Centro de Ciências Jurídicas e Políticas
Campus CCJP
Rua Voluntários da Pátria, 107, Botafogo.
(fotos)
Ano de inauguração: 1897
Ano de incorporação à UNIRIO: 1978
Casarão da Voluntários - Centro de Ciências Jurídicas e Políticas. Fonte: Acervo Coordenação de Engenharia
Estima-se que o casarão da Voluntários tenha sido construído em 1897. Originalmente o imóvel, construído com uma tipologia bastante comum na época, foi a residência do comerciante e colecionador de artes estrangeiro E. E. Bechtinger.
A partir de 1930 o imóvel passa a pertencer a instituição filantrópica Casa da Criança, que o utiliza de modo compartilhado com o Ministério da Educação e Saúde Pública. Os primeiros anexos e reformas para os fins de uso institucional provavelmente foram feitos neste período.
Em 1978 a UNIRIO, que ainda se chamava FEFIERJ, recebe a cessão de uso do imóvel por tempo indeterminado e o prédio passa por novas reformas e alterações para se adaptar ao novo uso.
Em 2015 a UNIRIO contratou um projeto completo de restauro do casarão que prevê a sua total recuperação. Entretanto, devido a limitação de recursos, este projeto vem sendo executado em partes desde então. Algumas etapas encontram-se em execução, como as melhorias nas partes internas do 2º pavimento e outras já foram concluídas como as obras de recuperação do telhado e do piso, paredes e forros do 3ºpavimento.
Tombamento: Decreto Municipal 9.904/90
O decreto municipal determina o tombamento das fachadas, volumetria e telhado do imóvel da R. Voluntários da Pátria, 107 e de outros bens no mesmo bairro, considerando a necessidade de estabelecer medidas urgentes de preservação para o bairro de Botafogo, onde ainda ocorrem magníficos exemplares de arquitetura com tipologia eclética e conjuntos arquitetônicos que mantêm a ambiência das primeiras décadas do século XX.
Arquiteto Responsável: Desconhecido
Uso e estado de conservação atual:
Atualmente, o segundo pavimento do casarão encontra-se completamente desativado e somente o pavimento térreo - antigo porão habitável e o primeiro pavimento funcionam de forma permanente.
No térreo ficam as salas destinadas às funções administrativas da Decania do CCJP, as secretarias dos cursos do Centro, a Sala dos Professores e a sala do Protocolo, além de banheiros e de uma copa e no primeiro pavimento abriga precariamente salas de depósitos de materiais de limpeza e manutenção, além de sala de descanso e refeições para os funcionários das equipes de apoio que atuam no campus.
A utilização parcial do edifício deve-se aos riscos provocados pelas condições de instabilidade de alguns elementos construtivos e da ausência de assoalho e forro em algumas salas, além das condições insalubres provocadas por infestações de pombos e outros animais.
Por se tratar de um imóvel antigo também são necessárias adaptações para as condições de acessibilidade, não só no casarão, mas em todo o campus.
Entretanto, apesar das dificuldades de ordem financeira, desde 2015 o imóvel vem sendo recuperado, através de obras parciais de restauro para que as suas condições de uso sejam condizentes com a necessidade e dignidade dos seus usuários.
Descrição do bem:
A fachada principal do casarão é delimitada por duas colunas laterais tripartidas e decoradas em massa que emolduram as fileiras de quatro janelas em cada pavimento.
No porão, as janelas possuem cercadura em pedra e grades de ferro fundido e nos dos pavimentos superiores possuem cercadura em pedra, sacadas com gradis em ferro fundido, esquadria de madeira com duas folhas e bandeira fixa e são encimadas por sobrevergas retas decoradas.
Acima das janelas o fechamento é feito por grande arquitrave com decoração eclética e com pequena cartela no centro no qual se exibe a inscrição da data “1897”.
O coroamento do edifício consiste em platibanda com balaustrada e cartela decorada. As fachadas laterais apresentam lógica semelhante, porém com cinco vãos em cada pavimento e decoração mais contida.
O alpendre lateral possui estrutura em ferro fundido com cinco pilares de seção circular que sustentam a cobertura de telhas francesas. Os guarda-corpos, corrimãos e a parte superior da estrutura do alpendre também são de ferro fundido decorados.
A cobertura da edificação é feita por telhado de quatro águas de telhas cerâmicas de tipo francesa escondido por platibandas em todo seu perímetro.
Histórico:
A data estimada de 1897 para a construção do casarão se deve à inscrição na cartela do coroamento da fachada principal.
Até 1930, o imóvel fora a residência do comerciante e colecionador de arte estrangeiro E. E. Bechtinger.
O uso residencial e a tipologia de casarão com porão alto eram recorrentes no bairro de Botafogo durante a segunda metade do século XIX até princípios do século XX, período em que os comerciantes e representantes da aristocracia da época instalaram suas residências no bairro considerado uma nova área de expansão urbana para a época.
A partir da década de 1930 o edifício passa a ser de propriedade de instituição filantrópica denominada Casa da Criança, que compartilha o uso institucional do imóvel com o Ministério da Educação e Saúde Pública.
Este tipo de mudança - de propriedade e destinação - era uma situação comum na época, principalmente quando se tratava de imóvel cujo dono não possuía herdeiros.
Datam deste período os registros das primeiras alterações realizadas, com a provável construção dos primeiros anexos a partir da década de 1940.
Em 1978, o prédio foi cedido para uso por tempo indeterminado para a Federação das Escolas Isoladas do Estado do Rio de Janeiro, que em seguida se tornaria a UNIRIO.
Desde então o prédio teve diferentes tipos de uso administrativos e acadêmicos no âmbito da universidade, o que provocou a realização de sucessivas modificações no conjunto, sobretudo com a construção de novos edifícios anexos nos fundos do terreno.
No entanto, o casarão mantém originais ainda hoje seus principais traços arquitetônicos e construtivos, sobretudo nas fachadas principal e nas laterais, além da estrutura em ferro fundido da varanda, a escadaria e as paredes internas, e a cobertura.
As descaracterizações mais graves foram a subtração da fachada posterior em função do prédio anexo, com interligações feitas entre os pavimentos do casarão e do bloco contíguo, além das inúmeras perdas de elementos como forros, pisos, portas e janelas causadas pelo grave estado de abandono e deterioração do edifício, especialmente nas áreas internas dos dois pavimentos superiores.
Em 2015 a UNIRIO contratou um projeto executivo para as obras completas de restauro do casarão. Desde então o projeto vem sendo executado em etapas, devido a questões orçamentárias.
A primeira das obras executadas foi a melhorias dos telhados que foram totalmente recuperados. Em 2019 se iniciaram as melhorias internas, desde o 3º pavimento, com a desinsetização e recuperação de pisos, paredes e forros. A terceira etapa de obra no casarão teve início neste ano de 2021 e faz melhorias também no piso, paredes e forros, porém no 2º pavimento.