Fórum de Psicanálise e Cinema celebra 10 anos de sucesso
O Fórum de Psicanálise e Cinema completou 10 anos em sessão especial realizada na noite da última sexta-feira, dia 29, no Auditório Vera Janacopulos, com a presença de convidados e lançamento de edição comemorativa do livro do projeto. “Esse é um dos projetos mais profícuos que temos na Coordenação de Cultura, que reúne uma plateia fiel e apaixonada”, revelou a diretora de Cultura da UNIRIO, Helena Uzeda.
Parceiro do Fórum, o professor da Escola de Educação Diógenes Pinheiro salientou a longevidade da empreitada. “Em um país como o nosso, em que as tradições são muito recentes, um projeto de extensão durar 10 anos, produzindo reflexões e lançando livro, é algo louvável”, disse. Ele salientou, ainda, que as sessões proporcionam o que a universidade tem de melhor: abrir suas portas para o público externo.
O presidente da Sociedade Psicanalítica do Rio de Janeiro (SPRJ), José de Matos, também destacou o papel do Fórum na transmissão de conhecimento para o público. Segundo ele, a psicanálise se firmou como uma teoria que precisava se fechar nela mesma para se construir, porém, “hoje, se reconhece a importância da abertura da discussão psicanalítica para a sociedade”. Ele apontou o pioneirismo do projeto, que, há uma década, já promovia debates na área com o público leigo.
Partilha
O psicanalista da SPRJ Neilton Dias, co-fundador do Fórum, enumerou os fatores que levaram ao sucesso do projeto: “o acolhimento afetuoso que recebemos da Universidade, o público sempre interessado, que dialoga conosco, e, sobretudo, o estímulo cultural e intelectual”, disse. “Compartilhamos com o público, que tem partilhado conosco, de forma muito companheira, as vicissitudes do nosso percurso”.
Já para Waldemar Zusman, também co-fundador do Fórum e membro da SPRJ, o que desperta interesse do público são as análises dos filmes, que fogem da superficialidade. “Não ficamos apenas na descrição”, avalia. “Trabalhamos com algo do qual muitas vezes não se fala: a relação constante entre o que as pessoas fazem e o que há dentro delas, mas que elas próprias desconhecem”.
O filme escolhido para exibição foi Cativa (Gaston Biraben, Argentina, 2004), que retrata a história real de uma adolescente que descobre ter sido roubada de seus pais biológicos ainda bebê e registrada como filha de um policial e sua esposa durante a ditadura militar argentina.
Além da análise psicanalítica, feita por Dias e Zusman, a professora da Escola de Museologia Ana Lúcia de Castro preparou a análise cultural do filme, revelando o contexto de sua produção e discutindo sobre as marcas da ditadura militar naquele país. De acordo com ela, mais de 120 netos de desaparecidos políticos já foram encontrados. Ana Lúcia também falou sobre a obra do argentino Gaston Biraben. “O diretor tem um trabalho que aborda latinidade, imigração e reconstrução de identidade”, contou.