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Projeto 'Acervo Nosso Sagrado' é lançado com celebração na UNIRIO

por Comunicação publicado 02/04/2025 14h08, última modificação 03/04/2025 15h17
Evento contou com a presença de Mãe Meninazinha de Oxum, líder da mobilização para a transferência dos objetos sagrados ao Museu da República

Numa tarde de celebração, com o auditório Vera Janacópulos lotado, foi lançado nesta segunda-feira (31/3) na UNIRIO o projeto “Acervo Nosso Sagrado: pesquisa, identificação, reconhecimento e gestão participativa de acervo religioso afro-brasileiro”.

Fruto da parceria entre a UNIRIO, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e o Grupo de Gestão Compartilhada do Acervo Nosso Sagrado, a iniciativa tem como objetivo a produção de um dossiê que irá subsidiar a rerratificação do tombamento, pelo Iphan, de um conjunto de 519 objetos sagrados de matriz africana que compõem o acervo, transferido em 2020 para o Museu da República, após mobilização liderada pela ialorixá Mãe Meninazinha de Oxum. Entre as ações previstas, destaca-se a renomeação de todas as peças da coleção sagrada, apreendidas pela polícia entre 1890 e 1946 em terreiros de umbanda e candomblé do Rio de Janeiro.

O lançamento do projeto foi conduzido pelo professor Mário Chagas, da Escola de Museologia da UNIRIO, que era diretor do Museu da República à época da transferência do acervo e é o atual coordenador acadêmico do projeto. Ele apresentou a cerimônia ao lado de Mãe Nilce de Iansã, membro do Grupo de Gestão Compartilhada.

Abrindo o evento, o reitor José da Costa Filho falou a respeito de seu esforço de letramento sobre a cultura afrodescendente, que ganhou força em 2011, a partir da provocação de um estudante preto – que perguntou o motivo de não se estudarem, na Escola de Teatro da UNIRIO, o teatro experimental do negro e a trajetória de Abdias Nascimento. “Esta pergunta não foi só uma indagação, foi uma exigência, que calou fundo na minha alma. A partir daí eu não parei de estudar o Abdias Nascimento, as nossas referências negras”, relatou o reitor.

Em seguida, ele leu um breve trecho do livro O genocídio do negro brasileiro: Processo de um racismo mascarado, em que Abdias reflete sobre a bastardização da cultura afro-brasileira, e remeteu ao início do processo de resgate da coleção de objetos sagrados, com o trabalho da Comissão da Verdade, agradecendo especialmente à Mãe Meninazinha de Oxum. “Tenho certeza de que nossa condição de aprendizes, diante da cultura que a senhora representa, é fundamental para a gente. Temos muito respeito por isso”, disse Da Costa.

Em sua fala, Mãe Meninazinha de Oxum saudou os presentes e destacou a importância do resgate dessa coleção. “Um acervo que estava preso no museu da polícia, como prova de crime, nós professarmos nossa fé era crime. Nossos ancestrais não tiveram a oportunidade que estamos tendo agora. O sagrado é nosso, de todos nós que estamos aqui. Estou muito feliz por estar aqui e por ter nosso povo junto, para lutar pelo Nosso Sagrado”, disse a ialorixá e presidente de honra do Grupo de Gestão.

Protagonismo negro

A gerente de projeto da Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação (MEC), Maria Nilza da Silva, ressaltou o papel do Estado, através de suas instituições (UNIRIO e Iphan), do Grupo Gestor, das comunidades de terreiro e do movimento negro, na recuperação do acervo.

“Aqui estamos vendo um sinal de vida e de justa reparação. Ser um Estado laico pressupõe neutralidade entre as diferentes manifestações religiosas, mas não significa indiferença diante da violência que se manifestou e continua a se manifestar contra a população negra”, manifestou. “O protagonismo é negro, mas nós precisamos de todos e de todas para que consigamos avançar numa realidade que é tão discriminatória e racista”, apontou.

O diretor do Departamento de Patrimônio Material e Fiscalização do Iphan, Andrey Schlee, lembrou que o nome da coleção foi alterado oficialmente para Acervo Nosso Sagrado somente em 2023 – antes, o conjunto de objetos era denominado Coleção Magia Negra. E mencionou algumas ações realizadas de lá para cá, como o desarquivamento dos processos de tombamento de terreiros e a regulamentação de tombamento de quilombos. “Passo a passo, erro a erro, o Iphan acerta. E acerta porque tem compromisso com o povo brasileiro, muito antes de governos”, observou.

Participaram também da cerimônia a vice-reitora da UNIRIO, Bruna Nascimento; a superintendente do Iphan no Rio de Janeiro, Patrícia Wanzeller; o procurador do Ministério Público Federal Jairo Mitropoulos; a defensora pública da União Natália Van Rondow; a presidenta do Instituto Brasileiro de Museus, Fernanda Castro; o diretor da Escola de Museologia da UNIRIO, Ivan Coelho de Sá; o deputado federal e pastor Henrique Vieira; o deputado estadual Flávio Serafini; e a deputada federal Talíria Petrone.

Durante o evento, foi realizada a aula inaugural do projeto, com a participação dos professores da UNIRIO Mário Chagas e Monique Magaldi, respectivamente coordenador acadêmico e coordenadora executiva do projeto; da coordenadora-geral de Identificação e Reconhecimento do Departamento de Patrimônio Material e Fiscalização do Iphan, Vanessa Pereira; e de Mãe Meninazinha de Oxum e Mãe Nilce de Iansã. Eles conversaram sobre detalhes do processo de recuperação da coleção sagrada e sobre os próximos passos do projeto. Ao final, foram entregues certificados às lideranças religiosas presentes.

O vídeo com a íntegra do lançamento está disponível no canal da UNIRIO no YouTube.


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