UNIRIO realiza Seminário Estratégico de Gestão da Reitoria para planejar o próximo biênio
Foi realizado, entre 10 e 12 de abril, o primeiro Seminário Estratégico de Gestão da Reitoria da UNIRIO, em Miguel Pereira. Participaram 30 pessoas envolvidas em cargos de direção e funções na gestão central, nas sete pró-reitorias e nas coordenadorias e órgãos suplementares, que refletiram sobre os caminhos para o próximo biênio. É a primeira vez que a Universidade realiza uma atividade deste porte. Durante a gestão da reitora Malvina Tuttmann (2004-2011) havia sido realizado algo semelhante, em 2010, mas com um objetivo delimitado, voltado especificamente para a busca de uma mudança integrada do estatuto e do regimento da UNIRIO.
O evento inédito foi aberto com fala do reitor José da Costa Filho, apresentando sua visão de Universidade. Da Costa observou, em uma reflexão que partiu da discussão de O autor como produtor, de Walter Benjamin, e de Cultura Brasileira e Identidade Nacional, de Renato Ortiz, que a Universidade é uma engrenagem dada, e que a gestão precisa se encaixar nela e fazê-la funcionar da melhor forma possível, mas, ao mesmo tempo, é preciso ir além disso, não se limitar a uma posição tecnocrática, e promover a transformação.
“Eu acho que podemos nos perguntar, nós intelectuais e trabalhadores da educação que estamos inseridos num determinado meio de produção muito fixado e congelado por uma série de normativas e avaliado de uma série de formas, como lidamos com isso. No calor das nossas obrigações do dia a dia, em geral nem refletimos sobre isso. É complexo o esforço de pensar a nossa estrutura como meio de produção e também nos debruçarmos sobre a tarefa de pensar a cultura, a inteligência, as dinâmicas que se dão na vida universitária como subjetividade coletiva, na qual, se por um lado há uma dimensão de aprisionamento pelo pensamento dominante, por outro há a possibilidade de manifestações de liberdade”, refletiu o reitor.
Em seguida, a assessora Nadine Borges e o coordenador de Comunicação Social, Guilherme Simões Reis, fizeram análises de conjuntura, em que ambos destacaram a fase atual do capitalismo, o avanço da extrema direita e da precarização do trabalho, e a privatização do ensino. Os dois concluíram, então, que é grande o desafio para a universidade pública, que no entanto, ainda assim, é lugar de resistência. O primeiro dia do evento se encerrou com ampla discussão em roda entre todos os presentes após as falas iniciais.
Reflexões sobre o futuro
No segundo dia, as atividades se iniciaram com uma reflexão de cada um dos participantes sobre como imaginava a UNIRIO daqui a dez anos. Após uma sistematização dos pontos levantados, foi feita a discussão sobre os desafios internos e externos que são obstáculos na caminhada para alcançar a utopia desejada. Nessa sessão, Clayton Franco Ribeiro, gerente de Controle Orçamentário da Pró-Reitoria de Administração (Proad), deu um exemplo do poder transformador e de como projetos de extensão extrapolam as paredes da Universidade: ele contou a história de um traficante que, após fazer um curso profissionalizante de um projeto interinstitucional para se tornar barbeiro, abriu sua própria barbearia e abandonou o crime, emocionando todos os presentes.
Em seguida, a vice-reitora Bruna Nascimento e o pró-reitor de Planejamento, Sidney Lucena, fizeram apresentações. Bruna mostrou dados sobre o quanto foi concretizado do plano de gestão publicizado durante a campanha eleitoral para a Reitoria. Ela diagnosticou o que foi atingido nos primeiros dois anos da gestão bem acima da metade das metas pretendidas. Bruna destacou, entre outros pontos, a assistência estudantil, com os ajustes das bolsas e a verba adicional para custeio do restaurante universitário, e a enorme melhoria e maior engajamento da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proexc) no período. Na sequência, Sidney apresentou muitas evoluções realizadas nesta gestão, mas também vários desafios de planejamento que ainda precisam ser enfrentados.
“Na história recente da UNIRIO, não havia, efetivamente, um planejamento orçamentário apoiado em bases realistas, que pudesse ser ajustado conforme o monitoramento da respectiva execução orçamentária e que fosse apresentado de forma didática para a comunidade, visando a um diálogo participativo. Também na linha do desenvolvimento institucional, ainda precisamos de um setor que efetivamente se dedique a isso, buscando propor melhorias na estrutura organizacional da Universidade e no seu modo de funcionar. Não é à toa que nosso regimento geral está defasado, sendo o mesmo há 43 anos. Com relação ao PDI [Plano de Desenvolvimento Institucional], que é um dos documentos mais importantes de uma instituição, em geral ele é muito visto de forma burocrática e construído de modo desagregado. Além disso, comitês e comissões responsáveis por alguns planos são muito inchados, e isso torna difícil a participação efetiva de todos”, exemplificou o pró-reitor, apontando questões que ainda precisam ser melhoradas na Universidade.
Na parte da tarde, as pró-reitorias, coordenadorias e órgãos suplementares apresentaram algumas metas para o próximo biênio que contribuam para uma UNIRIO mais popular e democrática. Os pró-reitores Cleonice Bento (Pós-Graduação, Pesquisa e Inovação, PROPGPI), Luana Aquino (Graduação, Prograd), Gustavo Naves Franco (Assuntos Estudantis, Prae), Paola Orcades Meirelles (Gestão de Pessoas, Progepe), Jeremias Garcia (Administração, Proad) e Sidney Lucena (Planejamento, Proplan) apresentaram suas metas.
Pela Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proexc), o pró-reitor Vicente Nepomuceno, que organizou o seminário, apresentou juntamente com os diretores de Cultura e de Extensão, Camila Moraes e Rodolfo Noronha. A coordenadora do Núcleo Institucional de Projetos (Nuinp), Nadine Borges, fez sua apresentação junto com dois membros de sua a equipe operacional, Anderson Contieri e Bernardo Isídio de Oliveira. Os coordenadores de Comunicação Social (Comso), Guilherme Simões Reis, Educação a Distância (Cead), Leonardo Villela de Castro, e Relações Internacionais e Interinstitucionais (CRI), Vanessa Teixeira de Oliveira, apresentaram as metas de cada coordenadoria. A Biblioteca Central teve a apresentação de sua diretora, Ana Carolina Carvalho Petrone, e o Hospital Universitário (HUGG), do gerente de Ensino e Pesquisa, Daniel Aragão.
Melhorias avançam no último semestre
Ao fim das apresentações, o reitor Da Costa destacou particularmente o quanto as interações entre os vários setores da equipe melhoraram e as mudanças na Universidade se aceleraram particularmente neste último semestre. “Foi muito bom pensarmos a UNIRIO nos próximos dois anos, e nos próximos dez anos, mas as transformações já estão acontecendo. Sinto uma alegria com este seminário e percebo que todos vocês têm muita consciência da tarefa republicana que temos em nossas mãos. Quem puxa o sonho é quem puxa este seminário. As colaborações para as sistematizações futuras em decorrência do impulso do sonho são fundamentais, é preciso organizar e é preciso ter a meta, mas é o impulso do sonho que vem antes. Precisamos saber o que queremos. Para não sermos tecnocráticos, é preciso sermos solidários internamente e podermos sonhar coletivamente”, avaliou o reitor.
O evento se encerrou no final da manhã de sábado, com as últimas sistematizações e destaques sobre o que foi discutido, e observações sobre as apresentações da véspera. Foi mencionado que o seminário estratégico de gestão deveria se repetir outras vezes, ao invés de ser um evento único, e sua importância foi consensual entre todos os participantes. Entre os pontos mais enfatizados nas falas estiveram: cuidado e permanência dos estudantes; eficiência e simplificação dos processos administrativos; valorização da excelência e combate ao “complexo de vira-lata”; inovação e fortalecimento de redes externas e internas; comunicação institucional articulada e de qualidade; acolhimento, especialmente aos técnicos e trabalhadores da Universidade; e planejamento orçamentário participativo.