Evento reflete sobre problemas e desafios da mulher na sociedade e na universidade
O evento Lugar de mulher na sociedade e na universidade e suas implicações na saúde, realizado no Anfiteatro Geral do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle (HUGG), foi promovido pela Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (Progepe) e pelo Grupo de Trabalho (GT) Saúde UNIRIO.
De acordo com dados apresentados pela pró-reitora de Gestão de Pessoas, Luana Aquino, dos quase 2.300 servidores ativos da Universidade, 58% são mulheres. Desse total, 43% ocupam atualmente cargos de gestão. A pró-reitora observou que, segundo informação do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), quanto mais alto o cargo atribuído, maior o nível decisório e menor a participação feminina.
No evento, a enfermeira-gerente de centro cirúrgico do HUGG, Lizandra Flores, discorreu sobre o tema: Coisa de menina? Uma conversa sobre gênero, autonomia feminina, violência contra mulher. Um dos destaques da sua fala foi sobre a romantização do papel da mulher. “A gente tem evoluído, mas ainda existem questões que precisam ser revistas", enfatizou a profissional, que é especialista em enfermagem obstétrica.
Lizandra também explicou o reforço de estereótipos em relação aos brinquedos infantis escolhidos de acordo com o gênero da criança: “Em relação aos brinquedos das meninas, mais levados para o ambiente doméstico, e o dos meninos, para um ambiente externo, público. Isso é um reforço deste estereótipo de que a mulher tem que cuidar do lar, enquanto os homens saem para trabalhar e prover o sustento da família”.
A especialista finalizou trazendo uma reflexão sobre os diversos papéis que a mulher é obrigada a assumir ao longo da vida. “A mulher polvo [que ocupa diversas funções ao mesmo tempo] tem que ser problematizada, essa ideia da mulher guerreira deve ser refletida. Temos que parar de romantizar essa situação”, alertou.
Durante o evento, houve espaço também para os participantes contribuírem com suas reflexões, como foi o caso de Fatima Monteiro, técnica do Instituto Biomédico (IB/UNIRIO): “Somos nós que criamos os homens, esses homens são educados por mulheres, são mães, avós. Portanto, muitos valores precisam ser passados por nós mulheres para nossos filhos e netos ainda criança. Precisamos pensar sobre isso”.
Por fim, Carolina Martins, psicóloga do Setor de Atenção à Saúde do Trabalhador (SAST), apresentou um panorama dos atendimentos de saúde mental das trabalhadoras da UNIRIO, de 2021 até o momento: “Em 2021, dos 30 trabalhadores e trabalhadoras atendidos, 19 eram mulheres. A maioria ocupava o cargo de professora no magistério superior. Naquele ano, a principal causa da procura foi a pandemia pandemia. Já de 2022 até o início deste ano, foram 55 atendimentos de trabalhadoras, sendo a maioria de técnicas de enfermagem, na faixa etária de 30 a 39 anos. O motivo da busca pelo atendimento foi a ansiedade, causada pelas condições de trabalho a que são submetidas” informou a psicóloga.
Os atendimentos, que fazem parte do Projeto Psicológica Qualificada, acontecem na modalidade presencial ou on-line, conforme a preferência do servidor. Os encontros presenciais serão realizados de segunda a sexta-feira, das 9h às 16h, na Progepe (Av. Presidente Vargas 446, Edifício Delamare, 21º andar, Centro). Já os atendimentos on-line poderão ser realizados por chamadas de áudio ou vídeo.
Os interessados em participar podem se inscrever por meio de formulário eletrônico. O formulário contém informações importantes para a elaboração de relatórios anuais que possibilitarão a quantificação dos atendimentos, construção do perfil dos trabalhadores atendidos, caracterização das demandas mais frequentes, entre outros pontos.
(Cristiane Flores, bolsista Pradig, sob supervisão da equipe da Comso)