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Psiquiatria em cena

por comunicacao — publicado 18/05/2016 20h40, última modificação 18/05/2016 21h04
Companhia teatral suíça formada por pessoas com problemas mentais interpreta obra "O Alienista", de Machado de Assis, durante a Semana de Enfermagem

Após retornar à sua terra-natal, Itaguaí, o renomado psiquiatra Simão Bacamarte funda seu próprio manicômio, onde passa a internar todos aqueles que considera desequilibrados, gerando revolta entre os habitantes da cidade. A história, publicada em 1882, na novela O Alienista, de Machado de Assis, foi encenada na última sexta-feira, dia 13, no Auditório Vera Janacopulos, pela companhia teatral suíça Les Anti-dépresseurs.

No palco, atores e atrizes com problemas mentais manipulavam manequins representando os personagens da trama. “A pessoa que tem um problema psiquiátrico não é completamente doente: há uma parte saudável, que tem consciência”, esclareceu a psicóloga Noëlle Fabre, animadora sociocultural do grupo. Segundo ela, durante o espetáculo, o ator que está atrás do manequim é saudável, enquanto o boneco simboliza a moléstia de forma caricatural. “Dessa maneira, a pessoa pode observar e ‘manipular’ a doença, exercendo controle sobre ela”.

De acordo com Noëlle, o tratamento por meio da arte, seja teatro, música ou pintura, tem o poder de “contornar” a enfermidade. “É preciso trabalhar com a saúde, não com a doença”, salientou. Para ela, embora a obra de Machado tenha sido escrita no século XIX, o tema permanece atual. “Em vez de lutar contra os problemas psiquiátricos, prescrevemos medicamentos para controlar as pessoas”. Quando questionada sobre a alternativa a esse modelo de tratamento, ela diz que também não tem a solução, mas aponta um caminho. “A arte ajuda muito, junto com os remédios”.

Também acompanhando o grupo estava o brasileiro Wolgrand Ribeiro, que há 20 anos atua na área, como animador sociocultural. Para ele, a montagem da peça serviu para que os integrantes resolvessem sua própria relação com o psiquiatra. “Foi uma revanche”, disse. Assim como Noëlle, ele também relaciona o tema da peça ao contexto atual. “A cada edição, o CID [Classificação Internacional de Doenças] traz novas enfermidades”, observa. “Além disso, a indústria farmacêutica, principalmente na Suíça, é muito grande: a pessoa se consulta com um psiquiatra e ele já prescreve um antidepressivo”.

Além da UNIRIO, a turnê brasileira do grupo incluiu apresentações na Escola Manuel Francisco da Silveira, em Magé, e na instituição Novaes Agra, localizada no mesmo município. A companhia de teatro faz parte do Centro Espoir, em Genebra, onde vivem 120 pessoas com diversos problemas psiquiátricos. Além de atividades artísticas, os moradores também fazem trabalhos de jardinagem, marcenaria, cerâmica e artesanato.

Semana de Enfermagem

O espetáculo integrou a programação da Semana de Enfermagem 2016. A vinda da trupe à UNIRIO foi viabilizada pelo professor da Escola de Enfermagem Alfredo Pinto (EEAP) Fernando Porto. Para a professora da EEAP Almerinda Moreira, a apresentação foi uma atividade de ensino e cultura: “uma aula diferente para os alunos”, definiu, lembrando que nesta quarta-feira, 18, comemora-se o Dia da Luta Antimanicomial.

Já a diretora da EEAP, Sônia Regina de Souza, destacou que a Escola promove diversas ações de ensino e extensão relacionadas à saúde mental, fora do ambiente hospitalar. “Essa é uma tendência mundial de valorizar e tratar as pessoas”, ressaltou.

A programação da Semana de Enfermagem se estende até esta sexta-feira, dia 20. Confira as próximas atividades.

Para a psicóloga que acompanha o grupo, a obra de Machado, escrita no século XIX, permanece atual (Foto: Comso)

(Gabriella Praça/Comso

registrado em: EEAP

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