Professor da Administração Pública defende eficiência na gestão como meio de enfrentamento à pandemia
“O Brasil vai sair dessa, graças ao sistema de capilaridade do SUS”. A previsão é do diretor da Escola de Administração Pública (EAP) da UNIRIO, José Carlos Buzanello, que participou de uma conversa virtual na última quarta-feira, dia 8. A atividade também contou com a participação do professor Artur Luiz Santana, da mesma Escola.
O debate foi mediado pelo aluno Matheus Machado, secretário-geral do Diretório Acadêmico de Administração Pública (DAAP). A conversa fez parte do projeto 'Comvida', promovido pelo Centro de Ciências Jurídicas e Políticas (CCJP) em parceria com o DAAP.
Para Buzanello, a eficiência da gestão pública será fundamental na luta contra o coronavírus. “O que estamos discutindo é uma questão de serviço público: como o problema ataca o serviço de saúde e como vamos enfrentar isso”, salienta, lembrando que o Brasil já passou por outras situações de calamidade, como a gripe espanhola, no século passado. “Em momentos de crise, o governante de plantão pode requisitar hospitais, insumos, serviços e pessoas para atenderem uma demanda localizada de saúde pública”, destacou.
O professor ressaltou, ainda, que a curva epidemiológica de grande impacto não ocorreu devido a medidas implementadas pelo poder público. “O Ministério da Saúde mostrou ter alta capacidade técnica, por convencer as pessoas a ficaram em casa, e demonstrou que essa é a melhor medida sanitária adotada até agora”, avaliou.
Outro tema em debate foi a PEC do orçamento de guerra aprovada no último dia 3 pela Câmara dos Deputados. “Orçamento de guerra é uma proposta de emenda constitucional feita no Brasil, para separar os gastos com a pandemia do orçamento público”, explicitou. Com isso, a emenda constitucional de tetos públicos não precisaria ser cumprida.
Logística
Doutor em Logística em Situações de Crise, o professor Artur Luiz Santana analisou quais seriam os recursos necessários para o combate ao coronavírus. Segundo ele, quando uma crise estoura, a melhoria dos serviços se torna essencial. “Há uma demanda excessiva para os serviços de saúde montados: temos que correr atrás de tratamento médico e transporte nos sistemas de saúde”, ressaltou, complementando que é preciso construir “uma cadeia ágil, adaptável e alinhada”.
O docente destacou, ainda, que o sistema logístico deve ter flexibilidade e resiliência. “Se a agilidade é essencial, não se pode, por exemplo, mandar buscar material na China de navio; é necessário enviar um avião da FAB para buscar esse material”, enfatizou. De acordo com ele, o excesso de demanda gerou gargalos em todo o sistema de saúde brasileiro, limitando a velocidade dos processos.
“O sistema de saúde terá que ser ágil para procurar fornecedores dentro e fora do país”, destacou. Segundo ele, as empresas terão que rever sua produção, para fabricar o que é necessário no momento – como já está ocorrendo, por exemplo, com automobilísticas que têm se dedicado à produção de respiradores.
Para o professor, “colaboração” é a palavra-chave neste momento, tanto entre estados e municípios quanto entre a rede privada e o setor público. “Os recursos são escassos. Então, temos que mobilizá-los e fazer com que cheguem rapidamente cheguem a quem precisa”, destacou, acrescentando que não podem haver disputas políticas em um momento como este. “A cada vez que ocorre uma briga política, é uma morte a mais”, sentenciou.