Nugep/UNIRIO apresenta plano museológico para o Museu Nacional dos Povos Indígenas
O Núcleo Multidimensional de Gestão do Patrimônio e de Documentação em Museus (Nugep/UNIRIO) apresentou nesta quarta-feira, dia 2, o produto final do plano de trabalho “Compartilhando saberes: uma proposta participativa para elaboração de plano museológico”, firmado com o Museu Nacional dos Povos Indígenas (MNPI). A apresentação ocorreu em evento realizado nesta quarta-feira, dia 2, na sede do Museu, localizada no bairro de Botafogo.
O MNPI está vinculado à Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai). No evento, aberto ao público, as coordenadoras do Nugep/UNIRIO Elizabete Mendonça e Paulina Vieira apresentaram o processo de trabalho e as metodologias participativas que subsidiaram a elaboração do primeiro plano museológico do Museu. A programação incluiu também relatos de experiências indígenas.
Estiveram presentes representantes do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), da Funai, dos museus Kapinawá e da Cultura Puri, da Federação dos Povos e Organizações Indígenas de Mato Grosso e da Subsecretaria de Políticas Públicas para os Povos Originários, do Governo de Mato Grosso do Sul.
No dia do evento, ocorreu também uma reunião com dez representantes de povos indígenas, que irão integrar o Comitê de Implementação e de Monitoramento do Plano Museológico. O grupo será formado por 18 membros que participaram da elaboração do plano, com candidatura e validação, em consulta aos participantes da última oficina, realizada no dia 21 de março.
Nesta sexta-feira, dia 4, às 16h, ocorrerá na sede do Museu um evento interno, com a entrega simbólica da dispensa do Termo de Execução Descentralizada (TED) para a presidenta da Funai, Joênia Wapichana.
Instrumento de gestão
O plano museológico é o principal instrumento de planejamento e gestão, global e integrada, de museus e processos museais, englobando planejamento estratégico, tático e operacional, conforme preconizado no Estatuto de Museus, instituído pela Lei nº. 11.904, de 14 de janeiro de 2009.
A elaboração do primeiro plano museológico do MNPI teve como principal objetivo a participação ativa e o protagonismo dos povos indígenas no processo de cogestão institucional. Além disso, o projeto priorizou a escuta e a execução, por parte do Museu, de demandas, desafios, expectativas e sugestões apresentados por esses povos e pelos demais segmentos da sociedade – dentre eles, moradores do entorno e representantes de órgãos formuladores de políticas públicas indigenistas.
O processo foi viabilizado pela parceria entre o MNPI/Funai e o Nugep/UNIRIO, decorrente da dispensa de TED, por meio do plano de trabalho “Compartilhando saberes: uma proposta de metodologia participativa para elaboração de plano museológico”. Esse plano se vincula ao projeto matriz de pesquisa e inovação “Cosumud: Compartilhando Saberes entre Universidades, Museus e Detentores de conhecimentos de tradicionais populares”, com os recursos geridos pela Fundação Coordenação de Projetos, Pesquisas e Estudos Tecnológicos (Coppetec).
Os trabalhos foram iniciados em setembro de 2023 e finalizados em maio de 2025, totalizando 20 meses de atividades. Para além dos funcionários do Museu e da equipe da Universidade, houve participação ativa da sociedade civil, com 80 representações – dentre as quais, 73 indígenas representando 46 povos originários.
O projeto inovou na criação do Programa Advocacy, não obrigatório pela normativa do Ibram e não usual em planos museológicos. “Contudo, dada a vocação do Museu como propulsor e formulador de políticas públicas, e também uma demanda dos povos indígenas, se mostrou necessário, frente ao modelo de inserção social e do papel político do Museu”, ressalta Paulina Vieira, coordenadora do Nugep.