Palestra de lançamento do projeto “Diáspora Africana no Brasil” destaca a importância da preservação da cultura afro-brasileira e do combate ao racismo estrutural
Na última sexta-feira, 25 de novembro, ocorreu a palestra on-line de lançamento do projeto Diáspora Africana no Brasil, fruto do Acordo de Cooperação Técnica entre o Instituto de Fomento Turístico de Angola (Infotur) e a UNIRIO, simbolicamente assinado no Dia da Consciência Negra (20).
O evento contou com a participação dos coordenadores do projeto, o professor Jair Martins Miranda (Arquivologia/UNIRIO) e o diretor da Infotur, professor Afonso Vita, e da arqueóloga Rosana Najar, que foi a moderadora da palestra. O objetivo foi apresentar o projeto e convidar a todos para participarem de ações que serão lançadas nos próximos cinco anos.
O professor Jair Miranda iniciou o evento explicando que o projeto Diáspora Africana no Brasil - Do Kongo ao Valongo é uma iniciativa transdisciplinar e interinstitucional, que envolverá atividades de pesquisa, ensino, extensão cultural e afro-turismo e pesquisadores de diveras áreas.
“O projeto é transdiciplinar. Todos os que quiserem participar, nos próximos cinco anos deste projeto, podem entrar em contato conosco. A proposta é criar equipes multidisciplinares, principalmente, envolvendo as áreas de Arquivologia, História, Memória Social, Patrimônio Cultural e Turismo e criar diversas ações. Dentre essas, uma pesquisa para identificar, organizar e conectar acervos de várias instituições de memória para torná-los acessíveis a historiadores, cientistas sociais e pessoas interessadas em estudar e conhecer o tráfico atlântico de africanos escravizados para o Brasil, em geral, e o trajeto entre Mbanza Kongo e Cais do Valongo, em especial, enquanto patrimônios históricos mundiais da humanidade”, explicou o professor.
O diretor-geral do Infotur, professor Afonso Henrique Francisco Vita, explicou que pretende criar uma política de divulgação e valorização desse projeto em Angola. Além disso, planeja a criação de diversos roteiros turísticos envolvendo esses sítios arqueológicos. “Precisamos promover e facilitar a aproximação entre esses dois povos. Vamos envolver a divulgação de roteiros turísticos para esses locais, que são sítios arqueológicos e patrimônio da humanidade. A pesquisa é o primeiro passo, mas precisamos também envolver as comunidades e contribuir economicamente para essas regiões. O turismo é fundamental para isso”, destacou.
Já a arqueóloga Rosana Najar destacou a importância da preservação desses sítios arqueológicos: “Um sítio arqueológico não fala por si só. É preciso haver todo um estudo, um planejamento e uma articulação para que esses projetos decolem. É maravilhoso ver todo esse envolvimento de estudiosos interessados em participar. O importante é a preservação destes lugares e a socialização das informações para que nunca seja esquecido e repetido tudo que ocorreu neste período. Não somente quero participar, mas quero aprender muito mais”.
Ao finalizar o evento, o professor Jair ressaltou a importância do projeto no combate ao racismo estrutural. “Precisamos nos unir para combater o racismo estrutural que existe no Brasil". O racismo estrutural envolve a naturalização de ações, hábitos, situações, falas e pensamentos que já fazem parte da vida cotidiana do povo brasileiro, e que promovem, direta ou indiretamente, a segregação ou o preconceito racial. O professor ressaltou ainda que o combate vem com a informação. Além disso, destacou que é preciso divulgar a cultura afro-brasileira. " Essa é a origem da nossa cultura, que compõe a nossa identidade cultural. Tanto as pesquisas quanto os projetos turísticos que estamos planejando podem contribuir para isso”, complementou.
Confira algumas das metas do projeto:
- Realizar a pesquisa “Diáspora Africana no Brasil - Do Kongo ao Valongo” sobre o Reino do Kongo e o trajeto entre a cidade de Mbanza Kongo e a região portuária na cidade do Rio de Janeiro, em torno do Cais do Valongo, por meio da metodologia “Memória Afetiva Local”;
- Oferecer a brasileiros e angolanos roteiros de viagem de afro-turismo “Rotas da Escravidão Angola-Brasil”. O projeto envolve o planejamento dos roteiros turísticos “Roteiro Turístico de Mbanza Kongo”, “Rota Turística & Cultural de Escravos em Angola” e “Circuito Histórico e Arqueológico da Celebração da Herança Africana”, na região portuária em torno do Cais do Valongo, no Rio de Janeiro, visando à reconstituição histórica e geográfica do tráfico atlântico de africanos escravizados no Brasil, o intercâmbio cultural entre Angola e Brasil e a promoção dos lugares de memória da Escravidão.