código do Google analytics Escola de Enfermagem discute identidade de gênero e o papel dos profissionais de saúde — Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
Central de Conteúdos

Icone de um calendárioEventos

Ícone de um jornal dobradoPublicações

ícone periódicosPeriódicos Científicos

Ícone de uma filmadora na cor branca com findo azulVídeos

Você está aqui: Página Inicial / Escola de Enfermagem discute identidade de gênero e o papel dos profissionais de saúde

Escola de Enfermagem discute identidade de gênero e o papel dos profissionais de saúde

por Comso publicado 08/03/2016 17h25, última modificação 10/03/2016 15h54

Ninguém Nasce Mulher: torna-se mulher. A célebre citação de Simone de Beauvoir foi o mote da mesa-redonda realizada no Auditório Vera Janacopulos na tarde desta segunda-feira, dia 8. O evento, promovido em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, marcou a abertura das atividades deste semestre na Escola de Enfermagem Alfredo Pinto (EEAP).

“É sempre polêmico e difícil tratar de questões do âmbito da sexualidade, por ser algo que desperta medos, tabus e preconceitos”, ressaltou a professora encarregada de mediar a discussão, Adriana Lemos, chefe do Departamento de Enfermagem em Saúde Pública. Para ela, é preciso evitar que convicções pessoais a respeito do tema afetem a atuação dos profissionais de Saúde. “Direito sexual e reprodutivo é um direito humano e, no campo profissional, devemos garanti-lo”.

Transexualidade

Em seguida, a transmulher Kathyla Katheryne Valverde discorreu sobre transexualidade e a construção da identidade de gênero. “Existe uma parcela da sociedade, pequena, que se olha no espelho e sente tristeza: você quer fugir daquilo, não quer olhar aquilo, até se tocar é complicado”, confessou. Kathyla tem 49 anos de idade e 30 de carreira como musicista. É aluna de graduação em Pedagogia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e de curso de extensão em Contrabaixo na Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Além disso, é transativista da Associação das Travestis e Transexuais do Estado do Rio (Astra-Rio).

Segundo a palestrante, apesar de todos os avanços ocorridos nas últimas décadas, atualmente se verifica certo retrocesso no debate sobre os direitos da população LGBT. “Em 1979, a Câmara dos Deputados aprovou a mudança de sexo e de nome, mas o general Figueiredo vetou. Hoje, é o contrário: o Congresso não quer dar nada, a bancada evangélica não deixa”, comparou. Embora se declare “evangélica há 20 anos”, Kathyla se posiciona contra o que chamou de “correntes radicais querendo que esse país seja teocrático”.

A ativista falou também sobre os aspectos fisiológicos, metabólicos e comportamentais envolvidos na mudança de sexo, a necessidade de acompanhamento médico de longo prazo e o papel dos profissionais da área. “Não podemos ser radicais em lugar nenhum; não podemos utilizar questões religiosas para deixar de atender a população. A obrigação do profissional é cuidar, e não sentenciar”, concluiu.

Direitos

Também presente no debate, a coordenadora do Comitê Latino-Americano para Defesa dos Direitos da Mulher (Cladem), Ana Paula Sciammarella, discutiu sobre direitos humanos e o desafio da definição de “gênero” para a área jurídica. “No mundo do Direito, houve uma utopia muito forte quando se falou na construção de um sistema de direitos humanos com a ideia da universalidade, pois esses direitos estão em permanente construção”, salientou. Atualmente, Ana Paula é doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Direito da Universidade Federal Fluminense (UFF). De acordo com ela, após a produção da Declaração Universal dos Direitos Humanos, divulgada pela ONU no contexto pós-guerra, em 1948, foram necessárias convenções para tratar de outros temas, como tortura, desigualdade racial e direitos da mulher.

“Para falar de direito sexual e reprodutivo, foi preciso falar de acesso à saúde. Temos uma série de normas que tratam desse tema e que vão orientar como devem agir os profissionais do Direito e da Saúde”, apontou. Segundo ela, “o que é gênero” e “o que é ser mulher” são questões que estão na própria lei e que colocam em xeque o aspecto ético nessas áreas de atuação. “Como profissionais de Saúde, o comprometimento de vocês é com o compromisso ético que vocês firmaram; não com o sistema de saúde pública, isso eu posso garantir”. 

(Gabriella Praça/Comso)

Da esquerda para a direita: transativista Kathyla Katheryne Valverde; professora da EEAP Adriana Lemos; e coordenadora do Cladem, Ana Paula Sciammarella (Foto: Comso)

registrado em: Enfermagem

Capes CNPQ Imagem Rede Unirio