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A música como arte de viver: o trabalho musical em perspectiva

O trabalho – em sua ampla compreensão – é um dos mais relevantes pilares a sustentar a organização de sociedades modernas. Não à toa, o futuro das atividades laborais e o impacto de suas metamorfoses sobre a qualidade de vida dos seres humanos é tema de debate entre autores/as de diversas áreas do conhecimento, bem como entre especialistas vinculados a órgãos multilaterais contemporâneo. Um perfil frequentemente atribuído ao trabalhador para tempos vindouros por tais agentes e instituições, compartilha, ironicamente, diversos traços com com o habitus ocupacional há muito incorporado por musicistas. O profissional inovador empreendedor, intrinsecamente motivado, competitivo, móvel, em constante formação, inserido em uma economia de incertezas e, consequentemente, de inseguranças, é um modelo que inspira, no presente, o músico enquanto trabalhador – forjado, por sua vez, no passado do Romantismo – e também o simulacro do “profissional do futuro”, tipificado por documentos oficiais diversos produzidos, por exemplo, pelo Banco Mundial. A ocupação dos musicistas torna-se, portanto, um alvo privilegiado para a observação de recentes metamorfoses percebidas no mundo do trabalho, podendo as alegrias e angústias que lhes são particulares inspirar debates acerca de tópicos de extrema relevância para o Brasil contemporâneo. Interessa, a partir do presente projeto, os estudos acerca de temáticas pertinentes

(1) à dissociação estrutural e historicamente estabelecida entre fazeres laborais e musicais;

(2) à vinculação dos fazeres musicais a uma compreensão essencialista do talento;

(3) ao baixo reconhecimento, no campo musical, do capital cultural em sua forma institucionalizada;

(4) à compreensão da música como uma ocupação “de amor”;

(5) à informalidade a caracterizar os fazeres laborais dos musicistas;

(6) à acentuada flexibilidade que também os particularizam; e

(7) às desigualdades legitimadas e espetaculares verificadas em um mercado de trabalho no qual “o vencedor leva tudo”.