2 Práticas do Ensino de Filosofia
O mestrado profissional caracteriza-se por uma intervenção prática, resultando em processo ou produto de natureza educacional a ser implementado em situações reais de ensino. A linha “Práticas de Ensino de Filosofia” desenvolve a investigação teórico-prática dos problemas vinculados às várias dimensões e conteúdos da prática de ensino da Filosofia na Educação Básica. Estão contempladas nesta linha, os estudos e pesquisas que tratam das metodologias pedagógicas e filosóficas, da avaliação, das tecnologias, das mídias, dos jogos, das artes em todas as suas expressões, dos materiais didáticos, da leitura e escrita filosófica, das experiências e dos experimentos e dos laboratórios filosóficos. Discute as questões que perpassam o cotidiano do ambiente escolar em seus múltiplos desdobramentos internos e externos, no espaço formal e informal de aprendizagem. Considera, também, a relação da prática de ensino com as tradicionais áreas de conhecimento da Filosofia, tais como a Ética, Ontologia, Estética, Filosofia Política, Lógica, Teoria do Conhecimento, Filosofia da Linguagem, da Ciência e da Tecnologia.
2.1 PRÁTICAS DIALÓGICAS PARA O ENSINO DA FILOSOFIA
Coordenador responsável:
Alexandre Jordão (UFMA) alexandre.jordao@ufma.br
Descrição:
As práticas dialógicas de ensino pressupõem o encontro de sujeitos que interagem na construção do conhecimento, implicando, portanto, uma relação horizontal e simétrica de criação e troca, que corrobora a elaboração de um pensamento não dogmático e valoriza a diferença e a alteridade. Desse modo, as práticas dialógicas promovem a autonomia do pensamento e da ação dos sujeitos envolvidos no processo de ensino e aprendizagem, permitindo a aquisição e a transformação do conhecimento em resposta ao contexto sociocultural desses sujeitos. Entende-se que o ensino de filosofia encontra nessas práticas um meio e um espaço promissor, pois é da natureza da filosofia a dialogicidade, como se pode observar, por exemplo, no modo de filosofar de Sócrates, na hermenêutica filosófica de Gadamer e na reflexão e práxis educativa de Paulo Freire. Portanto, desde ao menos Sócrates, as práticas dialógicas adquiriram o caráter de um método privilegiado de ensinar e aprender o pensamento crítico. Este projeto agrupa pesquisas que visam desenvolver nos estudantes a capacidade de examinar os pressupostos, princípios, raciocínios e evidências, além de considerar as implicações e as consequências e formular e criticar alternativas a quaisquer pontos de vista. Nesse sentido, o projeto objetiva investigar, analisar e produzir as condições de possibilidade do ensino da filosofia por meio do diálogo entre estudantes e professores, observando as situações favoráveis ao diálogo, as regras que devem ser estabelecidas e respeitadas no debate, os critérios do modo dialógico de pensar, as argumentações etc., com o objetivo de desenvolver tanto referenciais metodológicos quanto recursos didáticos voltados à aplicação de práticas dialógicas no ensino de filosofia na educação básica.
2.2 FILOSOFIA, TECNOLOGIAS, MÍDIAS E ENSINO
Coordenadores responsáveis:
Antonio Júlio Freire (UERN) antoniojulio@uern.br
Descrição:
A expansão das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDIC), o uso social das mídias enquanto conteúdos, suportes e veículos tradicionais e digitais (TV, internet, rádio, podcasts, games, sistemas gerenciadores de conteúdo, jornais, revistas e materiais didáticos impressos e eletrônicos, etc.), tem gerado mudanças na forma de ensinar e aprender, além de diminuir fronteiras cognitivas, afetivas e físicas, criando espaços híbridos de conexões e compartilhamentos, estabelecendo redes de interações e relações inovadoras de aprendizagem, mas ao mesmo tempo potencializando crises e disfunções novas. O momento exige uma investigação teórico-prática que permita explorar os limites e possibilidades da tecnologia e das redes no contexto educacional, especialmente no Ensino de Filosofia, sem deixar de considerar uma análise crítica e o exercício de reflexão sobre tais mudanças e transformações. Quando consideramos os princípios formativos, as habilidades e competências descritas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para o Ensino Médio e a própria Filosofia como parte da grande área das Ciências Humanas, é possível perceber o desafio do professor em dialogar com as tecnologias digitais, devido principalmente à intensidade do seu uso pelos jovens estudantes, acompanhado de apelos consumistas, mercantis e simbólicos. Considerando que as Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação por meio de suas aplicações, redes, conteúdos e práticas, alteram de maneira significativa as formas de interpretar o mundo, modificam de modo permanente práticas tradicionais de convivência, ampliam modelos tradicionais de aquisição de conhecimento e de participação política, além de ter um impacto efetivo nas relações sociais e educacionais, torna-se imperativo investigar o seu uso, incluindo, mas também superando, uma perspectiva meramente instrumental e funcional, através da descoberta das suas potencialidades e limites, reconfigurando saberes, práticas e vivências contemporâneas. Este projeto de pesquisa pretende investigar e possibilitar o diálogo interdisciplinar e transdisciplinar entre a filosofia, as tecnologias e suas redes, as mídias sociais e o ensino, através da pluralidade teórico-prática dos fundamentos, metodologias e experiências educacionais através das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDIC).
2.3 ARTES E O ENSINO DE FILOSOFIA
Coordenadora responsável:
Stela Maris da Silva (Unespar) stela.silva@ies.unespar.edu.br
Descrição:
Este projeto visa investigar e estabelecer relações teórico-práticas entre a Filosofia e seu ensino, as diversas formas de expressões artísticas e literárias (teatro, música, literatura, poesia, arte sequencial, artes plásticas, etc.), seus diversos conteúdos, e suportes. Sob uma perspectiva teórico-filosófica, a pesquisa se concentra na análise estética, da comunicação, da linguagem e de uma reflexão crítica sobre as artes, as mídias e as redes sociais, com vistas à problematizar contextos e situações de ensino-aprendizagem em Filosofia, que possam permitir a criação artística e literária, da produção literária e filosófica em todas as suas expressões e suportes, a produção de material didático tradicional e digital, o desenvolvimento e a prospecção de metodologias inovadoras e sistematizadas, além de intervenções controladas em salas de aula de Filosofia, e que possam ser replicadas em diferentes contextos educacionais.
2.4 LEITURA, ESCRITA E LETRAMENTO FILOSÓFICO
Coordenadora responsável:
Alice Medrado (UNIMONTES) alicemedrado@yahoo.com.br
Descrição:
A discursividade é inerente à filosofia. Entre as várias modalidades da sua discursividade, destacam-se os textos que se fazem acompanhar de determinadas práticas de escrita e de leitura. Ensinar filosofia é, portanto, em alguma medida, criar oportunidade para ambas as práticas. As pesquisas reunidas neste projeto pretendem produzir, investigar e analisar possíveis mediações didáticas para essas práticas em sala de aula. Em linhas gerais, estas pesquisas vinculam-se historicamente ao legado dos PCNEM (Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio) que, para o caso específico da Filosofia, elegeram como as três principais competências a serem desenvolvidas pelo seu ensino: ler textos filosóficos de modo significativo; ler, de modo filosófico, textos de diferentes estruturas e registros; e elaborar por escrito o que foi apropriado de modo reflexivo. Ler e escrever de modo significativo é justamente o que se espera daqueles que se apropriam da linguagem escrita de um modo muito mais sofisticado e complexo do que pelo simples domínio de um código (alfabetização). O “modo filosófico” de ler, em particular, pode ser, assim, compreendido como o meio de conferir significados ao simples ato de decodificação. As pesquisas tratarão da escrita e leitura de textos filosóficos e não-filosóficos, entre estes últimos, com ênfase nos textos literários nas suas diversas modalidades (romance, ensaio, poesia etc.), tomando-os como objetos de aprendizagem e como oportunidade para o desenvolvimento da capacidade de pensar reflexiva e autonomamente.
2.5 ENSINO DE FILOSOFIA, GÊNERO, FEMINISMOS E DECOLONIALIDADE
Coordenadores responsáveis:
Valéria Cristina Lopes Wilke (UNIRIO) valeria.wilke@unirio.br
Flávio José de Carvalho (UFCG) flavio.carvalho@ufcg.edu.br
Descrição:
Esse projeto desenvolve, no horizonte do ensino de filosofia, investigações sobre variados e diferentes aspectos das relações que envolvem o gênero, os feminismos e a decolonialidade na vida social brasileira. Ele visa contribuir para a ampliação de referências para essas temáticas no campo da filosofia realizada no Brasil. Igualmente objetiva disponibilizar instrumentos que proporcionem que elas possam alcançar a sala de aula da educação básica, uma vez que esses temas e problemas também atravessam a educação básica. Nesse sentido, ele propõe albergar estudos, práticas educativas, tecnologias educacionais, enfim, contribuições para o ensino de filosofia que contemple a diversidade, a inclusão social, a educação antirracista, não sexista, feminista e decolonial.