Grupo de pesquisa da UNIRIO celebra 10 anos com espetáculo inspirado na história da contravenção carioca
O Cabaré Incoerente, grupo de pesquisa da UNIRIO coordenado pela professora Christina Streva, da Escola de Teatro e do Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas, completa 10 anos em 2024. Para celebrar a data, estreia o espetáculo “A guerra dos bichos”, que tem como inspiração a história da contravenção, reunindo temas como o jogo do bicho e o carnaval.
A peça terá apresentações de 14 a 17 de agosto, às 20h (com distribuição de senhas uma hora antes do início), na Sala Glauce Rocha, do Centro de Letras e Artes da UNIRIO (Av. Pasteur, 436, Urca).
Com música ao vivo e texto contemporâneo, “A guerra dos bichos” é um espetáculo teatral inédito, que conta de forma bem-humorada os caminhos das disputas de poder entre duas famílias tradicionais de bicheiros, revelando diversas matanças e reviravoltas que marcaram o noticiário carioca. A peça mistura teatro, música, dança e performance. São 22 atores em cena, acompanhados de uma banda de seis músicos.
Segundo Christina Streva, diretora e coordenadora do projeto, o teatro-cabaré é uma linguagem que tem compromisso com a atualidade, que reflete o próprio tempo sem abrir mão de abordar temas espinhosos e questões complexas da comunidade na qual está inserido.
“O espetáculo surgiu como resultado de um processo de experimentação artística desse grupo de jovens, uma geração marcada pela escalada da violência urbana, pela ousadia cada vez maior das milícias, pelo assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes, pela impunidade que se tornou um câncer na cidade maravilhosa”, comenta.
A docente destaca que a linguagem do cabaré, utilizada na peça e trabalhada pelo grupo de pesquisa, abre diversas possibilidades. “O Cabaré pode praticamente tudo. É uma linguagem híbrida, eclética, elástica que toca nas feridas abertas da sociedade e denuncia a hipocrisia. É um gênero transgressor que não se prende às normas da dramaturgia clássica e mistura linguagens como a dança, a performance, a música, a poesia. Na sua origem, na Belle Époque francesa, o cabaré foi uma tentativa de jovens artistas e estudantes de encontrarem uma forma nova de expressar as contradições e as ambiguidades do seu tempo. Trata-se de uma poética dos opostos, onde nada é uma coisa só. Festa, celebração e glamour misturam-se com angústia, violência, medo e morte”, revela a diretora.
Sobre o projeto
Com o passar dos anos, o Cabaré Incoerente se tornou um celeiro de formação de novos talentos. Na última década, o projeto viajou para outros estados, participando de festivais Brasil afora.
Entre os trabalhos mais marcantes estão “O Gato Preto”, peça que deu origem ao projeto, baseada no conto de Edgar Allan Poe e nas pesquisas sobre o Le Chat Noir, o primeiro cabaré artístico que se tem notícia; “Cabaré Sade”, espetáculo de cinco anos do projeto, que recebeu convites para todos os festivais universitários da cidade, apresentando-se em três teatros no Rio, Belo Horizonte e São Paulo; e “O Jardim dos Espantos I e II”, peça sobre a comemoração de 200 anos da Independência do Brasil, por uma perspectiva crítica e racial, que teve fomento da Secretaria de Cultura do Estado do Rio de Janeiro e ficou em cartaz na cidade em duas temporadas.
O projeto tem um site próprio (www.cabareincoerente.com), onde são produzidos arquivos e um banco de dados de cabaristas que marcaram a história do cabaré em várias partes do mundo. Um plano futuro do Cabaré Incoerente é o lançamento de um livro que trata da história do cabaré no Brasil e da metodologia desenvolvida nesses últimos dez anos pelo projeto.
“Eu acredito que a gente vai assistir muito cabaré no Brasil pelos próximos anos, acredito que cada vez mais esta linguagem será usada como instrumento de reflexão artística. A gente ainda sabe muito pouco sobre o cabaré brasileiro, então é fascinante ter um grupo de pesquisa na UNIRIO que nos permita criar pontes, criar intercâmbio e ser também um centro de referência da pesquisa do cabaré e principalmente do cabaré brasileiro”, avalia Christina Streva.
(Informações da assessoria de imprensa do projeto)