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'O suicídio é o final de um ato contínuo de comportamento, temos de intervir durante esse processo', diz professora da EMC

por comunicacao — publicado 21/09/2018 15h40, última modificação 24/09/2018 13h12
Debate ocorreu na última terça-feira, dia 18, como parte da programação do Setembro Amarelo

Insuportável, intolerável e interminável. Essas são as sensações vivenciadas, diante de um sofrimento, por um suicida. Ao contrário do que se imagina, a decisão de tirar a própria vida não ocorre de forma aleatória, sem finalidade. É um processo longo e, na maioria das vezes, solitário. Atualmente são cometidos no Brasil cerca de 12 mil suicídios por ano, tornando-os um problema de Saúde Pública. Destes, mais de 90% têm causa diagnosticável e tratável.

Pensando nisso, e aproveitando a Campanha do Setembro Amarelo, que objetiva alertar a sociedade a respeito do suicídio, na última terça-feira, dia 18, a Escola de Medicina e Cirurgia (EMC) realizou um debate para desmistificar e falar do tema, que ainda é tabu. Palestraram a professora do Departamento de Medicina Especializada (Demesp) Júlia Fandiño e o professor do Departamento de Medicina Geral (Demeg) Júlio Cesar Tolentino.

“Nós ainda precisamos de algumas datas que são simbólicas. Existem muitas ideias erradas sobre a temática, por isso, a necessidade de se falar. Não é uma questão a ser lidada apenas pelo profissional de Saúde Mental, qualquer especialista tem que saber agir. O suicídio é o final de um ato contínuo de comportamento, temos de intervir durante esse processo”, explicou Julia. O cuidado, entretanto, não deve ser restrito apenas ao paciente, mas a todos que o cercam. O suicídio tem capacidade de atingir um grupo grande de pessoas.

“É uma catástrofe para aqueles que estão à volta, como amigos e familiares. Estudos mostram que cerca de trinta pessoas são profundamente atingidas por um suicídio. Devemos atuar não apenas na prevenção, mas também na posvenção para atender os sobreviventes. Em muitos casos eles desenvolvem estresse pós-traumático, depressão e até mesmo ideação suicida”, disse Julio Tolentino.

Ambos os  professores informaram, ainda, que muito pode ser feito pelos profissionais de saúde antes da utilização de fármacos no tratamento:

“Parar e escutar de verdade, não julgar, querer saber sinceramente como o outro está. Essas ações, que parecem simples, podem salvar muitas vidas. Ouvir afetiva e efetivamente”, esclareceu a professora do Demesp.

“A maioria dos pacientes fez contato com um médico generalista, anteriormente, e sinalizou de alguma forma seus planos. Se suspeitar, o profissional deve investigar. Ou seja, devemos notificar os casos, afinal não existe prevenção sem informação”, concluiu o docente.

(Felipe Monteiro, assessor de comunicação do HUGG)


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