Sessão conjunta do Consuni e do Consepe é suspensa devido a invasão do palco, com microfone arrancado da mão do reitor
A sessão conjunta dos Conselhos Superiores realizada ontem (5) foi suspensa quando algumas pessoas invadiram o palco do Auditório Vera Janacópulos, onde estava sendo presidida a reunião, e o microfone foi arrancado violentamente da mão do reitor José da Costa Filho, no momento em que ele colocaria em votação, pelos conselheiros, estes dois encaminhamentos, ambos sugeridos por frações dos presentes: a votação imediata para decidir pela fusão do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle (HUGG) com o Hospital Federal dos Servidores do Estado (HFSE), por considerarem os conselheiros já esclarecidos, após dez falas com opiniões variadas e representativas de todos os três segmentos terem sido apresentadas ao microfone, ou abrir espaço para mais 22 pessoas exporem ao microfone a sua opinião.
Dada a inviabilidade de se prosseguir a sessão, com o palco ocupado aos gritos de “Não vai votar”, e mesmo a segurança dos presentes não podendo ser assegurada, a reunião foi suspensa, prosseguindo na próxima terça-feira, 10 de junho, às 9h30, pela plataforma Zoom, de modo a garantir que os conselheiros possam tomar sua decisão sem ameaças e interrupções truculentas. A continuação da sessão será transmitida ao vivo pelo canal da Universidade no YouTube.
A sessão foi turbulenta desde o início pela manhã. Após atraso por problemas técnicos para assegurar sua transmissão ao vivo no canal do YouTube, houve demora na votação da pauta. Segundo alguns conselheiros expuseram ao microfone, setores contrários à incorporação do HFSE ao patrimônio da UNIRIO usaram ao longo de toda a sessão táticas de protelação das votações, como contínuos pedidos de esclarecimento, de encaminhamentos e questões de ordem que, na maioria das vezes, não se enquadravam nessas categorias, sendo fundamentalmente manifestações de opinião, emitidas fora do momento reservado para isso.
O auditório estava lotado, inclusive com presença expressiva de pessoas externas. Apesar de não apenas ter sido permitida a presença dessas pessoas externas não convidadas, o que não ocorre nos conselhos universitários de todas as universidades, como de terem inclusive sido acolhidas as inscrições de fala delas, assim como de membros da comunidade da UNIRIO que não são conselheiros, a sessão foi marcada pelo desrespeito às manifestações dos conselheiros eleitos ou natos do Conselho Universitário (Consuni) e do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe). Estes foram hostilizados e interrompidos em suas falas, não só por gritos como até mesmo pelo uso de megafones. Foi recorrente em algumas falas a menção a suposta falta de espaços de debate na Universidade, a despeito das quatro audiências públicas realizadas sobre a questão e da pesquisa qualitativa aberta a todos os servidores e discentes.
A pauta foi aprovada e Sidney Lucena fez a relatoria
A votação da pauta só pôde acontecer quando já havia decorrido uma hora e vinte e cinco minutos da sessão. Sessenta e nove conselheiros aprovaram a pauta proposta pela Reitoria, contra 32 votos para a proposta alternativa – que mudaria a ordem de votação – e uma abstenção. Apenas 25 minutos depois foi possível ao pró-reitor de Planejamento, Sidney Lucena, realizar sua relatoria sobre o ponto de pauta, com uma apresentação com cerca de 20 slides, em que contextualizou a proposta, dados sobre o comparativo das áreas úteis e a estrutura do HFSE e do HUGG, o perfil assistencial do novo hospital universitário a partir das obras de adequação custeadas pela Ebserh, o período de transição, as perspectivas para a UNIRIO (incluindo dois diferentes planos que vêm sendo estudados, ambos contendo alternativas para solucionar o problema do Instituto Biomédico e as ideias de ocupação do HUGG, bem como os investimentos para a adequação), estratégias para sustentabilidade financeira, mapa de riscos e oportunidades.
Sidney mencionou ainda os vários espaços em que esses pontos foram apresentados anteriormente, como as audiências públicas, as Câmaras de Graduação e Pós-Graduação, conselhos de Centro e colegiados de cursos, esclarecendo ainda o funcionamento do sistema de regulação (Sisreg) e por que não faz sentido se dizer que haveria redução de vagas de atendimento no município. No momento da apresentação, ocorreu nítido esvaziamento do auditório.
Após as explicações de Sidney, o reitor Da Costa se pronunciou: “Tenho convicção absoluta de que fizemos o esforço mais genuíno de discussão na comunidade universitária, de acolhimento de angústias, inquietações e questionamentos de todo tipo, e de autorreflexão permanente de nossas posições, sem medo de nos vulnerabilizarmos, adaptando as nossas proposições ao que nós recebíamos de sugestões e questionamentos da comunidade. Gostaria de acrescentar que nós nos confrontamos firmemente com as mais diferentes autoridades federais e municipais, dos campos da Saúde e da Educação, em prol de nossa Universidade na discussão deste projeto.”
O reitor acrescentou que os planos estudados para o futuro do HUGG, do IB e da Universidade estiveram, a todo momento, imbuídos da preocupação com a assistência em saúde, com a ampliação de cursos, com o fortalecimento da pesquisa e da pós-graduação, com a consolidação da política de assistência e permanência estudantil (com destaque para a abertura de um novo restaurante universitário).
“É muito grande a demanda de numerosos colegas para que, junto da incorporação do Hospital Federal dos Servidores do Estado na condição de um possível novo hospital da nossa Universidade, nós nos comprometamos com a luta por termos no Gaffrée e Guinle um hospital de pequeno porte com leitos de retaguarda, ou um hospital especializado que não rivalizasse com o novo hospital universitário na condição de um hospital geral. As planificações nessa direção só não estão aqui na apresentação porque não conseguimos ainda indicadores de viabilidade orçamentária, administrativa e de gestão, mas não descartamos essa possibilidade, que será enfrentada, no interior dos desdobramentos do contexto político e econômico do país, nesse período de tempo da transição, se nós aprovarmos a fusão”, esclareceu Da Costa.
Sessão continua na parte da tarde e é impedida de terminar
A sessão foi paralisada, então, antes da abertura da discussão entre os presentes, atendendo a questão de ordem dos estudantes, para possibilitar o almoço dentro do horário de funcionamento do restaurante universitário. A reunião foi retomada às 14h30, com as mesmas dificuldades de avanço da pauta e de tumultos ocorridas pela manhã. Foram realizadas dez falas de pessoas presentes inscritas, incluindo as três categorias e pessoas externas à comunidade da UNIRIO, e se colocou o impasse, com defesas de abertura para mais 22 pessoas falarem ou de se colocar em votação a questão da fusão, uma vez que o debate já se estendia desde a manhã.
Quando o reitor colocaria essas duas propostas em votação pelos conselheiros, aproximadamente às 17h30, alguns presentes subiram no palco. Um conselheiro, com dedo em riste próximo ao rosto do reitor, arrancou o microfone de sua mão. Enquanto isso, aqueles que invadiram o palco gritavam de modo autoritário que não haveria votação. Diante da falta de condições de se continuar, Da Costa precisou pegar um segundo microfone e, “para garantir a integridade física de todas e todos e reconhecendo a determinação de um grupo para que os conselheiros não exerçam o seu papel”, suspendeu a sessão. “Vitória para a violência e para o impedimento do debate” foram as últimas palavras do reitor na sessão.
Todos os fatos estão registrados no vídeo transmitido ao vivo no canal da Universidade no YouTube. A sessão terá continuidade on-line.