Exposição desenvolvida por aluna da UNIRIO propõe reflexão sobre questões do gênero feminino
Retratar, em diferentes percursos, questões relacionadas a sentimentos e questões relacionadas ao ser mulher.
Essa foi a proposta apresentada na exposição “Percursos quebrados”, desenvolvida pela estudante Stephany Campos, do Bacharelado em Estética e Teoria do Teatro da UNIRIO, como Trabalho de Conclusão de Curso (TTC), orientado pela professora Inês Cardoso.
A mostra passeia por diversas vivências da estudante. Ela conta que a ideia partiu de uma experiência traumática vivenciada, quando foi testemunha da morte de um homem atingido por um raio em Minas Gerais. A partir do evento trágico, surgiram questionamentos sobre os fenômenos naturais, as mudanças de uma mesma paisagem, além de despertar, inclusive, para a questão de gênero.
“A exposição chama-se percursos quebrados, que é acerca da noção de percurso, trajeto, deslocamento, o íntimo, o ser mulher. Nela, exponho alguns bordados, vídeos de arquivos registrados em viagens que fiz nos últimos três anos, fotografias de uma mesma paisagem e da variação deste mesmo cenário natural, além de experimentos de videoperformance. Entre esses trabalhos, problematizo o espaço, o gênero, o ser mulher. A escolha do tema se dá basicamente por questões que me atravessam”, explica Stephany.
Apresentado em fevereiro deste ano, o trabalho provoca a reflexão a partir dos registros fotográficos, palavras bordadas que têm a ver com o incidente do raio (estrondo, ruído, balbuciar e silêncio), um martelo que ancora algumas imagens que representam “quebra” e, principalmente, um vídeo performático em que a artista tenta reconstruir uma xícara quebrada, simbolizando as desconstruções a que as mulheres estão expostas.
Sobre a escolha do formato do TCC, a professora Inês Cardoso afirma que faz parte do projeto pedagógico do curso de Estética e Teoria do Teatro o incentivo ao exercício artístico, seja cênico, performático ou dramatúrgico, ou ainda o trabalho nessas áreas em diálogo com outras artes, como o cinema, a fotografia, as artes plásticas.
“Esses exercícios artísticos são estimulados não só nas disciplinas que chamamos de Práticas como em outras disciplinas monográficas, nas quais, muitas vezes, os estudantes optam por apresentar como trabalho final algum exercício artístico ou artístico-ensaístico, fronteiras, aliás, já bastante embaçadas se pensarmos nas produções literárias, artísticas e críticas contemporâneas. No âmbito do curso de Estética e Teoria, nos últimos anos tivemos alguns TCCs defendidos que quebraram as fronteiras entre crítica e exercício artístico”, explica a professora.
Inês destaca os diálogos presentes no trabalho desenvolvido pela estudante. “As reflexões sobre a mulher e o feminino se relacionam de perto com a prática da escalada, a que Stephany se dedica há cinco anos e que exige dela repensar visões canônicas sobre o feminino enquanto lugar de fragilidade e trabalhar em seu corpo a força física de forma intensa. Há também no exercício artístico de Stephany a exposição de elementos contraditórios: o ambiente doméstico surge na xícara quebrada, evidenciando a fragilidade e o cuidado com que o objeto precisa ser manuseado; a prática da escalada está presente na corda, elemento que, ao contrário da xícara, exige destreza no manuseio, mas não a delicadeza em geral associada ao universo do feminino, e sim força”, analisa a docente.
Em breve, o trabalho será publicado em formato de catálogo e estará disponível on-line.
As videoperformances estão disponíveis nos seguintes links:
Vídeo 1: https://youtu.be/mi8zJswLLmw
Como montar uma xícara: https://youtu.be/seg7Iaa8mmI
Balbuciar: https://youtu.be/ASGkuBhWPdM
(Cristiane Flores, bolsista Pradig, sob supervisão da equipe Comso)