Conferência sobre inteligência artificial deu início à HDRio2023
O advento da inteligência artificial generativa foi o tema da conferência de abertura da terceira edição do Congresso Internacional em Humanidades Digitais (HDRio2023), proferida por Fernando Ferreira. Ele é doutor em Engenharia Elétrica, com ênfase em Inteligência Computacional. Atua no Instituto Infnet, onde coordena os cursos de graduação em Engenharia de Software e em Computação e Ciência de Dados, além do curso de pós-graduação em Inteligência Artificial.
O conferencista começou com uma provocação ao público, apresentando uma série de slides com explicações sobre inteligência artificial generativa, porém produzidos eles próprios por programa automatizado. Na sequência, o palestrante resgatou o histórico das pesquisas em inteligência artificial, com seu início ainda nos anos 50, passando pelo hiato nos anos 70 e a retomada a partir dos anos 80 até os dias atuais.
Após explicar o funcionamento das redes neurais artificiais e também do polêmico Chat GPT, assistente virtual capaz de imitar a linguagem humana, Fernando falou sobre o trabalho que executa atualmente de monitoramento de mensagens em redes sociais de grupos públicos de extrema direita no Brasil. Segundo ele, somente em um mês chegam a ser analisadas mais de 190 mil imagens. Para esta tarefa, o uso da inteligência artificial é extremamente benéfico, pois softwares possuem capacidade de filtrar e agrupar essas imagens por temas, poupando tempo e ajudando os pesquisadores na análise.
Como exemplo dos perigos no uso da inteligência artificial, Fernando apontou graves riscos éticos. "Só durante o último período eleitoral, acompanhamos cerca de 210 milhões de imagens compartilhadas no Twitter, com possível desinformação. É praticamente impossível desmentir uma a uma. O que tem que ser discutido para o futuro é a criação de uma assinatura de veracidade das imagens reais, pois será impossível identificar tudo que é falso", finalizou.
Após a conferência inicial, foi realizada uma plenária com o tema Gambiarras Digitais, Filosofia e Transformação, que teve a participação presencial dos professores Charles Feitosa e Erick Felinto. Feitosa abriu a plenária com uma explicação sobre o termo gambiarra, ressaltando a ambiguidade da palavra, que pode ser atrelada a conceitos positivos e negativos.
Por videoconferência, Anna Wegner abordou o uso do termo gambiarra no teatro e Barbara Coelho problematizou o uso de inteligência artificial na educação. Foram discutidos os prós e contras no uso do Chat GPT para o ensino e um dos destaques seria a possibilidade de personalizar a experiência de aprendizado.
Erick Felinto trouxe a discussão das gambiarras digitais para o contexto da Arte Digital. Ele abordou a apropriação por artistas de aparatos tecnológicos, originariamente construídos para outros fins. Na sequência, Erick destacou a preocupação com outra gambiarra digital: a aproximação entre a extrema direita e as novas tecnologias de comunicação, uma desvirtuação de ferramentas modernas por movimentos reacionários.
Para Erick, a internet se transformou em uma grande máquina de produção de imaginário. "Como podemos nos reapropriar dessas ferramentas, usar as potências da criatividade a nosso favor?", questionou ele no encerramento de sua fala.