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Tridax procumbens (L.) L.

Família: ASTERACAEAE

Nome científico: Tridax procumbens (L.) L.

Nome popular: erva-de-touro

 

Tridax procumbens - Canto das Flores 3

Tridax procumbens - Canto das Flores 7

Tridax procumbens - Canto das Flores 9*

Tridax procumbens - Canto das Flores 4

Tridax procumbens - Canto das Flores 11

Tridax procumbens - Canto das Flores 10

Tridax procumbens - Canto das Flores 12

Tridax procumbens - Canto das Flores 5

Tridax procumbens - Canto das Flores 8

Fotos: Sandra Zorat Cordeiro

Tridax procumbens - Canto das Flores 2

Tridax procumbens - Canto das Flores 1

Fotos: Ricardo Cardoso Antonio

Barra exsicata

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Tridax procumbens - Exsicata

Foto: Matheus Gimenez Guasti

Barra verde - características

Tridax procumbens, a popular erva-de-touro, é uma erva nativa da América Central que se difundiu por toda a América, foi levada para o Velho Mundo e hoje ocorre em todas as regiões tropicais e subtropicais do planeta. Apesar da sua má reputação, por ser uma erva daninha altamente indesejável - justificada pelo seu significativo potencial infestante em áreas cultiváveis - vem sendo vista com maior interesse devido às suas propriedades medicinais, já conhecidas há muito pela milenar medicina indiana, a Ayurveda.

erva-de-touro é uma espécie anual, herbácea, formando grandes touceiras, com caules maleáveis e pubescentes, podendo ser prostrados e com capacidade de gerar raízes, e eretos ascendentes, atingindo até 50 cm de altura. Possui filotaxia oposta-cruzada, com folhas pilosas em ambas as faces, truladas a ovaladas, com margens serradas de modo irregular, ápice acuminado, base atenuada e pecíolo curto. Suas flores estão agrupadas em inflorescências tipo capítulo e podem ser axilares ou terminais. Cada capítulo, envolto por filárias verdes e pilosas, ocorre na extremidade de um pedúnculo longo e também piloso. Na periferia do capítulo, há as flores do raio, exclusivamente femininas, com lígula inteira, bi- ou tridentada, de cor branca ou creme, dando ao capítulo a aparência e equivocada impressão de se tratar de uma pequena e única flor pentâmera. No centro do capítulo há as flores do discohermafroditas, com minúscula corola amarela. Possui fruto tipo aquênio, com tufo de pelos na extremidade superior, promovendo a dispersão. 

Considerada uma erva daninha com alto poder infestante devido às intensas e contínuas florações, alta produção e eficaz dispersão de sementes, fácil adaptação e rápido crescimento, a erva-de-touro é uma espécie essencialmente ruderal. Ela ocorre em pradarias, gramados, beiras de estradas e entre rochas, mas é abundante em áreas cultivadas, invadindo plantações e pastagens, sendo problemática por ser uma espécie hospedeira de várias pragas agrícolas, como insetos e vírus. Seu controle é feito, principalmente, por herbicidas químicos.

Apesar de indesejável em culturas, a erva-de-touro é tradicionalmente utilizada pelas milenares medicinas indianas (Ayurveda e Siddha) e pela medicina popular ocidental, com diversas utilidades: repelente, cicatrizante, tônico capilar, para tratamento de problemas respiratórios, digestivos e hepáticos, picadas, úlcera, conjuntivite, furúnculos, bolhas, hematomas, diarreia, pressão alta e diabetes, além de recomendada como afrodisíaca. Possui reconhecidas propriedades anticoagulantes, anti-inflamatórias, antimicrobianas, antifúngicas, antiparasíticas, anti-oxidantes, hepatoprotetoras, imunomoduladoras, anestésicas e adstringentes.

Em razão das suas inúmeras aplicações terapêuticas, acredita-se, na Índia, que o Tridax procumbens é uma espécie análoga à mitológica planta medicinal Bisalyakarani ou Vishalyakarani do Ramayana, uma das mais importantes obras literárias da Índia Antiga. Este poema épico, escrito em sânscrito há mais de dois mil anos, conta a história de Rama, um avatar do Deus Vishnu, responsável pela sustentação do Universo. Em certa parte da narrativa, em uma batalha provavelmente na região do atual Sri Lanka, Lakshmana, irmão de Rama e um dos heróis da história, é gravemente ferido por uma flecha mística lançada pelo inimigo e fica à beira da morte. Desesperado, seu amigo e fiel seguidor, Hanuman - o poderoso deus-macaco, procura um médico e este o avisa que apenas no Himalaia ocorriam quatro ervas capazes de trazer seu amigo de volta à vida:

Mritasanjeevani (para restaurar a vida)1
Bisalyakarani ou Vishalyakarani (para curar a ferida da flecha)
Sandhankarani (para restaurar a pele) e
Savarnyakarni (para restaurar a cor da pele no local da ferida)

Sem alternativa, Hanuman então voa por toda a Índia até o Himalaia2, mas ao chegar, percebe-se incapaz de encontrar qualquer uma das ervas solicitadas. Furioso e sem tempo a perder, ele usa seu incrível poder para remover o pico da montanha onde cresciam as ervas e o leva até o local da batalha. As ervas mágicas são encontradas facilmente pelo médico que então as utiliza para curar não apenas Lakshmana, mas todos os outros feridos. No Ramayana, a erva Bisalyakarani ou Vishalyakarani tem propriedades curativas e cicatrizantes, tais quais as da erva-de-touro. Uma pasta feita de suas folhas frescas é aplicada em feridas, acelerando o processo de cicatrização, evitando inflamações e infecções. Não é á toa que estes sejam alguns de seus nomes populares em várias regiões da Índia. 

O nome popular aqui no Brasil, erva-de-touro, pode ser devido à sua alta frequência em pastagens ou por ser uma erva persistente e muito difícil de ser removida - e assim considerada forte com um touro, mas isso é apenas uma suposição, já esta informação não foi encontrada na literatura consultada. Em inglês, é chamado de coat button (botão de casaco) em alusão ao aspecto da flor. O nome do gênero, Tridax, origina-se do grego tridáknos, proveniente da união das palavras gregas τρέις (tréis), que significa três e δάκνω (dácno) que significa mordida, remetendo à aparência bi- ou tridentada das lígulas das flores do raio. Seu epíteto específicoprocumbens, vem do latim procumbo, que quer dizer prostrado, em clara referência aos caules da planta.

Tridax procumbens, a popular erva-de-touro: de erva daninha a poderoso elixir medicinal. Quem diria que uma das ervas mágicas que curou o grande guerreiro Lakshmana, irmão do poderoso Rama, encontrada apenas no topo do Himalaia, estaria disponível em beiras de estrada, gramados ou pastagens, bem ao alcance das nossas mãos? 

 

Autoria: Sandra Zorat Cordeiro (2020)

 

NOTAS

 

1 - A crença nas propriedades medicinais das plantas citadas no Ramayana é tão forte que o governo indiano desenvolve, junto com a University of Agricultural Science, de Bangalore, e o College of Forestry, de Sirsi, um projeto de pesquisa para encontrar a Sanjeevani Booti (Mritasanjeevani), a principal erva mágica carregada no topo da montanha por Hanuman, aquela que teria o poder de restaurar a vida, uma espécie de elixir rejuvenescedor. De acordo com as tradicionais medicinas da Índia Antiga, respaldadas por pesquisas biológicas e históricas, duas espécies estão sendo apontadas como candidatas à erva mágica do Ramayana: a licófita Selaginella bryopteris (L.) Bak (atual Lycopodium bryopteris L.) e a orquídea Desmotrichum fimbriatum Blume (atual Dendrobium plicatile Lindl.). A interessante argumentação e o critério de escolha destas espécies como candidatas estão disponíveis em: https://www.thehindu.com/sci-tech/science/In-search-of-the-Sanjeevani-plant-of-Ramayana/article16880681.ece. Abaixo, as duas proponentes a Sanjeevani Booti:  

Lycopodium bryopteris L. (Sellaginella bryopteris (L.) Bak

Lycopodium bryopteris

Foto: Royal Botanical Garden of Madrid, Spain / Creative Commons BY-SA

 

Dendrobium plicatile LIndl. (Desmotrichum fimbriatum Blume ou Flickingeria fimbriata (Blume) A.D.Hawkes)

Dendrobium plicatile

Foto: Azhar Ismail / Creative Commons BY-NC-SA

 

- Ilustração do mitológico voo de Hanuman, carregando o pico da montanha e suas ervas mágicas

Hanuman levando o topo do Himalaia

Foto: IndiaTimes

 

  

Barra verde - referências bibliográficas

Acta Plantarum.  Etimologia dei nomi botanici e micologici  e corretta accentazione. Disponível em: https://www.actaplantarum.org/etimologia/etimologia.php. Acesso em: 21 Out. 2020.

Beck, S.; Mathison, H.; Todorov, T.; Calderón-Juárez, E.A.; Kopp, O.R. A Review of Medicinal Uses and Pharmacological Activities of Tridax procumbens (L.). Journal of Plant Studies, v. 7, n. 1, p. 19-35, 2018.

CABI - Centre for Agriculture and Biosciences International. Invasive Species Compendium - Tridax procumbens (coat buttons). Disponível em: https://www.cabi.org/isc/datasheet/55072#3524F58B-B1E2-4198-83A8-F8E0578A9D9E. Acesso em: 19 Out. 2020.

Gandara, A. Tridax in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: http://reflora.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB16365. Acesso em: 19 Out. 2020.

GBIF - Global Biodiversity Information Facility. Tridax procumbens (L.) L. Disponível em: https://www.gbif.org/species/3149462. Acesso em: 19 Out. 2020.

Ghosh, P.; Biswas, S.; Biswas, M.; Dutta, A.; Sil, S.; Chatterjee, S. Morphological, ethno biological and phytopharmacological attributes of Tridax procumbens Linn. (Asteraceae): A Review. International Journal of Scientific Research in Biological Sciences, v. 6, n. 2, p.182-191, 2019.

Guimarães, S.C.; Souza, I.F.; Pinho, E.V.R.V. Efeito de temperaturas sobre a germinação de sementes de erva-de-touro (Tridax procumbens). Planta Daninha, v. 18, n. 3, 457-464, 2000.

Moreira, H.J.C.; Bragança, H.B.N. Manual de identificação de plantas infestantes - Hortifrúti. São Paulo: FMC Agricultural Products. 2011.

Natural Herbs Site. Tridax procumbens / Bisalya karani / বিশল্যকরণী. Disponível em: https://naturalherbssite.wordpress.com/2018/03/13/tridax-procumbens-bisalya-karani-%E0%A6%AC%E0%A6%BF%E0%A6%B6%E0%A6%B2%E0%A7%8D%E0%A6%AF%E0%A6%95%E0 %A6%B0%E0%A6%A3%E0%A7%80/. Acesso em: 20 Out. 2020.

O Ramayana de Valkimi. Livro I a VII. Tradução Eleonora Meier. 2015. Disponível em: https://ia600903.us.archive.org/28/items/ORAMAYANADEVALMIKI/O%20RAMAYANA%20DE%20VALMIKI.pdf. Aceso em: 21 Out. 2020.

Powell, A.M. Taxonomy of Tridax (Compositae). Brittonia, v. 17, n. 1, p. 47-96, 1965. (requer cadastro e login para acesso via link).

Quattrocchi, U. CRC World Dictionary of Medicinal and Poisonous Plants: Common Names, Scientific Names, Eponyms, Synonyms, and Etymology. Reimpressão. Boca Raton: CRC Press. 2012.

The Hindu. In search of the Sanjeevani plant of Ramayana. Disponível em: https://www.thehindu.com/sci-tech/science/In-search-of-the-Sanjeevani-plant-of-Ramayana/article16880681.ece. Acesso em: 20 Out. 2020.

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