A UNIRIO recebeu nesta segunda-feira (15/1) a visita de 250 crianças da colônia de férias organizada pela Associação Escola Sem Muros - Grupo ECO, ONG da favela Santa Marta, em Botafogo. Durante a programação na Universidade, os pequenos puderam almoçar no no Restaurante-Escola, no campus 436, e assistir a um filme no Auditório Vera Janacópulos, no campus 296, na Urca, com lanche antes do retorno em seis ônibus (quatro conseguidos pela ONG e dois da UNIRIO).

Realizada anualmente há 45 anos, a colônia de férias reúne crianças do Santa Marta, entre 6 e 12 anos, para uma programação de cerca de 15 dias (este ano foram 13). As atividades incluem passeios e visitas a instituições do município, com a participação de monitores voluntários, jovens e adultos da comunidade.

Segundo Itamar Silva, coordenador-geral do Grupo ECO, a ideia sempre é montar uma programação que permita a circulação pela cidade, para que as crianças visitem novos ambientes e tenham experiências inéditas: “São lugares para conhecer e, quem sabe, voltar com os pais, irmãos, ou futuramente, quando forem adolescentes e jovens”.

A ida à UNIRIO, que ocorreu pela primeira vez, foi organizada por meio de uma parceria entre a Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proexc) e a ONG Grupo ECO e o Coletivo de Mulheres da Favela Santa Marta. Além da Universidade, o roteiro de 2024 conta com passeios ao Museu do Pontal, na Barra da Tijuca, e ao Centro Esportivo Miécimo da Silva, em Campo Grande, além de outras instituições de ensino, como o Colégio Santo Inácio e a PUC-Rio.

"Estar numa Universidade é uma forma de aproximar as crianças deste mundo, para que eles percebam que não é um bicho de sete cabeças. É um espaço que pode acolhê-los, não só como universitários mas também como cidadãos”, avaliou Itamar Silva. Para ele, a visita tem um papel de “plantar uma sementinha de que a Universidade é uma possibilidade para eles”.

Na mesma direção, o pró-reitor de Extensão e Cultura, Vicente Nepomuceno, chamou a atenção para o caráter público da UNIRIO. “É uma honra para a UNIRIO receber vocês aqui. Essa Universidade é pública, e isso quer dizer que ela é de vocês, é minha, é nossa e é do povo brasileiro. Essa cadeira em que vocês estão sentados é de vocês. Será um prazer tê-los de volta um dia, como alunos”, disse.

O professor Marcelo Rainha, da Escola de Matemática, contou sobre sua experiência como morador, durante a infância e adolescência, do morro do Andaraí, na região da Grande Tijuca. “É interessante olhar vocês aqui porque eu vim de um espaço muito parecido com o de vocês. Eu fazia as brincadeiras da favela, via baile funk todo fim de semana. E, como eu, vocês podem sonhar em estar em qualquer lugar do Rio de Janeiro, não precisam ficar restritos a nenhuma área da cidade ou do país. Esse é um dos méritos desse trabalho realizado pelo Grupo ECO”, observou.

Vanusa Correa, do Coletivo de Mulheres da Favela Santa Marta e voluntária na colônia de férias, destacou ainda a importância da iniciativa para as mães da comunidade durante o período de férias escolares.

“Normalmente as mulheres de favela não têm férias, elas vendem as férias para ter um dinheiro a mais. Então a colônia é muito importante para tirar a criança da comunidade, levar para passeios, para a praia, mostrar a importância da cultura na nossa vida. As mães ficam tranquilas porque confiam no trabalho da colônia”, avaliou. Segundo ela, muitas mães vão para a fila de madrugada durante o processo de seleção para a atividade, para não perder a inscrição de seu filho.

Conheça mais sobre o trabalho do Grupo ECO no perfil do Instagram @grupoeco.stm.

Crianças da colônia de férias almoçam no Restaurante-Escola (Foto: Comso)

Coordenador do Grupo ECO, Itamar Silva, abre a sessão de cinema no Auditório Vera Janacópulos (Foto: Comso)

Lanche das crianças no campus 296, após a exibição do filme (Foto: Comso)