Audiência pública debateu a adoção de cotas trans nos cursos de graduação da UNIRIO
A UNIRIO promoveu uma audiência pública no Auditório Tércio Pacitti para discutir a adoção de reserva de vagas nos cursos de graduação presenciais para pessoas trans. O evento foi organizado pela Pró-Reitoria de Graduação (Prograd), em parceria com o Diretório Central dos Estudantes (DCE) e com a Escola de Serviço Social.
A adoção de cotas para pessoas trans está em discussão na UNIRIO. Após recomendação da Câmara de Graduação, a Prograd abriu uma consulta pública sobre a minuta de Resolução que institui a ação afirmativa. A minuta foi elaborada em consonância com a legislação vigente e prevê a reserva de uma vaga para pessoas trans, por curso de graduação presencial da UNIRIO, nos processos seletivos de acesso às vagas iniciais.
A mesa de abertura do evento contou com a presença do reitor José da Costa e da vice-reitora Bruna Nascimento, além de representantes da Coordenadoria de Acompanhamento e Avaliação do Ensino de Graduação (Caeg), do Coletivo Trans da Escola de Teatro de UNIRIO e do Coletivo Trans da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).
No início do evento, o presidente do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle (HUGG), João Marcelo Ramalho Alves, fez um discurso exaltando o fato de o Hospital ter sido credenciado pelo Ministério da Saúde para realizar a modalidade hospitalar do processo transexualizador. "O processo transexualizador não é apenas fazer a cirurgia de redesignação sexual, mas todo um serviço que envolve acompanhamento, avaliação médica, avaliação psicológica, avaliação endocrinológica, nutricional, até o final com os processos cirúrgicos. Somente este ano, já realizamos quase dez cirurgias", explicou o diretor.
A deputada estadual Dani Balbi também participou da audiência. Balbi é doutora em Ciência da Literatura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e foi também a primeira professora transexual da UFRJ, ministrando aulas na Escola de Comunicação.
"Quando a gente olha para a população LGBTQIAP+ e, especialmente, para as pessoas transexuais e travestis, a gente constata que 0,03% da população T está nas universidades e 70% da população transexual e travesti teve que interromper o ciclo de formação básica porque foram expulsos de casa ou porque a escola também reproduz modelos de formação transfóbicos e violentos. Precisamos estabelecer uma reparação histórica por meio da reserva de vagas nas universidades", apontou a deputada.
Em sua fala, Alice, representante do Coletivo Trans da UFRRJ, explicou como se deu o processo de implantação das cotas trans em sua instituição. No último mês de setembro, o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) da UFRRJ aprovou a política de reserva de vagas na graduação para pessoas travestis e transexuais. Essa cota começa a valer já no ano que vem e vai abranger todos os cursos, turnos e campi da UFRRJ.
De acordo com a proposta, 3% das vagas supranumerárias serão destinadas a candidatas e candidatos que se autodeclararem pertencentes ao grupo específico dessa chamada. "Ou seja, as vagas dessa seleção não vão interferir naquelas da ampla concorrência ou das outras políticas de cotas", explicou Alice.
A audiência completa pode ser vista no vídeo abaixo: