Colóquio debate preservação de arquivos digitais
Os arquivos digitais estiveram no centro do debate do III Colóquio do Grupo de Pesquisa Registros Visuais e Sonoros: arquivo e memória (Revis-Arq), realizado nesta segunda-feira, dia 30, no Auditório Tércio Pacitti. A discussão se dividiu em duas mesas, compostas por integrantes do grupo e pesquisadores convidados.
Para a professora da Escola de Arquivologia da UNIRIO Brenda Rocco, “pensar na preservação dos documentos digitais é ir muito além da metodologia ou das técnicas utilizadas”, pois há questões sociais, políticas, econômicas e culturais envolvidas.
De acordo com ela, a preservação em ambiente digital teria quebrado paradigmas. “Enquanto o documento em papel era mantido nos porões da casa de cada um, dentro de uma caixinha, no ambiente digital, não é assim; se o smartphone tiver problemas, perco tudo que foi produzido”, aponta.
A discussão prosseguiu com a apresentação dos resultados da dissertação de mestrado desenvolvida pela arquivista Raquel Dias Silva Reis no Programa de Pós-Graduação em Gestão de Documentos e Arquivos (PPGARQ) da UNIRIO. O trabalho foi sobre a preservação digital dos documentos do Arquivo Nacional.
Em seguida, a mestranda Érika Sampaio, mestranda do mesmo programa, falou sobre o Archivematica software livre e open-source utilizado para preservação de conteúdos digitais.
Audiovisual
Na segunda mesa, dedicada ao tema Arquivos, memória e imagem, a mestranda em Ciência da Informação da Universidade de São Paulo (USP) Raquel Oliveira Melo falou sobre a preservação de arquivos pessoais de músicos. Egressa da Escola de Arquivologia da UNIRIO, a pesquisadora apontou os ambientes eletrônicos de composição, a pirataria, a difusão e a preservação conceitual das obras como alguns dos desafios contemporâneos na área.
Já a coordenadora do grupo de pesquisa organizador do evento, Anna Carla Almeida Mariz, abordou o ensino sobre documentos fotográficos nos 16 cursos de Arquivologia do Brasil. No estudo apresentado, foram encontradas 18 disciplinas relacionadas ao tema, em 11 cursos de bacharelado na área. No entanto, em apenas quatro cursos de Arquivologia o contato com documentos fotográficos é obrigatório.
“Pela frequência com que os documentos fotográficos aparecem nos arquivos, seria muito importante que os alunos tivessem amplo acesso a esse conteúdo ou que, minimamente, pudessem fazer essa opção nas suas formações”, concluiu a pesquisadora.
A doutoranda em Ciências Sociais pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) deu prosseguimento à discussão, abordando o gerenciamento e a difusão de acervos fotográficos digitais a partir de sua experiência profissional no Instituto Moreira Salles.
Encerrando o debate, o aluno de doutorado em Ciência da Informação pela Universidade de Coimbra (Portugal) Marcelo Nogueira de Siqueira falou sobre a dimensão afetiva dos acervos fotográficos e seu tratamento arquivístico.