UNIRIO sediou lançamento da Iniciativa Brasil Haiti
A Iniciativa Brasil Haiti, uma rede criada para fomentar projetos de cooperação acadêmica entre instituições brasileiras e haitianas, foi lançada nesta terça-feira (8), no Auditório Tércio Pacitti da UNIRIO. O objetivo é trazer a público as reflexões produzidas pela academia brasileira sobre o Haiti em conjunto com os intelectuais haitianos, além de sugerir uma pauta de ações conjuntas no âmbito da cooperação acadêmica bilateral.
O projeto conta com a participação de pesquisadores da UNIRIO, da Universidade do Estado do Haiti, da Universidade Quisqueya (Haiti), do Centro Cultural Brasil-Haiti, da Universidade Federal de Rondônia e da Universidade Federal da Integração Latinoamericana. Participam ainda integrantes do veículo de comunicação LatinoAmérica 2, da Escola Crítica de Relações Internacionais e do Instituto Maria Quitéria, além de alunos que fizeram intercâmbio para o Haiti por meio do edital Abdias Nascimento, lançado pelo Ministério da Educação.
Representando a gestão da UNIRIO, a mesa de abertura do evento contou com as presenças da vice-reitora, Bruna Nascimento, e da coordenadora de Relações Internacionais, Vanessa Teixeira de Oliveira. "Queremos dar maior visibilidade e promover ainda mais iniciativas como essa", disse Vanessa, durante as saudações iniciais.
A mesa contou ainda com Celso Sanchez, coordenador do Geasur; Renata de Melo Rosa, do Instituto Maria Quitéria; Marília Pimentel, pró-reitora de Cultura, Extensão e Assuntos Estudantis da Universidade de Rondônia (Unir); e Geraldo Cotinguiba, diretor de Ensino do Campus Zona Norte do Instituto Federal de Rondônia (Ifro). Vogly Pongnon, chefe do Departamento de Sociologia e Antropologia da Universidade do Estado do Haiti, participou por videoconferência.
Segundo Renata de Melo Rosa, as conversas para a criação da Iniciativa já acontecem há quase dois anos. Ela destacou a necessidade de modificar a relação existente atualmente entre os dois países. "Não se trata de uma questão humanitária enviando soldados, mas sim professores, fortalecendo a cultura", ressaltou Renata. Celso Sanchez, por sua vez, valorizou o fato de terem conseguido formalizar a Iniciativa. "Não é fácil montar uma rede de pesquisadores, ainda mais quando o tema é o Haiti", disse ele.
Marília Pimentel deu ênfase à necessidade de desconstruir a ideia de que trocas intelectuais só podem ser feitas com países do norte global. "Precisamos pensar na riqueza cultural do Haiti, aproveitar os grandes intelectuais haitianos, enxergar o país de outra maneira", explicou. Segundo ela, a participação da academia é fundamental para que esta relação mude. "A Universidade Federal de Rondônia, enquanto eu era responsável pela coordenação das relações internacionais, firmou dois acordos de cooperação com o Haiti. A gente precisa se integrar enquanto Brasil e difundir o conceito de Amazônia caribenha", disse.
Para Geraldo Cotinguiba, boa parte da academia brasileira ainda acredita que não temos nada que aprender com o Haiti - o que ele caracteriza como um pensamento racista. "Existem muitas formas de racismo. O racismo epistêmico é uma delas", pontuou ele. Na visão de Maria Villarreal, o lançamento da Iniciativa é fundamental para melhorar essa relação. "Estamos pensando junto com o Haiti e não sobre o Haiti. Várias outras crises humanitárias estão acontecendo agora na América Latina e as universidades precisam se colocar como partícipes de soluções dialogadas coletivamente", finalizou ela.
Após a mesa de abertura, o evento prosseguiu com conferências que debateram vários aspectos da situação sociopolítica haitiana.