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‘Turistas visitam a favela para entender realidade brasileira’, diz professora da USP Bianca Freire-Medeiros

por comunicacao — publicado 13/12/2017 10h15, última modificação 15/12/2017 08h14
Docente participou do I Seminário do Observatório do Turismo em Favelas, realizado na última segunda-feira, no Auditório Tércio Pacitti

"Quando o gringo vai à favela, isso é visto como criativo, rústico e cool". A descrição foi feita pela pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP) Bianca Freire-Medeiros, no I Seminário do Observatório do Turismo em Favelas, realizado na tarde da última segunda-feira, no Auditório Tércio Pacitti. Após a palestra, a professora do curso de Turismo da UNIRIO Camila Moraes apresentou um panorama sobre as pesquisas na área.

Docente do Departamento de Sociologia da USP e coordenadora do UrbanData - Brasil: Banco de dados sobre o Brasil Urbano, Bianca revelou que seu interesse pelo tema surgiu quando ainda era professora visitante da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), no período entre 2003 e 2005. “Vivi um tempo nos Estados Unidos, voltei e fui morar na Gávea, onde eu via os jeeps passando”, contou. Naquela época, ela relacionava o turismo em favela somente aos controversos jeeps tours, pois era essa “a imagem divulgada pela mídia e associada ao safári”.

Ao se aprofundar no assunto, a pesquisadora se deparou com um mercado grande e bem estabelecido, já naquela época, com variada gama de atividades turísticas. Também observou que o mesmo fenômeno ocorria simultaneamente na África do Sul. “Depois do fim do Apartheid, nos anos 90, as townships se abriram à visitação”, apontou. Apesar dos paralelos, há uma singularidade que faz diferença: o inglês é uma das línguas locais, o que, de acordo com ela, “estabelece um outro tipo de interação entre visitantes e visitados”.

Segundo a palestrante, no Brasil, esse tipo de turismo teve início na favela da Rocinha, na Zona Sul do Rio de Janeiro, e, com o tempo, se espalhou para diversos outros territórios. “Se a mídia interna associa tanto a favela à pobreza e violência, como foi possível construir esse mercado turístico?”, questionou. “O pensamento é de que, ao sair de Copacabana e Ipanema e ir para a favela, será possível entender como o Brasil é realmente”.

Objeto de pesquisa

A professora Camila Moraes, Coordenadora do Programa TurisData-RJ, apresentou o relatório 15 anos de pesquisa sobre turismo em Favelas no Brasil e no Mundo. Segundo ela, há mais de 100 publicações feitas por pesquisadores brasileiros sobre o tema, em português e inglês, que se distribuem em artigos, dissertações, teses, livros e capítulos de livros.

A Rocinha é a favela mais pesquisada, tendo se tornado a “paradigmática favela turística”. Em segundo lugar vem o Morro Santa Marta, primeira comunidade pacificada, demarcada pela Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) e pelo RioTopTour. Entre os temas mais pesquisados na área, estão as UPPs, obras de mobilidade urbana – como o Bondinho no Morro do Alemão e o elevador panorâmico no Cantagalo – e o projeto Morar Carioca.

De acordo com Camila, esse tipo de iniciativa também está ligado a projetos politicamente orientados. “O poder público tendia a ignorar ou usar argumentos no sentido de que isso não podia acontecer”, observou. “A partir dos Jogos Pan-Americanos, em 2007, o governo passou a reconhecer que já não dava mais para controlar o turismo em favelas, incorporando-o à narrativa turística”. Com os megaeventos, a imagem do Brasil no exterior passou a ser samba, praia, futebol – e favela.

A maior parte dos turistas vem da Europa. Segundo a professora, um dos desafios é convencer o turista a gastar mais no território visitado. “Eles são dissuadidos, por exemplo, de comer na favela”, revelou. Não por acaso, os estudos apontam que quem lucra com esse tipo de ação são as pessoas e organizações diretamente ligadas à atividade turística, e não a comunidade. “O turismo passou a ser visto como fator de desenvolvimento local, mas isso não se comprova nas pesquisas”, ressaltou.

Outros efeitos foram a transformação da favela em marca e mercadoria, a ressignificação do território e acirrada disputa do espaço por investidores.

O seminário foi organizado pelo Observatório do Turismo em Favelas e pelo Programa TurisData-RJ, da UNIRIO, em parceria com o UrbanData-Brasil, da USP.

Da esquerda para a direita: alunos de Turismo da UNIRIO Gean Falero e Germana Moreira; Camila Moraes e Bianca Freire-Medeiros (Foto: Comso)


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