UNIRIO promove lançamento oficial do Projeto 'Acervo Nosso Sagrado'
A UNIRIO, em parceria com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e com o Grupo de Gestão Compartilhada do Acervo Nosso Sagrado, realizará o Lançamento Oficial e a Aula Inaugural do Projeto “Acervo Nosso Sagrado: pesquisa, identificação, reconhecimento e gestão participativa de acervo religioso afro-brasileiro".
O evento acontecerá no dia 31 de março, às 15h, no Auditório Vera Janacópulos, na UNIRIO, e contará com a presença de lideranças religiosas e de parceiros do Projeto.
O Projeto tem como objetivo a produção de um dossiê que irá subsidiar a rerratificação do tombamento, pelo IPHAN, de um conjunto de 519 objetos sagrados de matriz africana que compõem o acervo. A iniciativa marca o início de uma nova etapa de reparação histórica para as comunidades tradicionais de terreiros. Entre as ações previstas, destaca-se a renomeação de todas as peças da coleção sagrada, apreendidas pela polícia entre 1890 e 1946, no Rio de Janeiro.
A participação no evento é aberta ao público e não requer inscrição prévia.
O Auditório Vera Janacópulos está localizado na Avenida Pasteur, 296, térreo do prédio da Escola de Nutrição, Urca.
Sobre o Projeto
O Projeto “Acervo Nosso Sagrado: pesquisa, identificação, reconhecimento e gestão participativa de acervo religioso afro-brasileiro” é fruto da parceria entre o Grupo de Gestão Compartilhada do Acervo Nosso Sagrado, a UNIRIO e o IPHAN.
O objetivo central do Projeto é realizar uma pesquisa aprofundada sobre o Acervo Nosso Sagrado, parte do qual foi tombado pelo IPHAN em 1938 (processo de tombamento 035-T-38) e atualmente está sob a guarda do Museu da República. A pesquisa resultará na produção de um dossiê que fornecerá subsídios técnicos ao IPHAN para a instrução do processo de rerratificação do tombamento (processo SEI 01500.900458/2017-49). Além disso, o Projeto prevê ações voltadas para a preservação, pesquisa, documentação, comunicação, divulgação e valorização do acervo, em articulação com o Grupo de Gestão Compartilhada, com atividades previstas até 2026.
O Acervo Nosso Sagrado é composto por 519 objetos sagrados, dos quais 126 foram tombados pelo IPHAN em 1938, e possui enorme significado para os praticantes das religiões de matriz africana. Esses objetos foram confiscados em ações policiais realizadas em terreiros de Candomblé e Umbanda no Rio de Janeiro, entre 1890 e 1946. Essas incursões, motivadas por práticas racistas da época, criminalizavam as religiões afro-brasileiras ao associá-las ao curandeirismo, charlatanismo e ao chamado “baixo espiritismo”. Como resultado, rituais eram interrompidos, praticantes eram detidos e seus objetos litúrgicos eram apreendidos como "provas do crime".
Após uma longa mobilização das comunidades tradicionais de terreiros, liderada pela iyalorixá do Ilê Omolu Oxum, Mãe Meninazinha de Oxum, o acervo — até então denominado “Coleção Museu da Magia Negra” — foi transferido para o Museu da República em 21 de setembro de 2020, em um gesto de reparação, atendendo à solicitação do Grupo de Gestão Compartilhada. Em março de 2023, o nome da coleção foi oficialmente alterado para Acervo Nosso Sagrado no livro de tombo do IPHAN, atendendo ao pleito das lideranças religiosas.