Pesquisa da UNIRIO recebe menção honrosa no Prêmio Capes de Tese - edição 2022
Instrumento emblemático da cultura brasileira, o pandeiro não era bem-visto em qualquer situação no início do século XX. Enquanto seu uso tinha uma conotação positiva entre as classes média e alta do Rio de Janeiro (à época capital federal), havia repressão ao instrumento em situações em que a música era feita nas ruas, em festas populares e em locais de culto religioso de matriz africana.
Essa é uma das constatações da tese “A vida social do pandeiro no Rio de Janeiro (1900-1939)”, desenvolvida por Eduardo Marcel Vidili, no Programa de Pós-Graduação em Música (PPGM) da UNIRIO, com orientação do professor Pedro Aragão e coorientação da professora Maya Suemi Lemos. O trabalho recebeu menção honrosa na edição 2022 do Prêmio Capes de Tese, cujo resultado foi divulgado nesta quinta-feira, 11 de agosto.
Entre outros pontos, a pesquisa aborda as trajetórias dos primeiros pandeiristas a se destacarem nas rádios do Rio de Janeiro (onde eram integrantes dos conjuntos regionais, que tocavam ao vivo durante a programação) e a construção de suas imagens por parte da imprensa, que começou a enxergá-los, de maneira bastante positiva, como “artistas do pandeiro”.
A tese também trata do som do pandeiro, por meio da audição e análise de fonogramas gravados nos anos 1930. Para isso, foi constituído um “grupo de escuta”, com a participação de seis músicos percussionistas especialistas no instrumento.
"Após meses de prospecção de gravações disponibilizadas no site Discografia Brasileira, submeti a esses músicos uma lista de fonogramas selecionados. A partir de entrevistas feitas com eles, busquei uma construção polifônica dos sentidos desse início da história fonográfica do pandeiro no Brasil", explica Eduardo Vidili, que é professor colaborador na Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) e também atua como percussionista.
Para ele, a menção honrosa no Prêmio Capes de Tese é um honroso reconhecimento da qualidade e da relevância do trabalho. "Sou muito grato a meu orientador, Pedro Aragão, que propiciou um ambiente bastante acolhedor e estimulante. Ele e minha coorientadora, Maya Suemi Lemos, foram muito presentes em todas as etapas do trabalho, e demonstraram que, no processo de pesquisa, é perfeitamente possível unir rigor acadêmico, entusiasmo, alegria e afeto", observa.
O professor Pedro Aragão destaca a dedicação do orientando e a importância da premiação: "A tese é resultado de um intenso trabalho de análise documental. A menção honrosa conquistada no Prêmio Capes de Tese 2022 representa um importante reconhecimento da qualidade do trabalho do PPGM-UNIRIO, programa que é, sem dúvida, uma referência para a pesquisa em Música em todo o país".
A tese “A vida social do pandeiro no Rio de Janeiro (1900-1939)” está disponível para consulta no Catálogo de Teses e Dissertações da Capes (Plataforma Sucupira).