Pequenas divindades ao alcance das mãos... Assim é a cravina.
Autoria: Sandra Zorat Cordeiro (2020)
NOTAS
1 - Ilustração de uma cultivar de Dianthus chinensis L. na Curti's Botanical Magazine de 1865:
2 - Dianthus chinensis L. em sua forma selvagem, nas pradarias da Federação Russa
Foto: Olga / Creative Commons BY-NC
Foto: Nadezhda Liksakova / Creative Commons BY-NC
Foto: Сергей Квашнин / Creative Commons BY-NC
Foto: Сергей Квашнин / Creative Commons BY-NC
3 - Uma das inúmeras cultivares de Dianthus caryophyllus L., o popular cravo
Foto: Lindsey Turner / Creative Commons BY-NC
4 - Teofrastus ou Theophrastus, filósofo grego que viveu entre 372 a.C. e 287 a.C., considerado o "Pai da Botânica" e autor do célebre De Historia Plantarum - A História das Plantas, com 10 volumes.
* Para conhecer algumas cultivares comerciais de Dianthus chinensis:
- https://www.sakata.com.br/flores/jardim/dianthus/diamond
** Nossos agradecimentos:
- à Alice Worcman, do Organicidade, pela bela fotos de Dianthus chinensis.
Bernal, M.; Lainz, M.; Muñoz Garmendia, F. Flora Ibérica - Dianthus L. Disponível em: http://www.floraiberica.es/floraiberica/texto/pdfs/02_049_35_Dianthus.pdf. Acesso em: 15 Out. 2020.
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