Docente da UNIRIO participa de evento internacional sobre bibliotecas e povos indígenas
A catalogação de obras indígenas é o tema que será abordado pela professora Naira Christofoletti Silveira, do Departamento de Biblioteconomia da UNIRIO, no seminário internacional “Bibliotecas e Povos Indígenas”, organizado pela Biblioteca Nacional da Rússia.
O evento, que acontecerá no formato on-line, será realizado nesta quarta-feira, 19 de julho. Naira Silveira será a única brasileira a participar do seminário, que reunirá especialistas da Rússia, Colômbia, África do Sul, Vietnã, Índia, Sri-Lanka e Nova Zelândia. Confira a programação.
Pesquisadora do campo da organização e representação da informação e do conhecimento, a docente se aproximou do tema ao orientar a pesquisa desenvolvida por Aline da Silva Franca, primeiro como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) da graduação em Biblioteconomia e, depois, no mestrado do Programa de Pós-Graduação em Biblioteconomia (PPGB), ambos na UNIRIO.
Segundo Naira, os achados da pesquisa indicaram que faltam não apenas conceitos para a catalogação dessas obras, mas também a compreensão sobre o que é autoria indígena.
“O conhecimento dos povos indígenas tem características próprias. Quando o catalogador se depara com documentos que não entende, surge uma dificuldade enorme em representar e elaborar os pontos de acesso ao documento. No caso de documentos indígenas, observamos na pesquisa de Aline que a literatura indígena está representada de modo não adequado”, explica.
Além das inconsistências na catalogação das obras, a pesquisa apontou também um desconhecimento dos bibliotecários, de modo geral, sobre a literatura indígena — o que motivou a realização, como projeto de extensão, de um clube do livro voltado à divulgação do conhecimento literário indígena.
“Os povos indígenas brasileiros possuem um rico conhecimento, que abarca desde plantas medicinais utilizadas em fármacos até artesanatos, e que compõe a identidade cultural do povo brasileiro. Entretanto, mesmo fazendo parte e contribuindo significativamente para a identidade cultural brasileira, a população indígena sofre muito preconceito, muitas vezes acarretado por desconhecimento”, destaca a docente.
O trabalho desenvolvido por Aline e Naira foi apresentado, em 2016, no evento internacional mais representativo da Biblioteconomia, o IFLA World Library and Information Congress, e gerou o artigo “A representação descritiva e a produção literária indígena brasileira”.
Atualmente, a egressa da UNIRIO Aline Franca é coordenadora-geral de Leitura e Bibliotecas no Ministério da Cultura. Ela também é a idealizadora da Livraria Maracá, a primeira livraria especializada em literatura indígena do Brasil.
(Daniela Oliveira/Comso)