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Rosa chinensis Jacq.

Família: ROSACEAE

Nome científico: Rosa chinensis Jacq.

Nome popular: rosa-de-cacho, mini-rosa

 

Rosa chinensis - Canto das Flores 4

Rosa chinensis - Canto das Flores 1

Rosa chinensis - Canto das Flores 5

Fotos: Ricardo Cardoso Antonio

Rosa chinensis - Canto das Flores 3

Rosa chinensis - Canto das Flores 2

Rosa chinensis - Canto das Flores 6

Fotos: Sandra Zorat Cordeiro e Gilson Fagundes da Rocha

Barra exsicata

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Rosa chinensis - Exsicata

Foto: Matheus Gimenez Guasti

Barra verde - características

Originária da Ásia e cultivada primeiramente na China, há quase 5000 anos, a Rosa chinensis é apenas uma dentre as mais de 150 espécies do gênero Rosa, pertencente à família Rosaceae, chamada simplesmente de rosa, a flor mais popular, conhecida e vendida em todo o mundo. Aclamada a Rainha das Flores, a beleza da rosa é celebrada em todas as ocasiões e a essência de suas flores é a mais inspiradora e a mais presente na composição de aromas e perfumes.

A Rosa chinensis é uma das rosas mais cultivadas e mais populares em todo o mundo, com incontáveis variedades e cultivares, obtidos a partir de cruzamentos e melhoramento genético, sendo parental em grande parte das rosas comercializadas hoje em dia. Conhecida popularmente como rosa-de-cacho, atingindo até 1,5 m de altura, esta espécie se apresenta como um arbusto perene, lenhoso, bastante ramificado, com acúleos em forma de gancho no seu caule, popular e erroneamente chamados de espinhos. Possui filotaxia alterna, folhas compostas, pinadas, com estípulas delgadas. Seus folíolos são glabroselípticos, com ápice agudo e base obtusa, possuem borda serrilhada e nervuras suaves, porém visíveis. Na sua forma selvagem1, a Rosa chinensis possui solitárias flores vermelhas, diferente das formas cultivadas, cujas flores, além de apresentarem cores diversas, podem também estar em inflorescências tipo corimbo. As flores da rosa selvagempossuem, originalmente, cinco sépalas, cinco pétalas vermelhas e inúmeros estames circundando os estigmas ao centro, sendo bem diferente das rosas cultivadas e comumente encontradas hoje em dia, que possuem dezenas de pétalas. Esta modificação ocorreu artificialmente, para que se tornassem mais ornamentais e mais perfumadas, pois suas pétalas contêm óleos essenciais muito aromáticos. Seu fruto é tipo aquênio, com uma semente cada, formados dentro de um pseudofruto característico das rosas, o cinorródio, de cores vibrantes, como vermelho ou laranja, atraindo polinizadores.

Além de seu uso ornamental, a Rosa chinensis possui inúmeras aplicações: as suas propriedades terapêuticas são conhecidas pela medicina tradicional há milênios. Na China, suas flores são empregadas para o tratamento de cólicas menstruais, sendo ainda conhecidos seus benefícios contra enxaqueca, problemas estomacais e de tireoide; estudos científicos comprovaram ainda sua alta capacidade antioxidante, antisséptica, diurética e fungicida. A mini-rosa é também uma PANC, onde apenas suas flores são comestíveis: as suas pétalas são usadas para a elaboração de bebidas (como águas aromatizadas, chás, sucos, coquetéis e licores), geleias, sorvetes e saladas, sendo, nesta última opção, consumida in natura ou na forma cristalizada. Extratos de suas pétalas são usados, há séculos, na fabricação de perfumes, cosméticos, águas de rosas e aromas para ambientes. O nome do gêneroRosa, originou-se do grego ροζ (roz), derivado do celta, rhodd ou rhudd, que significa vermelho. O epíteto específicochinensis, refere-se à China, seu local de origem.

As rosas são as flores mais presentes no imaginário popular e as que têm maior simbolismo cultural em todo o mundo. Possuem centenas de histórias sobre seus usos, sua fragrância, suas propriedades ritualísticas e, principalmente, sua beleza, considerada incomparável entre as demais flores. Assim, neste texto, optou-se por apenas citar algumas dentre as centenas de histórias que envolvem a rosa (Rosa sp. e não apenas a Rosa chinensis), abordando passagens curiosas da sua riquíssima simbologia.

Os registros mais antigos acerca do cultivo de rosas (englobando-se aí espécies, variedades e cultivares) remontam a quase 3000 a.C., na China. Há ainda registros da presença de rosas nos antigos jardins do Egito, Pérsia e Babilônia, e nos contos da mitologia hindu e greco-romana. As rosas foram trazidas ao Brasil pelos jesuítas, em meados do século XVI, sendo cultivadas na antiga Vila de Piratininga (atual cidade de São Paulo) e utilizadas em cerimônias religiosas; seu plantio em jardins públicos ocorreu apenas a partir do século XVIII.

Na mitologia greco-romana, as rosas eram dedicadas à Eos (Aurora), deusa do amanhecer, simbolizando a juventude, à Afrodite (Vênus), a deusa do amor e da beleza, e a Eros (Cupido), simbolizando o perigo e fugacidade do amor - seria uma possível alusão aos seus acúleos e à brevidade das flores, respectivamente? Acreditava-se que as rosas eram, originalmente, de cor branca, mas tinham sido manchadas com o sangue de Afrodite, ao proteger Apolo (deus da luz), da ira de Ares (deus da guerra), tornando-se, então, vermelhas. O título de Rainha das Flores foi dado por uma mulher, a grega Sappho, uma poeta lírica, conhecida como a "Décima Musa" ou "A Poetisa", em torno de 600 d.C. 

Na Grécia Antiga, a rosa era ainda associada a Harpócrates, o deus do silêncio, que a recebeu de Eros, numa tentativa deste conseguir o silêncio do primeiro em relação às indiscrições amorosas de sua mãe, Afrodite. Desde então, as rosas receberam uma conotação de sigilo: uma rosa suspensa a partir do teto de uma sala, indicava que o que fora dito ali deveria ser mantido em segredo. Esta tradição, que foi intensificada na Idade Média e perdura, simbolicamente, até hoje, gerou a expressão latina "sub rosa", conhecida em inglês como "under the rose" ("sob a rosa" em português). Não é à toa que imagens de rosas estilizadas são encontradas, frequentemente, em confessionários. Em locais de banquete, as rosas eram sempre colocadas no alto, como um lembrete: o que fora dito sob a influência do vinho (sub vino) deveria permanecer em segredo (sub rosa). Por ser uma expressão muito comum no hemisfério norte, existem muitas referências a esta simbologia3, além de músicas em alusão a essa tradição de silêncio4

As rosas eram também consideradas um símbolo de honra e triunfo, assim, os imperadores romanos permitiam que seus generais vitoriosos ornamentassem seus escudos com uma rosa forjada. Esta prática existe até hoje entre nobres casas europeias: ao invés de usar a rosa num escudo metálico, ela passou a ornar os tradicionais  brasões de família. 

No Cristianismo, a rosa possui fortes atributos que se manifestam até hoje: enquanto a rosa branca inspira pureza, a vermelha simboliza o martírio de Jesus; enquanto os acúleos lembram ao homem seus pecados e desgraça, a sua beleza e fragrância remetem-no ao seu tempo no Paraíso. As rosas também refletem a pureza e santidade da Virgem Maria (em alusão à concepção de Jesus) e sua devoção está vinculada ao Rosário, um cordão de contas interligadas, onde cada uma representa uma oração. Seu nome significa "jardim de rosas" pois, antigamente, cada uma das contas era um pseudofruto da conhecida rosa mosqueta (Rosa rubiginosa); além disso, acredita-se que cada Ave-Maria rezada carrega uma saudação mística, simbolizada por uma rosa. Na Igreja Católica, rosas forjadas em ouro eram consagradas pelos papas e dadas como um raro presente a monarcas, simbolizando uma benção, uma mesura ou o pedido de grande favor. Esta tradição perdura até hoje e Rosas de Ouro são oferecidas a governos, instituições, pessoas ilustres ou cidades que demonstram lealdade à Igreja Católica. A Princesa Isabel é a única brasileira que recebeu uma, por ocasião da assinatura da Lei Áurea, em 1888. A última Rosa de Ouro dada pelo papa Francisco foi em 2017, ao Santuário de Nossa Senhora Aparecida, que já possui outras duas, recebidas em 1967 e 2007.

Nas religiões de matriz africana, como o Candomblé e a Umbanda, as rosas possuem associação com determinados orixás e entidades espirituais, respectivamente, de acordo com a cor de suas pétalas. São também empregadas nos benzimentos e nos chamados banhos de rosas, onde, mais uma vez, a cor serve como indicativo da sua finalidade. As rosas ainda estão presentes em todos os rituais de celebração: nascimento, aniversário, formatura, namoro, noivado, casamento e morte, fazendo parte do imaginário popular, onde as diferentes cores de rosas têm significados distintos, cada um representando a intenção de quem as presenteia para com quem as recebe.

Em todo o mundo, as rosas servem como inspiração artística e cultural, seja erudita ou popular: são infinitas as obrasfeitas por inspiração, alusão ou devoção a sua beleza, como músicas, pinturas, desenhos, poesias, livros, esculturas ou fotografias. Reza a lenda que, numa apuração de Desfiles de Escola de Samba no Carnaval do Rio de Janeiro, um dos jurados justificou sua nota baixa à Estação Primeira de Mangueira, tradicional escola do carnaval carioca, dizendo que as cores verde e rosa "não combinavam"... Cartola, o sambista e compositor, o idealizador da combinação destas cores como símbolo da escola, e autor, dentre outras, da icônica "As rosas não falam", mostrou sua discordância sem palavras, apenas entregando, ao jurado, uma rosa... 

Símbolo máximo do amor e da paixão, com certeza, cada um de nós tem alguma memória ou história sobre rosas, sejam elas presenteadas, recebidas, desejadas ou, até mesmo, tatuadas... 

Autoria: Sandra Zorat Cordeiro (2020)

Rosa chinensis - Obra princeps

1 - Rosa chinesis na sua Obra princepsJacquin, N.J. von, Observationum botanicarum, vol. 3: t. 55. (1768). 

Rosa chinensis - ilustração

2 - Rosa chinensis em publicação de Edwards, S.T., Botanical Register, vol. 7: t. 538 (1815)

Thomas Murner - Schelmenzunft

3 - Frontispício e imagem do livro Schelmenzunft, de Thomas Murner, de 1514, indicando a sub rosa

4 - Para conhecer as músicas relacionadas à sub rosa, é só clicar em:

 

 5 - Para conhecer a arte por trás da admiração, é só clicar em:

 

Barra verde - referências bibliográficas

Barbieri, R.L.; Stumpf, E.R.T. Origem evolução e história das rosas cultivadas. Revista Brasileira de Agrociências, Pelotas, v. 11, n. 3, p. 267-271, 2005.

Bussi, C.M.C. Uma revisão sobre os efeitos benéficos de fitoquímicos presentes em flores comestíveis. Revista Brasileira de Nutrição Funcional. Disponível em: https://www.vponline.com.br/portal/noticia/pdf/ccaab5e08561db9f846d744c9728c889.pdf. Acesso: 02 Jun. 2020.

Ferguson, G.W. Signs & Simbols in Christian Art. Oxford: Oxford Press University. 1961. 

GBIF - Global Biodiversity Information Facility. Rosa chinensis Jacq. Disponível em: https://www.gbif.org/pt/species/3005039. Acesso em 27 Mai. 2020.

Jacquin, N.J, Baron von. Observationum botanicarum iconibus ab auctore delineatis illustratarum. Pars III. Vindobonae: Ex officina Krausiana (Typis Josephi Kurzböck, Universitatis Typographi). 1768.

Lindley, J. Rosarum Monographia or A Botanical History of RosesTo which is Added, an Appendix, for the Use of Cultivators, in which the Most Remarkable Garden Varieties are Systematically Arrange. London:James Ridgway. 1820.  

Lopes, R.K.; Ritter, M.R.; Rates, S.M.K. Revisão das atividades biológicas e toxicidade das plantas ornamentais mais utilizadas no Rio Grande do Sul, Brasil. Revista Brasileira de Biociências, v. 7, n. 3, p. 305-315. 2009.

Willmott, E. A. The genus Rosa. Vol. I, part. V. London: John Murray, 1911. 

Yan, H.; Zhang, H.; Wang Q.; Jian, H.; Qiu, X.; Baudino, S.; Just, J.; Raimund, O.; Gu, L.; Wang, J.; Bendahmane, M.; Tang, K. The Rosa chinensis cv. Viridiflora Phyllody Phenotype Is Associated with Misexpression of Flower Organ Identity Genes. Frontiers in Plant Science, v. 7, n. 996, 2016.

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