Impatiens walleriana Hook.f.
Família: BALSAMINACEAE
Nome científico: Impatiens walleriana Hook.f.
Nome popular: maria-sem-vergonha, beijo-turco, não-me-toques
Fotos: Sandra Zorat Cordeiro
Fotos: Ricardo Cardoso Antonio
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Foto: Matheus Gimenez Guasti
Nativa da África, amplamente cultivada no mundo e naturalizada em diversas regiões, a Impatiens walleriana, conhecida no Brasil como maria-sem-vergonha, beijo-turco ou beijo-de-frade, apresenta-se como uma erva perene, muito ramificada, atingindo até 50 cm de altura; possui caule suculento, com folhagem escura, de textura membranácea e de filotaxia alterna e espiralada. Suas lindas flores com tamanho e coloração variáveis (branca, rosa, laranja, vermelha, roxa), que justificam sua ampla utilização no âmbito ornamental, ocorrem em inflorescências paucifloras, tipo cimeira. As flores da Impatiens possuem uma característica peculiar: uma de suas sépalas foi transformada em um nectário longo e tubiforme, denominado espora (ou calcar), produzindo e armazenando néctar, com intuito de atrair polinizadores. Seu fruto é tipo cápsula fusiforme, carnoso e deiscente, com pequenas sementes marrons.
O fácil crescimento da Impatiens é responsável por um de seus nomes populares, maria-sem-vergonha, responsável também pela sua desvalorização no mercado de flores, gerando a busca por cultivares de cores diferentes e mais atraentes. Hoje em dia, a Impatiens walleriana possui dezenas de cultivares, de inúmeras cores e que florescem praticamente o ano todo, sendo muito usada na composição de jardins, formando canteiros multicoloridos, com efeito visual muito atraente. Apesar da sua origem africana, sua ampla utilização ornamental, alta capacidade reprodutiva e fácil adaptação às condições ambientais das regiões sul e sudeste brasileiras, principalmente, acabaram por transformá-la em uma planta invasora, muitas vezes daninha, por crescer em áreas agrícolas e apresentar alta atividade alelopática inibidora.
Suas propriedades terapêuticas já eram conhecidas na medicina Unani (de origem persa) e na Ayurveda (de origem indiana), sendo usada até os dias de hoje. A planta inteira é utilizada como emético, diurético e catártico. Suas folhas e caules triturados são utilizados como cataplasma, em feridas e queimaduras. Possui ainda aplicações contra dores de garganta, tosse e asma. Suas folhas e raízes secas, no entanto, devem ser administradas com cuidado, pois possuem propriedades abortivas.
Embora poucos saibam, a Impatiens walleriana é uma PANC: suas flores são comestíveis, podendo ser consumidas cruas ou após cozimento, sendo utilizadas em saladas e bebidas. Suas folhas devem ser evitadas, pois possuem ráfides de oxalato de cálcio que podem ferir a boca. Suas sementes também são consumidas, cruas ou torradas, sendo usadas em pães ou saladas.
O nome do gênero, Impatiens, é derivado do latim e significa impaciente, uma referência à deiscência repentina, violenta e explosiva de seu fruto: ao amadurecer, o fruto se rompe, de modo bastante intenso, como um "beijo", liberando inúmeras sementes pequenas de coloração amarronzada, lançando-as para longe. Basta um leve toque para que o fruto se rompa bruscamente, vindo daí um outro nome popular pelo qual a Impatiens é conhecida: não-me-toques. Já seu epíteto específico, walleriana, é uma homenagem ao inglês Horace Waller (1833-1896), missionário, escritor e ativista político anti-escravagista, que trabalhou na África Central e lá realizou inúmeras coletas de espécimes botânicos e zoológicos, colaborando com o inventário da biodiversidade daquele local, pouco conhecida e acessível na época.
Hoje em dia, a Impatiens está presente no mundo todo, enfeitando jardins, colorindo paisagens e invadindo outros espaços... Por mais que seu nome popular diga não-me-toques, a grande ironia é seu nome em latim: Impatiens... Essa plantinha de aspecto tão atrativo e de dispersão tão pitoresca, está impaciente para ser tocada para, finalmente, explodir num beijo.
Autoria: Aíres Vanessa Cavalcante dos Santos e Sandra Zorat Cordeiro (2020)
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