'Estamos confrontando grandes latifundiários', diz representante da Fundação Palmares em encontro internacional
O patrimônio cultural afro-brasileiro foi tema de discussão na manhã desta quinta-feira, 15 de agosto, no VII Seminário de Educação Diferenciada e Etnoconhecimento e I Encontro Internacional de Saúde, Segurança e Meio Ambiente nas Comunidades Tradicionais. Realizado no auditório Vera Janacopulos, o duplo evento é promovido pela Fundacentro em parceria com a UNIRIO e o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
No primeiro painel do dia, a professora Neia Daniel de Alcantara, representante da Fundação Palmares, do Ministério da Cultura, falou sobre o trabalho do órgão em prol das comunidades remanescentes de quilombos. Atualmente, mais de 1.500 comunidades espalhadas pelo território nacional estão certificadas pela Fundação. “Não é um trabalho fácil, afinal, estamos confrontando grandes latifundiários, o que é muito perigoso até mesmo para as próprias comunidades”, observou Neia.
A presidente da Fundacentro, Maria Amélia de Souza Reis, lembrou que ainda somos um povo racista. “Estou fazendo uma pesquisa nas comunidades que têm quilombolas, e eles são silenciados. Mais do que silenciados, ‘não existem’”, apontou.
Em seguida, o professor Zéca Ligieiro, do Núcleo de Pesquisa e Performance Afro-Ameríndia da UNIRIO, falou sobre a cultura afro-brasileira, abordando a dança, o futebol e a capoeira. “Em relação à performance africana, é impossível separar o ‘cantar’ do ‘dançar’ e do ‘batucar’”, disse. Segundo ele, a elegância de movimentos e o estilo pessoal de expressão são características herdadas das culturas africanas.
Abordando o trabalho feminino no continente africano, a diretora executiva do Conselho Internacional de Museus Africanos (Africom), Rudo Sithole, discutiu sobre a atuação das mulheres na sociedade desde os tempos pré-históricos, passando pela época de escravidão e pela influência na cultura brasileira. Já o professor Ossama Abdel Meguid, membro do Conselho Internacional de Museus (Icom), falou sobre trabalho e conhecimento tradicional como patrimônio, evidenciando a experiência do Egito.