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Novos Gestores: Andréa Rosana Fetzner

por Comunicação publicado 30/11/2021 17h19, última modificação 03/12/2021 15h28
Diretora da Escola de Educação aborda transformações provocadas pelo período de confinamento e o papel social da educação em tempos de incertezas

Propor uma estrutura curricular articulada com os desafios contemporâneos em relação à democracia e às demandas da sociedade, exercendo uma gestão coletiva, participativa e colaborativa. Essa é a prioridade da professora Andréa Fetzner à frente da Escola de Educação da UNIRIO.

Graduada em Ciências Sociais pela Universidade do Vale dos Sinos (Unisinos), Andrea concluiu o curso de mestrado em Educação em 1999, pela mesma instituição. Em 2007, doutorou-se em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). É docente da UNIRIO desde 2009 e, em maio deste ano, tornou-se diretora da Escola de Educação.

Em entrevista à série “Novos Gestores”, a professora aborda as transformações provocadas pelo ensino remoto, o papel social da educação em tempos de incertezas e as expectativas para a Escola nos próximos anos. A série se volta para diretores e decanos da UNIRIO que assumiram o cargo ou foram reconduzidos no último biênio, concomitantemente ao período de pandemia.

Quais são os principais desafios da Escola de Educação para os próximos anos?

Os principais desafios da Escola de Educação para os próximos anos estão na reconstrução de projetos com a sociedade que tenham como orientação o diálogo entre os saberes populares e a ciência – no nosso caso específico, a ciência no campo da educação.

O que percebemos hoje, nos espaços-tempo marcados por incertezas, são questões desafiadoras: sobreviveremos ou não aos novos vírus? Conseguiremos reverter a forma como estamos lidando com o ambiente? A pandemia nos trará aprendizagens outras em defesa de um trabalho mais integrado ao bem viver? Será possível intervir de forma urgente na concentração de poder e riqueza a ponto de preservar a vida humana na Terra?

Estamos na luta por um outro mundo possível, onde a ciência e as várias experiências mostram ser possível (e imprescindível) romper com a exploração do outro e a concentração de riqueza e de renda. Essas tentativas enfrentam o realinhamento das forças conservadoras no combate a essa ciência e a essas experiências.

Na educação percebo esse mesmo desafio, educar nestes tempos de incertezas, trabalhar com o pensamento crítico sobre o que vivemos, atentar para as realidades vividas e ampliar a percepção crítica delas, produzir formas de intervenção na sociedade que anunciem possibilidades outras de educação, produção, compartilhamento de riquezas (materiais e imateriais). Precisamos continuar trabalhando na promoção de aprendizagens que reúnam o conhecimento de experiência feito com o pensamento crítico e a ação transformadora sobre a realidade, praticar a reflexão e a ação sobre a realidade, de forma solidária e construindo instrumentos adequados ao tempo presente.

Poderia destacar as prioridades de sua gestão?

As prioridades que o vice-diretor, Alberto Roiphe Bruno, e eu entendemos como centrais foram expressas sob a forma de princípios de ação, de forma a atender a defesa da educação pública, laica, com financiamento público, liberdade de expressão e cátedra. A proposta é exercer uma gestão coletiva, participativa, colaborativa, com respeito à autonomia dos Departamentos, Programas e Fóruns que compõem a Escola de Educação – e fazendo isso de forma a fomentar a solidariedade e o respeito àqueles que pensam diferente.

Neste momento, nosso desafio é exercer esses princípios na reforma curricular, que é a prioridade. Entendemos que a Resolução CNE/CP 02/2019 [norma que institui a Base Nacional Comum para a formação de professores da educação básica] combate esses princípios e tudo que fomos aprendendo sobre processos de formação de professores no último século, quando tenta reduzir a formação docente em seu sentido amplo, de ligação com as demandas sociais.

Estamos aproveitando as possibilidades abertas pela incorporação da extensão no currículo de forma mais robusta, para propor um currículo que se oriente pelos desafios contemporâneos da democracia, do trabalho coletivo e da integração com as demandas da sociedade.

Quais foram as ações mais urgentes desde sua posse?

Além dos processos decorrentes de um calendário que busca dar conta do período por meio de ensino remoto, a reforma curricular tem sido catalisadora de nossas ações de trabalho. Essas ações encontram medidas que precisam dar conta dos desafios do trabalho coletivo, da comunicação e do tempo de trabalho exigido.

Nossa experiência em gestão indica que, para a construção de um trabalho coletivo, é preciso um coletivo em ação na construção e na execução das propostas. Se queremos uma gestão democrática, a participação não pode ser apenas “participar executando” o que foi proposto por um pequeno grupo, de representantes ou gestores, por melhor intencionado ou informado que esse pequeno grupo esteja.

Do ponto de vista da Escola de Educação, estamos construindo formas de comunicação que possibilitem a todos o acesso às informações, que nos ajudem a economizar tempo de trabalho (e retrabalho) e que nos auxiliem no equilíbrio da distribuição do trabalho docente entre nós. Queremos uma agenda que nos possibilite aproveitar melhor os trabalhos oferecidos na formação. Por exemplo, podemos ter uma agenda coletiva sobre quais programas formativos, via extensão, ensino ou pesquisa, vamos desenvolver no próximo semestre, buscando integrar atividades de ensino; podemos fazer ações coletivas com outras universidades de forma mais sistemática; podemos abrir nossa proposta curricular, com menos componentes obrigatórios e mais optativos, trabalhando de forma integrada com graduação e pós-graduação.

Que mensagem você deixaria para a comunidade da Escola?

Por mais difícil que pareça (e seja) este momento, a Universidade é um espaço para construir soluções coletivamente, referenciado nas demandas de uma sociedade que precisa de democracia, da articulação de forças inclusivas e da compreensão de saberes científicos e saberes outros. Nosso trabalho é realizado com escolas, movimentos sociais e culturais diversos; logo, precisamos continuar a integrar, de forma a ampliar a percepção crítica e complexa do mundo.

E para os interessados em ingressar no curso, o que você diria?

Estudar a Pedagogia é estudar uma ciência interdisciplinar. Para entender nosso trabalho, é preciso estudar antropologia, ciências sociais, história, epistemologia, psicologia, linguística, ciências, saúde, tendências na educação matemática, e tantos outros campos que não estou conseguindo citar neste momento, de forma a compreender os processos de aprendizagem, buscando intervir para promover as pessoas e a formação de uma sociedade mais justa. Se você tem interesse nessa formação ampla, interdisciplinar, engajada nos processos de aprendizagem e básica para construção de projetos coletivos, este é um ótimo curso para você.

Como você avalia o período de ensino remoto?

É um grande desafio. Quando penso nisso, sempre lembro do filme Náufrago (dirigido por Zemeckis, 2000), em que o personagem principal, viciado em trabalho, sofre um acidente de avião e passa a viver solitariamente numa ilha, onde aprende e produz sua sobrevivência nas novas condições que lhe são dadas. Ao final, é resgatado da ilha e, em poucos meses, aparece integrado no excesso de trabalho em que vivia antes.

Eu avalio o período de ensino remoto como um acidente, uma tragédia, um momento de ruptura que, para mim, era inesperado. Estando nele, fomos forçados a lidar de outro jeito com nosso tempo de trabalho, incluir na vida cotidiana o cuidado com a própria comida, os exercícios físicos domiciliares, a incerteza quanto à possibilidade de sobreviver no caso de contrair um vírus que poderia matar por asfixia. Para alguns de nós, houve também a convivência de mais tempo em família, em um espaço físico, muitas vezes, menor do que o razoável. 

Na Escola de Educação, tivemos experiências de integração curricular e de seminários com pluridocência, redução do tempo de trocas coletivas e crescimento de um tempo mais individual de estudo. Colegiados lotados, agendas intensas em trabalhos síncronos. Estudantes que se encontraram com professores sem precisar de duas horas de transporte coletivo. Carros que não precisaram ser abastecidos.

Tenho acompanhado pesquisas com estudantes e docentes em nossa Universidade, e parece-me que a ideia de que o presencial incorpore parte de ações a distância está cada vez mais forte. Não há como retornar ao que fazíamos e éramos antes, porque o mundo, as condições objetivas de sobrevivência, a proximidade com as tecnologias, essas experiências todas, não podem ser "jogadas de lado”. Mas o pensamento binário é muito forte em nossa tradição: tendemos a pensar “ou será presencial ou se manterá a distância”. E aí vem a possibilidade de a vida imitar a arte, como no filme Náufrago e, pouco tempo depois, tudo volta a ser do jeito que foi antes.


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