Pesquisadora da UNIRIO destaca a importância da sustentabilidade no Enoturismo
O enoturismo, a prática que une a apreciação de vinhos com turismo em vinícolas, tem ganhado destaque nos últimos anos. No Brasil, além da Serra Gaúcha, a Serra Fluminense aparece como um polo emergente desse setor. No entanto, com o crescimento do enoturismo, surge a necessidade de adotar práticas sustentáveis que envolvam não apenas o aspecto ambiental, mas também o social e econômico.
A professora da Escola de Turismo da UNIRIO, Joice Lavandoski, especialista em Enoturismo, explica a importância desse tema. “Sabemos que a produção do vinho gera muito impacto no meio ambiente. Por isso, as vinícolas precisam pensar em alternativas sustentáveis não somente na etapa da produção do vinho, mas em toda a cadeia, inclusive, em tudo que abrange o enoturismo”, afirmou.
Joice Lavandoski foi recentemente contemplada com a bolsa de estudos "Movilidad del profesorado universidades do Grupo Tordesillas e da Fundación Carolina" (Convocatoria C.2024), para realizar, no próximo ano, a pesquisa de pós-doutorado, intitulada “Indicadores do Desenvolvimento Sustentável no Enoturismo”. As bolsas de curta duração visam completar a formação pós-doutoral de docentes dos centros universitários brasileiros e portugueses integrantes do Grupo Tordesilhas, como a UNIRIO.
O Papel da Sustentabilidade no Enoturismo
O conceito de enoturismo envolve a visita de turistas nas vinícolas para a degustação e compra de vinhos, frequentemente acompanhada de experiências gastronômicas e culturais. No entanto, a crescente popularidade deste tipo de turismo levanta questões sobre como torná-lo sustentável. Segundo Joice, o enoturismo deve adotar uma abordagem holística para a sustentabilidade. “Não basta investir apenas no viés ambiental. É preciso considerar o social e o impacto econômico das práticas adotadas”, garante. Ela salienta que o turismo acessível, por exemplo, já é uma realidade em diversos setores e deve ser igualmente integrado ao enoturismo.
Indicadores de Sustentabilidade e a Agenda 2030
No contexto global, a Agenda 2030 e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) fornecem uma estrutura crucial para guiar práticas sustentáveis. O ODS 12, que visa promover padrões de consumo e produção responsáveis, é particularmente relevante para o enoturismo. Os indicadores sustentáveis para o enoturismo abordam questões como o translado e a educação e conscientização ambiental dos visitantes durante a visita; a acessibilidade da vinícola; a parceria com produtores locais (produtores de queijo e de outros produtos que poderão ser comercializados no local); e a gestão dos recursos hídricos, por exemplo.
Desafios e Oportunidades no Enoturismo Fluminense
A Serra Fluminense, uma das regiões de crescimento significativo em produtores de vinho, representa um exemplo prático dos desafios e oportunidades no enoturismo. Atualmente, com 35 vinícolas em dez municípios, a região tem experimentado um aumento na demanda por experiências enoturísticas. Contudo, o crescimento traz à tona preocupações com a sustentabilidade. Joice Lavandoski vê a integração de práticas sustentáveis como uma necessidade para o desenvolvimento contínuo do setor. “A Serra Fluminense, com seu terroir único e métodos de cultivo inovadores, oferece um potencial incrível para o enoturismo sustentável. No entanto, é crucial implementar práticas que minimizem o impacto ambiental e promovam a inclusão social. Nossas pesquisas podem contribuir também para o desenvolvimento do enoturismo sustentável dessa região”, destaca Joice Lavandoski.
Joice acredita que a combinação de indicadores sustentáveis pode ajudar a garantir que o enoturismo continue a oferecer experiências enriquecedoras, sem comprometer o futuro ambiental e social das regiões produtoras."É com esse foco que queremos direcionar nossas pesquisas”, finalizou a pesquisadora.
(Por Liliana Glanzmann Vallejo - Comso UNIRIO).