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Instituto Biomédico

Campus IB 

Rua Frei Caneca, 94, Centro

(fotos)

 

Ano de inauguração: 1950

Ano de incorporação à UNIRIO: 1969

Instituto Biomédico em 1950

 Escola de Medicina e Cirurgia inaugurada em 1950. Fonte: BORGES, Maurício. 2008

O campus Frei Caneca, formado pelo seu terreno e suas edificações, faz parte da UNIRIO desde a sua fundação, por ter sido um bem da Escola de Medicina e Cirurgia, que era uma das federações isoladas que congregou para a criação da FEFIEG.

O terreno da Frei Caneca era da União e foi doado em 1916 para o Instituto Hahnemanniano, uma instituição privada de ensino e ciência que pretendia construir no local um hospital de caridade, para atender a população mais pobre. 

O terreno cedido possuía algumas edificações já erguidas e devido a situação financeira desfavorável, a instituição decide por apenas reformá-las para iniciar o atendimento das atividades ambulatoriais e hospitalares. 

A partir dos anos 1950, com o estado de degradação dos edifícios, o instituto resolve por demolir as instalações existentes e construir cinco novos pavilhões, sendo um deles um novo hospital, de arquitetura mais imponente.

Entretanto, as dificuldades são inúmeras e a obra é parada por diversas vezes, por problemas de ordem técnica e financeira, chegando a desmoronar toda a estrutura do edifício quando o mesmo se encontrava no quinto pavimento. 

A administração do instituto opta então por recomeçar os trabalhos com um prédio provisório e mais modesto, e assim, na segunda metade da década de 1950 ficam prontos o prédio principal e o pavilhão A. Nos anos seguintes outros pavilhões são construídos. 

Neste mesmo período, acontece a separação dos cursos de medicina homeopática e alopática e em 1950 a Escola de Medicina e Cirurgia, que praticava a medicina alopática, é oficialmente emancipada do Instituto Hahnemanniano, de medicina homeopática. 

Com a separação dos cursos, os bens também são divididos entre as instituições da seguinte forma: dois quintos do imóvel do terreno da R. Frei Caneca, nº 94 , dois terços da área total do terreno, o 2º, 3º e 4º pavimentos do prédio principal recém construído e cinco pavilhões anexos seriam cedidos à Escola de Medicina e Cirurgia e o restante seriam do Hahnemanniano. 

A forma de divisão dos bens traz consequências até os dias de hoje, pois as duas instituições coexistem no mesmo espaço físico, porém não se chega num acordo de como lidar com as questões de manutenção predial dos edifícios compartilhados. 

A história destes prédios entrelaça a história da UNIRIO e do Instituto Hahnemanniano do Brasil, primeira faculdade de medicina homeopática do Brasil, sendo, portanto, testemunho da relação da faculdade de Medicina alopática e homeopática. 

Tombamento: Não se aplica

Embora não seja um edifício protegido pelo instrumento do tombamento, o Pavilhão A do IB possui valor histórico para a UNIRIO, tendo sido parte integrante da universidade desde a sua criação no decreto de 1969. Também é  um edifício com relevante papel na história da Escola de Medicina e Cirurgia e da própria medicina no Rio de Janeiro. 

Arquiteto Responsável: Francisco Cuchet

Francisco Cuchet iniciou sua carreira no Brasil como colaborador do escritório técnico de Heitor de Mello, que foi considerado o "arquiteto da primeira república". Influenciado pelas ideias do ecletismo e com sólida formação nos princípios arquitetônicos do Renascimento italiano, fez diversos projetos em parceria com o arquiteto Archimedes Memória em diferentes estilos, combinando elementos de épocas e lugares diversos. Juntos conceberam o projeto do Palácio Tiradentes (1921), o Palácio das Grandes Indústrias e o plano urbanístico da Exposição Internacional de 1922, o Jockey Club brasileiro (1926) e a sede do Botafogo Futebol Clube e Regatas (1928).

Uso e estado de conservação atual 

O edifício é sede do Instituto de Biomedicina, que é responsável pela coordenação do curso de graduação em Biomedicina e na colaboração na formação profissional dos estudantes nos cursos de Biologia, Enfermagem, Medicina e Nutrição. 

No bloco A funciona a área do Instituto Hahnemanniano do Brasil, direção do IB, direção do IHB, departamento de ciências fisiológicas, área da fisiologia, centro acadêmico do curso de biomedicina, almoxarifado do IB, departamento de bioquímica, laboratórios de Pesquisa, de farmacologia, biofísica, departamento de ciências morfológicas, área de anatomia microscópica. 

O bloco D, também conhecido como Pavilhão Benjamin Baptista, é a sede dos departamentos de genética e biologia molecular, de ciências morfológicas, das áreas de anatomia. Nele também funcionam laboratórios de ensino, oficina de refrigeração, departamento de microbiologia e parasitologia, área de parasitologia, área de imunologia e microbiologia, laboratórios e salas de professores.

Assim como ao longo de sua história, o IB ainda sofre com a degradação de suas instalações devido a dificuldade de manutenção pela falta de verbas para tal. Embora esta seja uma questão comum na gestão de edifícios públicos, no caso do IB, há o agravante do imbróglio judicial entre a UNIRIO e o Instituto Hahnemanniano a respeito da propriedade e gestão destes bens. Esta indefinição prejudica as tomadas de decisão quanto à responsabilidade pela manutenção, reforma e melhorias necessárias aos prédios. 

Histórico

Em 1914, Licínio Cardoso, fundador da Faculdade Hahnemanniana, pleiteia a cessão do terreno do quartel do Regimento da Brigada da Cavalaria da Brigada Policial, com cerca de 6.100 m², na Rua Frei Caneca, esquina com a Rua do Areal - atual Rua Moncorvo Filho, que encontrava-se em estado de abandono. 

Embora o Instituto Hahnemanniano fosse uma instituição privada, o seu fundador justificou o requerimento para a anexação de um terreno público para a sua instituição por ser tratar de uma associação científica notável, que fazia um trabalho social importante e por querer erguer no terreno em questão um hospital público de médio porte para o atendimento de pobres e indigentes. 

Nas palavras de Licínio Cardoso, o instituto iria colaborar com o estado em “dois serviços sociais da mais alta relevância: um, o socorro dos desgraçados que fazem jus à caridade nas suas modéstias, outro, o ensino da Medicina”.¹ 

O terreno foi cedido para o Instituto em 1915 e no mesmo se iniciaram as obras para a recuperação das edificações que ali existiam: um prédio de dois andares, que havia pertencido ao Barão de Vista Alegre e alguns pavilhões que eram utilizados pela Brigada Policial. Ambos estavam bastante degradados, tendo sido alvo de vândalos e saques. 

Palacete Barão de Vista Alegre

 Palacete do Barão de Vista Alegre, edifício existente no terreno e que abrigou as primeiras instalações da Escola de Medicina e Cirurgia. Fonte: BORGES, Maurício. 2008

Devido a escassez de recursos dispostos pela instituição, as obras de recuperação ficaram restritas ao pavilhão principal e a um dos pavilhões e assim, em 1916 é inaugurado o Hospital Hahnemanniano, que contava com uma policlínica de cinco consultórios e três enfermarias de dez leitos cada, sendo uma para crianças, uma para mulheres e outra para homens, laboratórios de suporte às enfermarias e uma farmácia. 

Nos anos seguintes outros anexos são criados, como o laboratório de microbiologia, uma capela dotada de refeitório e dormitório para as freiras que atuavam na área administrativa do hospital. Em 1922 um novo anexo de dois pavimentos - o Pavilhão Joaquim Murtinho, é inaugurado, ampliando as instalações do hospital, com quartos particulares, novas enfermarias, centro cirúrgico, salas de apoio e gabinete do diretor. 

Diversas personalidades estiveram presentes na inauguração deste pavilhão, dentre eles, o filantropo Guilherme Guinle que na ocasião fez uma robusta doação para colaborar com as obras de extensão das instalações do instituto hahnemanniano, que anos mais tarde iriam ser incorporadas à sua principal obra filantrópica: o Hospital Universitário Gaffrée e Guinle. 

O Hospital Hahnemanniano realizou muitos atendimentos na época, sendo procurado principalmente pela população mais desassistida da capital, que diariamente se avolumavam em filas em frente ao edifício para serem atendidos na parte médica e odontológica.

Entretanto, o número de internações era aquém do esperado pela administração, de acordo com registros da imprensa na época. Este quadro é alterado após a inauguração do Pavilhão Joaquim Murtinho e das enfermarias pediátricas, quando enfim o hospital ganha a simpatia e confiança do seu público alvo. 

Embora fosse uma instituição privada, o hospital contava com um subsídio do governo, além das doações e do apoio da sociedade que organizava eventos e campanhas para a arrecadação de fundos. Esses subsídios foram os responsáveis pelas ampliações que se seguiram ao longo da década de 1920, como os laboratórios de anatomia, de histologia, de microbiologia, uma nova maternidade e serviço de ginecologia e as já citadas enfermarias pediátricas. 

Em 1921, a faculdade Hahnemanniana é legalmente equiparada a uma universidade oficial, criando-se assim a Escola de Medicina e Cirurgia do Instituto Hahnemanniano do Brasil. 

A partir dos anos 1940,  a direção do Instituto resolveu construir uma nova sede e um novo hospital, uma vez que as suas instalações encontravam-se em estado precário de conservação e assim, em 1944, o escritório técnico Gabriel M. Fernandes, representado por Francisco Cuchet, é contratado para a direção, fiscalização e conclusão da obra.

O projeto inicial de Cuchet era grandioso e constava de cinco pavilhões - A,B,C,D,E, dos quais, um teria três andares, dois com seis andares e outros maiores com nove andares. 

Os pavilhões contariam ainda com “fachadas imponentes, escadarias, grande hall, salas de conferências, anfiteatros, repetidas salas de operações, duas bibliotecas, largas dependências para cada professor e suas clínicas especializadas, laboratórios, instalações amplas para o Instituto e secretaria, além de uma moderna casa de saúde com 100 quartos”. ² 

Apesar das boas intenções, os professores não recebem bem  o projeto, alegando não terem sido ouvidos em seus anseios e que o conglomerado dos prédios contrastava com as reais condições econômicas da obra e das possibilidades práticas de funcionamento do complexo, além de ponderações de caráter técnico e estrutural. 

As obras são iniciadas em 1945 e as primeiras grandes dificuldades se apresentam, na demolição da sólida estrutura do palacete do Barão de Vista Alegre. Na sequência a obra é suspensa pois a empresa contratada não correspondia às exigências da comissão de obras e uma nova empresa é contratada. 

Com a nova empresa, as obras são levadas a todo vapor, até serem paralisadas novamente em 1948, devido a constatação de fragilidades na estrutura. Este fato, somado a problemas técnicos, financeiros e administrativos levam ao embargo da obra pela Diretoria de Obras do Distrito Federal, em 1949.

Assim, uma nova comissão fiscalizadora é instituída e a mesma determina o reforço no escoramento das fundações já executadas. Entretanto, a perícia técnica opinou pela completa demolição das estruturas que estavam condenadas, pois as mesmas apresentavam-se com precária estabilidade. 

As obras vão mal e há relatos inclusive do desmoronamento total da estrutura, que já encontrava-se no quinto pavimento, agravando ainda mais a situação financeira da instituição. 

Enfim em 1950 as obras são retomadas, desta vez com um pavilhão provisório para abrigar os serviços e laboratórios da Escola de Medicina e Cirurgia a partir das fundações que encontravam-se em bom estado na área do pavilhão B do projeto inicial. 

O pavilhão provisório ficou pronto em seis meses e contava com laboratórios e um anfiteatro para 80 alunos. Já o prédio da Escola de Medicina, o bloco A, foi concluído na segunda metade da década de 1950. 

Enquanto aconteciam as obras, a Escola de Medicina e Cirurgia tratava de sua situação frente ao Instituto Hahnemanniano e assim, em 1948, é definido em Assembleia Geral que a Escola de Medicina e Cirurgia é emancipada, tendo assim sua autonomia didática e científica reconhecida. Entretanto, apenas em 1950 esta emancipação é reconhecida oficialmente. 

Com a separação das instituições, o hospital passou a ser alvo de disputa entre o instituto e a recém emancipada Escola de Medicina, que na época era uma escola privada. Somente em 1951 as instituições entram em acordo sobre a divisão dos bens. 

Fica então regulamentado por lei federal, em 1951, que dois quintos do imóvel do terreno da R. Frei Caneca, nº 94 , dois terços da área total do terreno, o 2º, 3º e 4ºpavimentos do prédio principal recém construído e cinco pavilhões anexos seriam cedidos à Escola de Medicina e Cirurgia, de modo que ambas as instituições coexistem no mesmo endereço até os dias de hoje. 

A Escola de Medicina passa por diversas dificuldades, sobretudo financeiras, que a levam a trilhar o caminho para a sua federalização, fato que é concretizado em 1957. Com a federalização da escola, todos os seus bens móveis, imóveis passam a ser incorporados ao Patrimônio Nacional. 

Após a reforma universitária de 1968 que orienta a congregação de escolas isoladas, é criada por decreto-lei, em 1969, a Federação das Escolas Federais Isoladas da Guanabara (FEFIEG), integrada por sete unidades independentes, dentre elas a Escola de Medicina e Cirurgia. Desta forma, todos os bens da Escola de Medicina passam a pertencer a FEFIEG, inclusive o terreno da Frei Caneca, 94 e todos os seus imóveis.  

Nos anos seguintes há uma alteração na estrutura curricular do curso de Medicina e é criado então o Instituto Biomédico que irá ocupar as dependências da Escola de Medicina e Cirurgia, o que se mantém até os dias de hoje. 

 

¹BORGES, M. R. A história da Escola de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Revinter, p. 163. 2008;

²BORGES, M. R. A história da Escola de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Revinter, p. 406.. 2008;