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Comunicações - Quarta-feira, 16/05/2018 - Sala 1

14:00 – O hiato entre a individualização subjetiva do fazer musical e a apropriação da significação profissional do trabalho de musicistas e músicos: considerações preliminares sobre experiências em campo na cidade de Salvador
Rodrigo Heringer Costa – UFBA
Ao artista idealizado no romantismo ocidental foi concedida autonomia para o exercício do ofício. A imputação de características socialmente percebidas como inatas – tais como o talento, o dom e a genialidade – à atividade desses atores, minimiza a relevância concedida a fatores culturais, sociais e econômicos como condicionantes da produção artística. Em relação à prática musical, sua compreensão a partir de valorações inatistas choca-se com um cotidiano de intenso labor nela vivenciado por seus protagonistas e vão de encontro com as díspares condições das quais dispõem para efetivo envolvimento com o campo e suas hierarquias. Com a figura idealizada do músico-artista se relaciona outra, a do profissional da música: anônimo, em constante aperfeiçoamento e posto a dialogar com relações de trabalho precárias em um mercado restritivo. Discursivamente, a subjetivação da prática musical reproduz um hiato já existente entre o modo o músico é projetado na sociedade contemporânea e a apropriação da significação profissional de seu trabalho. A hipótese de que tal projeção reforce as condições de trabalho precárias com as quais são postos a dialogar, mostra-se, portanto, plausível. No presente artigo – parte preliminar de pesquisa de doutorado em andamento sobre o tema –, discorro brevemente sobre como o referido hiato vincula-se a ideologias que ganharam força na modernidade ocidental e carregam consequências para a atualidade. Pôsteriormente, partindo de experiências iniciais em campo na cidade de Salvador, reflito sobre a hipótese levantada a partir da experiência de músicos locais. O processo de observação participante conduzido permite notar que o distanciamento supracitado, bem como suas contradições, é percebido, vivenciado e reproduzido discursivamente por músicos locais e que transformações nas condições de trabalho por eles vivenciadas devem tanger o discurso em disputa sobre o fazer musical e suas características.
Palavras-chave: Música; Trabalho; Discurso; Profissão; Salvador.

14:25 – Tecnologias da Informação e Comunicação no Ensino de Música na Educação Básica: Iniciando uma Revisão Bibliográfica
Mônica Repsold – UNIRIO
Este artigo apresenta dados da implantação Informática Educativa no Brasil subsidiando a revisão inicial de bibliografia relativa à utilização das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) nas aulas de Música. O decurso da Informática Educativa faz parte da tese de doutorado em andamento que tem o objetivo de traçar um panorama da presença/ausência e apropriações das TIC nas aulas de Música na Educação Básica, especialmente, nas escolas públicas da Rede Federal de Educação na cidade do Rio de Janeiro.
Palavras-chave: Tecnologia; Educação musical; Educação Básica.

14:50 – A inteligência coletiva e a educação musical: um estudo de caso sobre a plataforma Indaba Music
Marcio Pizzi de Oliveira – UNIRIO
As transformações tecnológicas relacionadas a Internet e as mídias sociais reconfiguraram as indústrias midiáticas como um todo e a musical em particular. Nesse panorama os recursos disponíveis tornaram os usuários peças fundamentais para a realização de produções musicais e a distribuição dos trabalhos. Porém, as colaborações têm alcançado novos níveis permitindo a criação musical engendrada por múltiplas contribuições. O presente artigo tem como objetivo analisar a plataforma de cocriação musical Indaba Music sob a ótica da inteligência coletiva avaliando as possíveis interfaces com a educação musical. Os resultados demonstram que os usuários da música passaram a respeitar diversos protocolos e regras para conseguir atuar de forma colaborativa. Ao se apropriar desses protocolos e regras eles e elas desenvolvem aprendizados que podem ser úteis a um contexto musical mais descentralizado e inclusivo quanto aos conhecimentos dos alunos.
Palavras-chave: usuários da música, educação musical, cocriação.

15:15 – Entre técnicas e tecnologias: caminhos da produção de som em estúdios de gravação
Daniel Ferreira Wainer – UFRJ
Este trabalho se propõe a pensar diferentes circuitos e processos de produção musical por meio de uma atenção especial às técnicas e tecnologias utilizadas em estúdios de gravação. Objetiva-se investigar a materialização e edição do som tendo em vista a noção de “mundo artístico” e suas consequentes derivações teóricas. Tal trajeto vai do advento da gravação e alguns de seus efeitos mais visíveis ao desempenho corporal necessário para a produção de sons em instrumentos musicais como o violão, a voz e o trombone, passando por certas técnicas de registro e manipulação de áudio, e pela forma de organização do mundo artístico dos estúdios. Em termos metodológicos, utilizo material bibliográfico, documental – gravações musicais – e etnográfico baseado em trabalho de campo realizado em estúdios de gravação da cidade do Rio de Janeiro e de São Paulo. Essa empreitada é guiada pela hipótese de que uma etnografia dos estúdios pode trazer subsídios para maior compreensão dos processos e relações de produção no contexto da indústria fonográfica. De onde vêm as certezas do artista, do instrumentista ou do produtor musical? Qual o critério utilizado para se optar por um caminho estético ou outro? Onde se estabelecem fagulhas de criatividade e autoria em diferentes circuitos de produção? Como circulam noções de “parte” e “todo” em um lugar de criação, os estúdios, no qual você não “chega mais com tudo pronto”, como diz um de meus interlocutores.
Palavras-chave: Estúdios de Gravação; Produção Musical; Técnicas de Gravação; Mundos Artísticos; Criatividade e Autoria.

15:40 – Coffee break

16:05 – Educação Somática e ensino do canto
Simone Santos Sousa – UNESP
Este trabalho discute a Educação Somática e sua relação com a consciência corporal no ensino do canto. Tem por objetivo realizar uma reflexão em torno do entendimento do corpo por inteiro como instrumento de formação do cantor coralista, e de como a Educação Somática pode contribuir neste processo. Para tal, realiza-se uma revisão de literatura a respeito do tema Educação Somática, além de trabalhos de pesquisa que aliam métodos e técnicas de abordagem somática e prática e ensino do canto. Os trabalhos discutidos envolvem as seguintes abordagens somáticas: Técnica de Alexander, Técnica Klaus Vianna, Antiginástica, Método Feldenkrais, Respiração Vivenciada de Middendorf, Eutonia, Bioenergética, método GDS de Cadeias Musculares e Articulares, Método Bertazzo e o trabalho de Alfred Wolfsohn e Roy Hart. Conclui-se que a Educação Somática pode ser importante no desenvolvimento de capacidades expressivas do cantor. Sua contribuição diz respeito ao processo de descoberta do próprio corpo pelo cantor, pressuposto e condição sine qua non para seu desenvolvimento técnico.
Palavras-chave: Ensino do canto; preparação vocal; Educação Somática.

16:30 – Expressão vocal e orquestral em transcrições operísticas de Liszt para piano solo: uma síntese
Juliana Coelho de Mello Menezes – UFRJ
Este trabalho apresenta uma síntese da pesquisa de mestrado, intitulada A expressão vocal e orquestral na transcrição operística de Liszt para piano solo, concluída em 2017 pela autora. A dissertação de mestrado (MENEZES, 2017) objetiva investigar a expressão vocal e orquestral na transcrição operística de Franz Liszt (1811–1886) para piano solo, e avaliar a necessidade de o pianista intérprete da transcrição operística de Liszt conhecer e estudar a obra original para realizar ao piano características expressivas vocais e orquestrais. É proposta a realização, na performance ao piano, desses aspectos expressivos da ópera em que a transcrição se baseia. O trabalho se concentrou nas duas seguintes transcrições operísticas: Miserere du Trovatore, baseada na ópera Il trovatore de Verdi, e Isoldens Liebestod, baseada na ópera Tristan und Isolde de Wagner. Considera-se que transcrições são “composições baseadas em outras para diferente formação musical, de diferente compositor ou não, e podem representar a obra original com maior rigorosidade na outra formação musical ou com maior liberdade e recriação” (MENEZES, 2017, p. 52). A expressão vocal foi estudada e aprofundada a partir da transcrição das canções de Schubert por Liszt, e a expressão orquestral, a partir da transcrição das sinfonias de Beethoven por Liszt. Os aspectos expressivos discutidos nessas outras transcrições serviram de embasamento para a discussão da expressão vocal e orquestral nas duas transcrições operísticas selecionadas. Este artigo apresenta os principais caminhos percorridos para a investigação e discussão dos aspectos expressivos vocais e orquestrais da transcrição operística, e mostra, para exemplificação, a discussão desses aspectos expressivos em dois excertos de cada uma das transcrições operísticas — Miserere du Trovatore e Isoldens Liebestod.
Palavras-chave: Liszt; Transcrição operística; Expressão musical; Piano solo.