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ODS

CONTRIBUIÇÕES PARA CUMPRIMENTO DOS OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (ODS)

Mapa de palavras

Livro + Capelo CONTRIBUIÇÕES PARA CUMPRIMENTO DOS ODS

 

ODS 2. Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável

1) (ECO)turistificação sustentável: hortas cariocas do Parque Madureira – Autor: Mestre Jefferson Jorge Andrade Costa

Resumo: O Parque Madureira é um parque urbano sustentável localizado na zona norte da cidade do Rio de Janeiro, inicialmente seu propósito era alinhar a cidade as perspectivas da Rio+20, mas com o passar do tempo, o parque se tornou referência em lazer, cultura e esporte para os moradores do subúrbio carioca, acumulando em si diversos recursos e serviços inerentes ao turismo. Com sua expansão em 2018, o Parque Madureira passou a integrar o programa municipal Hortas Cariocas em seu interior, programa esse que foi reconhecido internacionalmente por sua aptidão sustentável e foi alvo de um novo projeto em 2021, prometendo sediar no Parque Madureira a maior horta urbana do mundo. O objetivo geral deste trabalho gira em torno de responder a questão-problema central da pesquisa: Através da agroecologia, o Parque Madureira pode tornar-se um recurso ecoturístico no subúrbio? Porém, como essa é uma pergunta tão complexa quanto o fenômeno turístico, é necessário examinar de forma sistemática e conceitual os temas e questões correlatas ao objeto.

Desta forma, o procedimento metodológico principal desta pesquisa é o método de estudo de caso, pois o mesmo permite a triangulação metodológica, admitindo a utilização de múltiplas fontes de dados para análise dos temas multidisciplinares aqui abordados. Quanto ao método de abordagem, tratando-se de uma pesquisa essencialmente qualitativa pautada em uma pergunta-problema, foi utilizado o método indutivo, pois este é o método mais comum e indicado as pesquisas de estudo de caso essencialmente sociológicas. Como resultado do estudo de caso triangulado, o mestrando demonstrou que a nível conceitual, o ecoturismo está profundamente ligado a escola de pensamento da ecologia social e possui grande similaridade de objetivos com a agroecologia, uma vez que ambos visam à reaproximação da humanidade com a natureza.

Ao término, foi possível inferir que o Parque Madureira possui grande potencial para educação ambiental, o que certamente o destaca como um recurso turístico com inclinação ecológica singular no subúrbio da zona norte da cidade. A meta 2.4 do ODS 2 coloca prazo até o ano 2030 para a garantia de sistemas sustentáveis de produção de alimentos e implementação de práticas agrícolas resilientes, que aumentem a produtividade e a produção, que ajudem a manter os ecossistemas, que fortaleçam a capacidade de adaptação às mudanças climáticas, às condições meteorológicas extremas, secas, inundações e outros desastres, e que melhorem progressivamente a qualidade da terra e do solo. Diante desta meta, a dissertação em tela contribui com um estudo de caso no qual a iniciativa pouco difundida que vem a ser a de instalação de horta em Parques Públicos, especialmente os de caráter urbano, faculta a compreensão de como um recurso turístico com inclinação ecológica e situado em região periférica, pode difundir através da educação ambiental estratégias voltadas para segurança alimentar e agricultura sustentável.

ODS 4. Assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todas e todos

1) Análise das Ações de Educação Ambiental em Unidades de Conservação no Estado do Rio de Janeiro: Parque Estadual Cunhambebe – Autora: Mestre em Ecoturismo e Conservação Hedinene Costa

Resumo: A crise ambiental que a humanidade vivencia hoje é uma crise de conhecimento. Pensar a educação ambiental como um caminho para superar os desafios da problemática ambiental no atual contexto é uma alternativa para fortalecer a formação de sujeitos aptos a construir novos paradigmas no que tange ao compromisso, defesa e uso do ambiente. A justificativa da pesquisa que resultou na dissertação em tela se apoia no reconhecimento do caráter pedagógico do patrimônio cultural como forma de historicizar a floresta e colaborar com a construção de conhecimento e a conservação da natureza. O estudo, de abordagem qualitativa, analisou as ações de educação ambiental executadas entre os anos de 2013 e 2021, no Parque Estadual Cunhambebe com ênfase no reconhecimento do patrimônio cultural. Para tal, utilizaram-se as seguintes técnicas de geração de dados: análise documental, observação participante e entrevistas com dois profissionais do parque e seis profissionais da rede de ensino do município de Mangaratiba. A partir do levantamento e categorização dos 317 relatórios de ações de educação ambiental realizadas entre os anos de 2013 e 2021, mapeou-se sete iniciativas que compõem a trajetória da educação ambiental no parque, são elas: PEC nas Escolas, Esquadrão Ambiental, Guarda- Parque Mirim, João de Barro, Eventos Institucionais, Programa de Índio e Escolas no PEC. Não somente organizou-se um Plano Básico com as principais atividades de educação ambiental realizadas na unidade de conservação, mas também verificou que nem todas as 18 ações que compõe o programa de educação ambiental, implementado no ano de 2015, são contempladas nas ações executadas no período supracitado. Apesar de identificar iniciativas que indicam a valorização do patrimônio cultural, o estudo realizado levantou questões que revelam o caráter pontual das ações e que apontaram para a necessidade de revisar o programa de educação ambiental do Parque. Por fim, reuniu contribuições para a gestão operacional da educação ambiental no Parque Estadual Cunhambebe.

Tendo em vista que a meta 4.7 do ODS 4 coloca a garantia de aquisição de conhecimentos e habilidades necessárias para promover o desenvolvimento sustentável, por meio da educação para o desenvolvimento sustentável e estilos de vida sustentáveis; o estudo realizado está correlacionado com o referido ODS e por apontar estratégias metodológicas de investigação acerca da existência de ações educativas em um espaço de forte potencial pedagógico, ou seja, uma Unidade de Conservação. Soma-se a esse aspecto, as contribuições que foram direcionadas ao parque Estadual de Cunhambebe no intuito de reformulação de seu Programa de Educação Ambiental.

ODS 6. Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todas e todos

1) Ecoturismo no Cunhambebe - uma breve análise da microbiologia dos recursos hídricos do Parque Estadual Cunhambebe – Autora: Mestre em Ecoturismo e Conservação Elaine dos Santos Ramos Marinho

Resumo: Este trabalho visou identificar o impacto do ecoturismo nas águas recreativas do Parque Estadual Cunhambebe (PEC). O parque está localizado na Costa Verde, no estado do Rio de Janeiro, e é a segunda maior Unidade de Conservação na categoria de proteção integral no Estado. O PEC é rico em recursos hídricos e possui usos múltiplos de suas águas, como para consumo e abastecimento, sendo amplamente utilizado como local de recreação e lazer. Ocorre que essas atividades antrópicas podem interferir na qualidade biológica das águas do Parque. A metodologia utilizada neste trabalho consistiu em análises microbiológicas da água, através do teste Colilert de quantificação do número mais provável (NMP) de E. coli em 100mL de água, a partir da coleta de água em 2 (dois) balneários (Véu da Noiva e Vale do Sahy) e em 2 (dois) períodos diferentes (verão e inverno) no ano de 2023. A Resolução CONAMA n° 274/2000 determina que águas doces são consideradas próprias para recreação primária quando a quantidade de E. coli não for superior a 800 NMP/100 ml.

Após as análises, verificou-se que as águas do Balneário Véu da Noiva se enquadravam na classificação excelente, no verão, e satisfatória no inverno. Já para o Vale do Sahy, as águas se enquadravam na classificação imprópria, no verão (valores superiores ao determinado pela Resolução), e satisfatória no inverno. Os números de E.coli encontrados nas análises refletem o retrato do momento coletado, sugerindo que o Balneário Véu da Noiva tem os melhores índices de qualidade da água para recreação quando comparado com o Vale do Sahy. Visto que as características dos recursos hídricos podem sofrer alterações de suas características físicas, químicas e biológicas, de acordo com a ação humana, concluiu se que, devido aos múltiplos usos da água no PEC, faz-se necessário o monitoramento periódico da qualidade microbiológica da água do Parque, para detectar presença ou ausência de contaminação fecal, e a origem de possíveis fontes de contaminação na Unidade de Conservação.

A meta 6.2 do ODS 6 citado incide sobre a melhoria da qualidade da água, reduzindo a poluição, eliminando despejo e minimizando a liberação de produtos químicos e materiais perigosos, reduzindo à metade a proporção de águas residuais não tratadas e aumentando substancialmente a reciclagem e reutilização segura globalmente. Apontar a presença ou não de contaminação fecal, conforme o estudo realizado, já contribui para que o Poder Público tenha elementos tomada de decisões; entretanto, o trabalho possui uma contribuição ainda mais específica, pois por se tratar de uma Unidade de Conservação, onde a circulação de pessoas é bastante intensa devido a prática de lazer e de ecoturismo, sinalizar para os visitantes, tal como realizado através do produto técnico intitulado Folder “E a água, como está?”, revela-se uma estratégia pertinente para a somar a meta citada no que tange a melhoria da qualidade da água.

ODS 8. Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todas e todos

1) Condução de Visitantes em Áreas Naturais Protegidas: Aprendizados e Propostas para o Programa Estadual de Guias de Turismo e Condutores de Visitantes do Instituto Estadual do Ambiente – Autor: Mestre em Ecoturismo e Conservação Tarcísio Silva Cunha

Resumo: A visitação em áreas naturais protegidas oferece a oportunidade de turismo e lazer em espaços naturais destinados à conservação do patrimônio natural e cultural, e de belezas cênicas. Dentro deste contexto, a condução de visitantes surge como uma possibilidade de integração para órgãos gestores e comunidades locais, além de uma alternativa para gerar renda através do uso indireto dos recursos naturais. O Instituto Estadual do Ambiente (INEA), órgão ambiental do Estado do Rio de Janeiro, executa o Programa Estadual de Guias de Turismo e Condutores de Visitantes (PEGC), que visa capacitar moradores em condutores de visitantes para proporcionar experiências seguras e de qualidade aos visitantes, estimular a economia local e diversificar a renda dos moradores das Unidades de Conservação (UCs). Entretanto, a ausência de uma avaliação institucional do PEGC limita a análise detalhada dos resultados e impactos do programa. A avaliação de programas e projetos é essencial para melhorar a tomada de decisões, pois permite comparar os resultados reais com os planejados e ajustar as políticas públicas para garantir eficácia, eficiência e responsabilidade governamental. Esta análise também facilita a alocação eficiente de recursos e a adaptação às mudanças sociais e econômicas.

A pesquisa, de abordagem quali-quantitativa, objetivou examinar os resultados e impactos do PEGC como política pública, especialmente em relação à sua contribuição para os condutores na atuação profissional, sensibilidade ambiental, geração de renda e interação com as UCs e o INEA. A metodologia incluiu a aplicação de questionários estruturados e levantamento de dados primários e secundários. Os resultados demonstraram que o curso oferecido pelo INEA tem sido eficaz na geração de renda para os condutores e que a maioria dos participantes ficou satisfeita com a capacitação, tendo estreitado sua relação com a gestão do território protegido, atendendo aos objetivos do PEGC. No entanto, foram identificadas lacunas na relação com os condutores após o término do curso, bem como a necessidade de melhorias na comunicação e integração desses trabalhadores com a gestão das UCs. Além disso, há uma demanda por ajustes na grade curricular para melhor atender às necessidades e expectativas dos alunos. Portanto, a pesquisa concluiu que, apesar dos sucessos alcançados pelo PEGC, são necessárias melhorias contínuas para fortalecer a conexão entre condutores e as UCs e para aprimorar a eficácia do programa em termos de formação e suporte aos condutores.

2) Percepções e potenciais turísticos: análise de partes interessadas no apoio ao planejamento do uso público do Refúgio de Vida Silvestre da Ilha dos Lobos, Rio Grande do Sul – Autor: Mestre em Ecoturismo e Conservação Rafael Mendes Teixeira

Resumo: Este trabalho abordou a gestão e o planejamento do Refúgio de Vida Silvestre da Ilha dos Lobos (REVIS), unidade de conservação localizada no litoral de Torres, Rio Grande do sul. O local desempenha um papel crucial na conservação de habitats e da biodiversidade marinha. De forma contrastante, mas também complementar, a área se encontra sob forte pressão pelas demandas turísticas e recreativas. O trabalho teve como principal objetivo apoiar o planejamento do uso público do REVIS, de modo a refinar o olhar para os diversos setores envolvidos e, dessa forma, promover uma maior integração entre os interesses da população e o espaço protegido. A pesquisa é de natureza aplicada e descritiva, com abordagem qualitativa. Foram utilizadas as metodologias de reuniões setoriais, assim como análises SWOT e GUT, para caracterizar as potencialidades turísticas anteriormente identificadas (Turismo de observação embarcado, surf de tow-in, Caiaque, SUP e Mergulho). Foram realizadas 06 reuniões com 24 participantes e das informações obtidas construíram-se 10 matrizes de análise. Foram destacados 30 fatores internos identificados como potenciais para o uso público do REVIS Ilha dos Lobos e 27 fatores externos relativos ao ambiente no qual essas atividades poderiam se desenvolver. Desse total, foram 16 pontos fortes (fatores internos) e 14 oportunidades (fatores externos) demonstrando forças propulsoras. Enquanto 14 pontos fracos (fatores internos) e 13 desafios (fatores externos) foram indicados, ambos demonstrando questões limitantes. Desses gargalos, foram classificadas 07 fraquezas mais debilitantes e 10 desafios mais impactantes, os quais foram utilizados para se elencar prioridades nas tomadas de decisão. Em conclusão, notou-se que o número de aspectos positivos das atividades é ligeiramente maior que os aspectos restritivos, o que mostra um cenário positivo, porém com muitas questões a serem superadas. Sob a ótica da análise GUT, alguns dos desafios prioritários para melhorar as condições já estão em andamento e a aproximação no diálogo entre a gestão da unidade e os setores interessados na exploração das atividades, também, contribui para um cenário positivo no uso público. De forma complementar aos dados técnicos e se valendo do conceito da geopoética, o qual esteve implícito em parte do trabalho, mas se mostrou como o estímulo que moveu as pessoas a se envolverem com a pesquisa, foram elaborados materiais artísticos e didáticos que colaboram com a sensibilização das questões turísticas e de conservação.

3) Geopóetica e bionas na conservação da natureza: uma pesquisa-ação no Parque Estadual Cunhambebe – Autor: Mestre em Ecoturismo e Conservação Maycom Lopes Ribeiro

Resumo: O autor trabalha como como Guarda Parques (GP) no Parque Estadual Cunhambebe (PEC) e no exercício de seu ofício foi percebendo que as diferentes práticas turísticas na região tornam ainda mais importante as ações de salvaguarda dos bens em uma unidade de conservação de proteção integral que possui com característica o fato de ser grande produtora de água, contendo importantes nascentes e abrigando espécies de fauna e flora ameaçadas de extinção. Diante de tal questão, o autor observou a necessidade dos Guarda Parques atuarem em ações que estejam além do trabalho de vigilância e atuem enquanto propagadores e multiplicadores de valores inerentes ao Ecoturismo. O trabalho objetivou então a proposição de mecanismos que contribuíssem com a prática de trabalho dos Guarda Parques no intuito de facultar iterações com o público visitante não sendo essas restritas ao trabalho de vigilância dos bens naturais sob jurisdição das distintas UCs.

4) Ecoturismo Virtual é um ecoturismo possível? Relatos e reflexões acerca de experiências virtualizadas de turismo – Autor: Mestre em Ecoturismo e Conservação Bernardo de La Veja Vinolo

Resumo: Em virtude da pandemia da COVID-19, atividades turísticas foram paralisadas visando promover a segurança dos visitantes e dos visitados. Em meio ao cenário de isolamento social, tornaram-se ainda mais relevantes alternativas de acesso a lugares, pessoas e plataformas de entretenimento e mobilização de pautas. Como resultado, houve um aumento na oferta e diversidade de formatos de experiências turísticas e mobilidades baseadas no meio virtual. O objetivo deste estudo foi debater acerca do uso potencial de plataformas de turismo virtual e de mídias sociais na mobilização de pautas, pessoas e territórios no contexto do turismo de base comunitária. Para isso, iremos (1) explorar os diferentes formatos e ofertas de produção de experiências turísticas virtuais nacionais e estrangeiras; (2) analisar as narrativas e mobilidades de articuladores locais de turismo de base comunitária em favelas a partir de visitas virtuais, e (3) examinar o uso de mídias sociais como ferramenta de mobilização de trajetórias e pautas raciais, sociais e territoriais atreladas ao turismo de base comunitária. Nesse contexto, foi explorado diferentes formatos e ofertas de produção de visitas virtuais, com detalhamentos sobre seus benefícios, limitações e perspectivas futuras, além de exemplos práticos de como podem ser aplicados.

Analisou-se ainda dois estudos práticos do turismo e da mobilidade virtual na mobilização de pautas e territórios com articuladores locais de favelas turísticas do Rio de Janeiro. Ambos os estudos foram realizados no contexto do isolamento social durante a pandemia da COVID-19, no formato de tour virtual e live em mídias sociais. Foi observado que, durante o período pandêmico, houve um aumento na oferta e na demanda de experiências turísticas virtuais, buscando ampliar o acesso ao entretenimento e lazer, patrimônios ambientais e culturais, ferramentas educativas, e mobilidades de pessoas e territórios. Paralelamente, observou-se uma ampliação nos formatos das experiências virtuais, produzindo novas formas de interagir e estar presente no ciberespaço.

As mobilidades promovidas e analisadas neste estudo apontaram para a importância do acesso às micro-mobilidades tecnológicas para ofertar, no caso do guia da experiência turística, e para acessar, no caso do turista virtual, mobilidades virtuais, em um panorama de crescente uso de tecnologias móveis. Além disso, evidenciou-se o papel de destaque do guia no olhar do turista, visto que o olhar do visitante está condicionado ao que fora planejado para mostrá-lo, possibilitando, também, desdobramentos como o efeito da “compulsão por proximidade”. Por fim, demostrou-se a eficácia das experiências virtuais na mobilização das favelas, em especial no período pandêmico, mantendo suas pautas em constante movimento. A pesquisa concluiu que experiências turísticas virtuais desempenharam papel importante na mobilidade de guias e visitantes em torno de patrimônios, narrativas e territórios durante o período pandêmico. Adicionalmente, que seus benefícios possibilitam sua permanência e desenvolvimento pós-pandêmico, se consolidando como forma alternativa e complementar de “turistar” e acessar patrimônios, pessoas e narrativas através do ciberespaço.

5) A interface entre a condução de visitantes e a interpretação ambiental: perspectivas para o uso público no parque nacional da chapada dos veadeiros, Goiás – Autora: Mestre em Ecoturismo e Conservação Natalia de Oliveira Maboni

Resumo: A condução de visitantes realizada por moradores que vivem na região de abrangência de parques nacionais vem se consolidando na dinâmica do turismo. Promovida como uma alternativa socioeconômica para conciliar a conservação da natureza e geração de trabalho e renda, os órgãos gestores de parque nacionais vêm promovendo cursos de capacitação em condução de visitantes. O Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros - GO (PNCV), se insere no contexto da atividade, representando uma das primeiras unidades de conservação a propor um curso nesse sentido, em 1991. A pesquisa buscou compreender o papel da condução de visitantes na dinâmica de visitação do PNCV, considerando a contribuição para a interpretação ambiental (IA) e os desafios para a melhoria da atividade no Parque. A partir da realização de levantamento e análise de referencial bibliográfico, com destaque para pesquisas recentes realizadas na região, e de entrevistas com condutores locais e analistas ambientais do PNCV, os resultados da pesquisa demonstraram a atuação de diferentes perfis de condutores de visitantes que acompanharam as dinâmicas sociais e ambientais desde o primeiro curso de capacitação. Os resultados evidenciaram uma relação positiva entre a gestão do PNCV e os condutores de visitantes, constatada pela atuação do condutor em diferentes projetos e contextos, embora tenham sido registrados os questionamentos acerca da não obrigatoriedade da condução na área. As diferentes perspectivas do significado do PNCV para os condutores locais, também, se conectam aos laços afetivos estabelecidos com a área protegida, à conservação do cerrado e à sua história com o local. A IA realizada por condutores locais é mediada por questões que envolvem a proteção do cerrado, da cultura local e do PNCV, a importância econômica e a busca da prática do ecoturismo, as suas motivações pessoais para se tornar condutor, conectadas às experiências enquanto visitantes, voluntários e moradores locais. Foi identificada uma tendência pelos condutores em relacionar o PNCV com a história local, com ênfase nas atividades tradicionais de ex-garimpeiros e raizeiros, valorizando os saberes locais associados às plantas medicinais do cerrado. Destaca-se na pesquisa a relevância dos cursos de capacitação de condutores e os de curta duração, como uma importante etapa na formação profissional e como instância de integração e diálogo entre as associações de condutores de visitantes locais, as instituições de ensino superior e o órgão gestor.
A descrição das dissertações para questões como: geração de renda para um grupo de pessoas que vivem no entorno de UCs, ou seja, os denominados condutores de visitantes; a preocupação com políticas de refinamento da atividade de condução de visitantes e abertura de possibilidades dentro do contexto da atividade turística para os momentos nos quais o destino ou as viagens estejam sob restrição. Desta forma, as dissertações se correlacionam com o ODS 8 ao contribuir especificamente com as metas 8.3 e 8.9 ao se debruçarem sobre estratégias e possibilidades de sustentação econômica dentro de parâmetros sustentáveis e que se configura em trabalho decente para todas e todos.

ODS 11. Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis

1) Legados socioecológicos como atrativo: conexões entre patrimônio e guiamento no Parque Nacional da Tijuca – Autor: Mestre em Ecoturismo e Conservação Vicente Fernandez

Resumo: O Parque Nacional da Tijuca possui diversas marcas pretéritas que contém elementos que podem corroborar para sua interpretação enquanto patrimônio. Além disso, há uma demanda por parte dos visitantes em inserir esses legados socioecológicos no contexto da visitação do parque. Entretanto, esses vestígios ainda não são reconhecidos como patrimônio e tampouco são aproveitados como atrativo turístico. Assim, a pesquisa buscou contribuir para o reconhecimento e uso público do patrimônio do Parque Nacional da Tijuca como atrativo turístico, a partir da elaboração de um curso voltado para guias de turismo e condutores de visitantes. Entende-se que esses profissionais são fundamentais nesse processo, atuando como atores capazes de realizar a interlocução com os turistas ao colocar em prática os princípios da interpretação do patrimônio.

No intuito de reunir os dados necessários a elaboração do estudo, recorreu-se aos seguintes procedimentos metodológicos: pesquisa bibliográfica, para fundamentar as reflexões teóricas que foram desenvolvidas ao longo da pesquisa; atividades de campo ao longo das trilhas do parque, em que buscou-se identificar legados socioecológicos que poderiam ser considerados como um patrimônio para, em complemento, debater sobre as possibilidades de seu aproveitamento enquanto atrativo turístico; e uma dinâmica de grupo focal com guias de turismo, para compreender suas potencialidades e limitações/desafios enquanto possíveis multiplicadores do conhecimento acerca do patrimônio do parque. A dinâmica também serviu para darmos os contornos finais na elaboração do curso, contando com a colaboração dos guias de turismo. Foram identificados cinco legados socioecológicos elegíveis enquanto patrimônio: os caminhos com calçamento de pedra, carvoarias, ruínas, figueiras remanescentes e áreas com novos ecossistemas de jaqueiras. As resultantes desse trabalho materializadas na paisagem carregam em si conhecimentos, simbologias, costumes e práticas negligenciadas e silenciadas pela narrativa hegemônica.

Ao todo, 90 desses vestígios podem ser considerados potenciais atrativos na unidade de conservação, uma vez que nenhum deles está incorporado ao uso público da unidade de conservação até o momento. Na dinâmica de grupo focal, notou-se que há uma lacuna na formação dos guias que atuam no Parque Nacional da Tijuca, que se estabelece como um obstáculo para que os mesmos incorporem em suas atividades de guiamento o patrimônio que foi descrito na dissertação. Assim, a proposta de produto técnico em formato de curso a ser oferecido aos guias e condutores de visitantes visa formá-los para que sejam capazes de reconhecer esse patrimônio e incorporá-lo ao uso público da unidade de conservação. Acredita-se que esse produto técnico poderá auxiliar na capacitação de guias e condutores de visitantes que atuam no Parque Nacional da Tijuca e educadores ambientais que buscam ampliar seu ferramental em suas atividades. Espera-se que o curso possa servir como uma via de mão dupla, onde os guias e condutores poderão diversificar os roteiros e atividades que desempenham com base nas informações passadas durante o curso e, ao mesmo tempo, possam atuar como multiplicadores do reconhecimento do patrimônio, auxiliando na preservação dos mesmos.

2) Geoparque e Patrimônio: O Geoparque Caminhos dos Cânions do Sul a partir da perspectiva do patrimônio cultural – Autora: Mestre em Ecoturismo e Conservação Annika Kaunder Câmara

Resumo: A chancela de geoparque, conferida pela UNESCO, tem sua origem no desdobramento do significado de patrimônio. A gênese do conceito de patrimônio natural, a origem das Unidades de Conservação e as diferenças do seu significado para a UNESCO e para o Brasil, é a base para o entendimento da chancela que vem ganhando espaço mundialmente. A partir dessa base teórica a dissertação apresentou o contexto histórico que gerou o interesse em conquistar a chancela de geoparque na região entre os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O objetivo geral do trabalho incidiu sobre a análise do processo de candidatura do Geoparque Caminhos dos Cânions do Sul, chancela da UNESCO, até a sua efetiva aprovação, no intuito de contribuir com a oferta de hospedagem do referido geoparque. A metodologia foi composta por pesquisa bibliográfica, pesquisa documental e se baseia nos conceitos de etnografia digital onde são analisados os portais Airbnb, Booking.com, e Tripadvisor. O Geoparque Caminhos dos Cânions tem como premissa o desenvolvimento sustentável, e a hospedagem é uma das atividades que deve ser fortalecida para alcançarem esses objetivos. Porém a construção de novos hotéis pode trazer impactos para a região. Assim sendo, o estudo realizado destaca que a hospitalidade característica da população local se encaixa como uma possibilidade de reduzir o impacto negativo através do incentivo ao intercâmbio cultural e a possibilidade de vivenciar outas realidades.

3) De terra lavrada a místico paraíso ecológico: desdobramentos identitários do processo de ambientalização do Sana, Macaé (RJ) – Autora: Mestre em Ecoturismo e Conservação Tamires Chagas Annika Matschuck

Resumo: Com uma estimativa populacional de aproximadamente dois mil habitantes, o Sana, sexto distrito do Município de Macaé, localizado ao norte do Estado de Rio de Janeiro que hoje tem o turismo como principal frente econômica, tem sua história marcada pela chegada dos primeiros colonos no início do século XIX, pela agricultura e os tempos áureos da cafeicultura, pela chegada de uma comunidade alternativa nos anos 70 e mais recentemente, em meados dos anos 90, pelo turismo e ativismo ambiental que culminou na criação da Área de Proteção Ambiental do Sana, unidade de conservação que compreende toda a extensão territorial do distrito. O contraste entre os modos de vida dos diferentes grupos sociais estabelecidos no Sana e as frequentes reivindicações pelo reconhecimento de uma verdadeira identidade do lugar impulsionaram o desenvolvimento desta dissertação que teve por objetivo compreender a constituição identitária do Sana a partir dos desdobramentos sociais imbricados ao processo de ambientalização que se deu no lugar, processo este marcado principalmente pela instituição da Área de Proteção Ambiental do Sana. Assim, buscou-se identificar os grupos sociais envolvidos na disputa identitária – que envolve também as questões de uma disputa ambiental -, analisar as relações estabelecidas entre esses grupos e investigar os ―lugares ocupados por eles no que tange aos desdobramentos ou efeitos do processo de ambientalização do Sana, como por exemplo, os papéis assumidos por cada grupo nas representações sobre o lugar, no processo de turismização e no fenômeno de patrimonialização. Para auferir os objetivos propostos, a investigação foi regida a partir do referencial teórico antropológico, priorizando aspectos metodológicos da etnografia onde além das interpretações feitas a partir das idas a campo, documentos da gestão da Área de Proteção Ambiental do Sana, atas de reuniões, jornal local, reportagens e outras pesquisas etnográficas realizadas no Sana foram acessados por mim como campo etnográfico.

4) Parcerias em áreas protegidas: os aprendizados da concessão de serviços no Parque Nacional da Serra dos Órgãos (RJ) – Autora: Mestre em Ecoturismo e Conservação Hanna Santana Cruz

Resumo: A fim de obter apoio na gestão da visitação em unidades de conservação (UC), o governo federal tem utilizado a estratégia de parcerias entre as esferas públicas e privadas, destacando- se, nesse processo, a formalização de concessões. Contudo, envolvendo investimentos onerosos, atividades e serviços que demandam uma maior complexidade de operação e prazo de vigência mais duradouro, essa iniciativa deve ser analisada para além da sua capacidade econômica e técnica, avaliando-se, sobretudo, os seus efeitos para a experiência do visitante, a gestão do patrimônio natural e territórios envolvidos. Nesse sentido, pautando-se pelos aspectos de planejamento, implementação e monitoramento das parcerias e pela perspectiva de promoção da diversidade de oportunidades para o ecoturismo, foi realizado um estudo de caso no Parque Nacional da Serra dos Órgãos (RJ), uma UC que teve os seus serviços de apoio à visitação promovidos, prioritariamente, por meio do modelo de concessão ao longo de onze anos (2010 a 2021).

Com o objetivo de compreender os principais desafios e identificar as potencialidades relacionadas à modalidade de concessão, foram levantadas as opiniões e perspectivas dos gestores da UC, de um dos gestores privados do contrato, de condutores, guias e operadores de turismo e dos visitantes. Ao processo de interlocução com os atores mencionados e à busca por diferentes fontes de informação, foi utilizada uma combinação de procedimentos: revisão bibliográfica, análise documental e de dados secundários, aplicação de questionários, entrevistas e observação participante no âmbito do conselho gestor do parque. Por meio desse percurso metodológico foram identificados aprendizados, mas também desafios que afetam os aspectos analisados neste estudo: necessidade de melhoria dos procedimentos internos do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) para orientar, de forma detalhada, o planejamento, a implementação, o monitoramento e o controle da iniciativa e limitação contratual para atender as demandas de gestão da visitação. Em observância a esses desafios, este estudo apresentou propostas de diretrizes e ações, além da recomendação de adoção de uma política de parcerias ampla, diversificada e democrática. A partir do estudo realizado, chegou-se à conclusão de que a valorização das iniciativas que dão abertura à governança local da concessão e demais parcerias pode: melhorar o processo de fiscalização e aumentar a possibilidade de contratos com desempenho adequado; gerar renda direta e promover o desenvolvimento socioeconômico; gerar conhecimento e informações para os visitantes sobre a UC; diversificar as possibilidades de parceria, favorecendo a gestão do uso público diante de instabilidades econômicas e políticas que podem afetar uma única concessão; promover a ampliação e diversificação de oportunidades para o ecoturismo e atrair uma demanda também ampla e diversa.

5) Escrevivendo a conservação das naturezas da(na) Cidade de Deus: a geopoética das águas em movimento – Autora: Mestre em Ecoturismo e Conservação Lidiane Santos Barbosa

Resumo: Na Favela Cidade de Deus, área de planejamento 4 da Cidade do Rio de Janeiro, convergem desigualdades e injustiças socioambientais que promovem ao longo da sua história desastres climáticos vinculados ao modelo de construção de cidades insustentáveis. As preocupações compartilhadas pela humanidade, que pretende construir um futuro sustentável, estão presentes no cotidiano dos favelados que, são diariamente atravessados pelo Racismo ambiental, e precisam resistir aos descasos socioambientais provenientes das relações colonizadoras que hierarquizam e exploram as práticas, os saberes e os corpos-territórios. Neste contexto, o trabalho objetiva evidenciar como as práticas realizadas por mulheres em movimento social, que integram essas instituições, promovem a conservação das Naturezas no território.

As Escrevivências geopoéticas descrevem e analisam os afetos e as construções de saberes-fazeres-com da autora da dissertação que também é moradora-pesquisadora-mobilizadora socioambiental no território, as lutas e conquistas em espaços favelados e acadêmicos. Registram-se as vivências de processos educativos, orientados pela metodologia participativa de Paulo Freire, do Grupo Alfazendo/CDD, nas ações da Rede Comunitária de Desenvolvimento Socioambiental e nas demais vivências com o Grupo de Estudos Saberes de Frestas e com o coletivo de pesquisa comunitária Construindo Juntos. Desta forma, o trabalho contribui para o ODS 11 ao dialogar com meta 11.1 que coloca a necessidade de garantir o acesso de todos à habitação segura, adequada e a preço acessível, e aos serviços básicos e urbanizar as favelas. No caso específico da dissertação apresentada, detemo-nos no aspecto “urbanizar as favelas” e o relacionamos com a pesquisa em tela, por considerar que a urbanização envolve humanização dos espaços e assim sendo, as práticas analisadas no processo de pesquisa conferem humanização pelo afeto no âmbito dos grupos de mulheres pesquisadas.

ODS 14. Conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável

1) Um mergulho no antropoceno: o lixo como componente da paisagem subaquática – Autor: Mestre em Ecoturismo e Conservação Caio Nagib Salles

Resumo: O modo de vida da sociedade capitalista contemporânea fortaleceu a noção de separação entre cultura e natureza através do afastamento do humano dos ambientes naturais. As imposições da vida social atual acarretam doenças que cada vez mais exigem reflexão acerca de padrões de comportamentos não saudáveis e em tal contexto, a prática de atividades em ambientes naturais em geral e o ecoturismo, em particular, emergem como forma de promover uma reconciliação entre essa sociedade e a natureza. No conjunto de atividades realizadas em espaços naturais está o mergulho recreativo, que a partir da década de 1940 se popularizou com o desenvolvimento de equipamentos específicos para a prática e a divulgação de imagens e histórias sobre o fundo do mar. Entretanto, as imagens do fundo do mar estão notadamente diferentes a partir do início de século XXI, tendo em vista que ao mergulhar em busca do contato com a natureza, da contemplação de animais marinhos e de conhecimento de outro ambiente, mergulhadores têm encontrado uma paisagem alterada, entre outros fatores, pelo acúmulo de lixo no mar.
Tem sido frequente para um mergulhador recreativo no Brasil, avistar algum tipo de resíduo de origem antrópica no fundo do mar e, paralelamente, mais difícil encontrar espécies de interesse contemplativo, como tubarões, raias, grandes peixes ósseos e outros organismos. Dentre os resíduos, além do plástico - praticamente onipresente -, os petrechos de pesca, de grande potencial de impacto na fauna e flora marinhas, estão comumente presentes na paisagem subaquática, incluindo áreas marinhas protegidas, como é o caso do Parque Natural Municipal Paisagem Carioca, no Rio de Janeiro. Para enfrentar este e outros problemas, governos e iniciativas da sociedade civil têm buscado atuar em diversos pontos do planeta. Um exemplo disso é o Projeto Verde Mar, que por meio de ações diretas de sensibilização ambiental, programas de educação e comunicação ambiental, pesquisa científica e propostas de políticas públicas atua para a disseminação da cultura oceânica e para a promoção da conservação marinha. Desta forma, a pesquisa que resultou na dissertação em tela, objetivou a analisar as ações o Projeto Verde Mar no intuito de averiguar em qual medida as ações propostas impactam positivamente a conservação da paisagem subaquática do Parque Nacional da Paisagem Carioca.

2) Projeto Raias da Guanabara: Conservando a Biodiversidade Marinha por meio de Bases Colaborativas – Autor: Mestre em Ecoturismo e Conservação Nathan Lagares Franco Araújo

Resumo: O Brasil, com sua extensa costa, abriga uma biodiversidade marinha significativa, incluindo mais de 1200 espécies de peixes marinhos, das quais 224 pertencem à subclasse Elasmobranchii. A região sul-sudeste do Brasil destaca-se pela grande diversidade de raias (Batoidea), com cerca de 51 espécies registradas. Esses animais estão sob constante ameaça devido a fatores como a pesca, especialmente no estado do Rio de Janeiro, um importante polo pesqueiro. A gestão pesqueira inadequada exacerba a vulnerabilidade dessas espécies, que são K-estrategistas. Para analisar as ameaças às raias no Rio de Janeiro, o estudo utilizou diversas bases de dados, incluindo IUCN Red List, ICMBio, GBIF, FishBase, FAO e EDGE Species. Foram comparados os critérios de conservação e os status de ameaça das espécies listadas, identificando convergências e dissonâncias entre os dados disponíveis. A pesquisa identificou 42 espécies de raias, consolidando a ocorrência de 40 delas no Rio de Janeiro, distribuídas em quatro ordens: Myliobatiformes (19), Rajiformes (16), Rhinopristiformes (5) e Torpediniformes (2). As ordens Myliobatiformes e Rhinopristiformes apresentaram alto grau de ameaça, com destaque para a potencial extinção do peixe-serra (Pristis pectinata). A análise revelou alta concordância nos dados de Rhinopristiformes, indicando atualizações adequadas sobre os riscos de extinção, enquanto houve baixa convergência de dados para Myliobatiformes e Rajiformes, e ainda menor para Torpediniformes.

O estudo compreendeu ainda, uma pesquisa de campo com pescadores e mergulhadores para avaliar a percepção sobre a importância das raias e o impacto das atividades humanas. Foi possível identificar que pescadores e mergulhadores apresentam diferentes perspectivas de conservação e conhecimento sobre as espécies de raias. A pesquisa mostrou que, embora os pescadores reconheçam a importância das raias, há uma lacuna no conhecimento e na aplicação de práticas sustentáveis. Por outro lado, mergulhadores demonstraram maior conscientização e interesse na conservação, sugerindo que o ecoturismo, particularmente o mergulho, pode ser uma ferramenta importante para a educação e conservação marinha.

Os resultados indicam uma ampla divergência entre as bases de dados, refletindo a escassez de dados pesqueiros, o que dificulta a implementação de medidas eficazes de conservação. Entre as cinco espécies vistas como relevantes, ao longo das entrevistas, todas são classificadas sob algum nível de ameaça, seja por órgão nacional ou internacional. A partir da análise das entrevistas, percebeu-se que o ecoturismo se mostrou uma ferramenta importante para sensibilizar e educar o público sobre a importância da conservação das raias. Conclui-se que, apesar da rica biodiversidade, as raias do Rio de Janeiro enfrentam graves ameaças devido à gestão pesqueira inadequada e à falta de dados consistentes. A integração de informações entre diferentes plataformas é essencial para desenvolver métodos eficazes de conservação. O ecoturismo pode desempenhar um papel significativo na sensibilização e preservação das espécies de raias. Por fim, o estudo recomendou o incentivo a pesquisas que envolvam espécies deficientes de dados, principalmente com a prática de ciência cidadã, além de políticas robustas e gestão adequada dos recursos pesqueiros.

ODS 15. Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra e deter a perda de biodiversidade

1) Barreiras contra o desmatamento na Amazônia brasileira: um estudo sobre condicionantes do desmatamento entre os anos de 2011 e 2020 – Autor: Mestre em Ecoturismo e Conservação Rafael de Almeida Paula

Resumo: A riqueza da floresta amazônica pode ser percebida de diversas formas, desde a regulação do clima e ciclos de chuva, passando pela diversidade genética de plantas e animais e, ainda, servindo como fonte de renda ou meio de subsistência. Pensar em um modelo de desenvolvimento sustentável, que mantenha esta riqueza com geração e distribuição de renda, só é possível quando preservamos a floresta e a cultura local. Diante da devastação ocorrida na Mata Atlântica brasileira ao longo dos últimos séculos e mais recentemente a escalada de desmatamento na Amazônia, esta pesquisa se propôs a identificar condicionantes que atuam como barreiras contra o desmatamento na Amazônia. Este foi um estudo para analisar o efeito de determinadas variáveis no percentual de floresta desmatada nos municípios da Amazônia brasileira, em especial, o efeito das variáveis na redução do desmatamento no período de 2011 a 2020.

Para dar conta da proposta foram analisados dados de projetos do Fundo Amazônia, de autos de infração aplicados pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (IBAMA) e da Pesquisa de Informações Básicas Municipais (MUNIC). Ao todo foram analisadas 90 variáveis, dentre as quais este estudo sugere que 20 apresentaram possível efeito redutor do desmatamento, em pelo menos um percentil da distribuição de frequência com dados de desmatamento de determinado ano. A presença de projetos do Fundo Amazônia no eixo Ordenamento Territorial e Fundiária, o Pagamento por Serviços Ambientais e a existência de protocolo de consulta a povos e comunidades tradicionais foram variáveis com possível efeito redutor do desmatamento estatisticamente significativos em ao menos oito percentis e merecem destaque como resultado desta pesquisa. Outro resultado obtido, a partir do uso de estatística básica e análise de mapas e gráficos, foi a evidência de que os projetos do Fundo Amazônia atuaram de forma a beneficiar praticamente toda a região da Amazônia legal.

2) Contribuições para a observação de aves no Brasil: estudo de caso no refúgio de vida silvestre estadual da lagoa da turfeira – Autora: Mestre em Ecoturismo e Conservação Graziele Noronha dos Santos

Resumo: A observação de aves é uma das atividades realizadas ao ar livre que mais cresce no mundo conciliando ecoturismo, conservação, sensibilização ambiental, ciência cidadã e desenvolvimento econômico. O Brasil é o segundo país com maior número registrado de espécies de aves, e foi a partir do engajamento de sua comunidade de observadores de aves e das iniciativas independentes que a atividade ganhou notoriedade. As unidades de conservação (UC) são os destinos preferidos pelos observadores no país, embora poucas estejam efetivamente estruturadas para a prática. Dentro desse contexto o Refúgio de Vida Silvestre Estadual da Lagoa da Turfeira (REVISTUR) se insere, enquanto uma UC que almeja ser um centro de referência na observação de aves na região sul fluminense. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho foi analisar o contexto histórico e político-institucional da conservação da natureza e do ecoturismo no Brasil. Especificamente, o estudo visou avaliar o percurso e as políticas de observação de aves no país, discutir o cenário da atividade no Estado do Rio de Janeiro e avaliar sua implementação no REVISTUR.

O estudo foi desenvolvido por meio de pesquisa bibliográfica, etnografia digital, pesquisa de levantamento, matriz SWOT e pesquisa documental. Entre os resultados obtidos no estudo de caso destaca-se o índice de favorabilidade do cenário de 41%, indicando a tendência positiva dos fatores para a implementação da atividade no REVISTUR. As principais forças são possuir um plano de manejo composto por um plano setorial de visitação com ações voltadas para a observação de aves, e ser uma área de relevância ambiental. As principais oportunidades são as possibilidades de articulação com comunidade do entorno, secretarias municipais e setor privado, existência de guias de observação de aves que já atuam na área, e a proximidade com outros locais da região já reconhecidos como destino de observadores.

3) Avaliação de impactos em trilhas de visitantes através de imagens digitais como estratégia de conservação – Autor: Mestre em Ecoturismo e Conservação Igor Basílio Silva

Resumo: A utilização de trilhas em áreas naturais pode ser considerada a principal ligação entre o visitante e o ambiente natural. Porém, a pressão que essa atividade exerce nessas áreas podem causar impactos não só na trilha, como na estrutura florestal e no microclima local. O presente trabalho objetivou avaliar a estrutura florestal e padrões de luminosidade através da utilização da técnica de análise de fotografias hemisféricas, além de investigar a relação desses parâmetros com o uso de trilha de caminhantes. O trabalho foi realizado na trilha do Morro da Urca, localizada no Monumento Natural dos Morros do Pão de Açúcar e da Urca, Rio de Janeiro (22º57´05.79”S - 43º 09´50.62”W). Foram obtidos atributos estruturais do dossel florestal e parâmetros de luminosidade na trilha e dentro da mata, utilizando uma câmera fotográfica acoplada a uma lente Fisheye, orientada para cima e mantida a 1 metro acima do solo. Foram analisadas 35 parcelas de 20 metros de comprimento, totalizando 700 metros de trilha, onde também foram analisados atributos biofísicos da trilha, como largura e profundidade.

Os resultados das análises indicaram diferenças significativas entre os ambientes “trilha” e “mata” (essa a 30 metros das margens da trilha), além de possíveis impactos causados pela trilha na mata. Os atributos biofísicos nas condições de análise influenciam a estrutura florestal e apresentaram relação com os índices de luminosidade. Esse conjunto de correlações apontam para um efeito de borda, pois a abertura do dossel na trilha influencia padrões estruturais e de luminosidade dentro da mata. Como a proposta da pesquisa residia também em auxiliar os gestores dessas áreas na tomada de decisões, o produto técnico elaborado a partir da dissertação consistiu na elaboração de totens interpretativos, com códigos digitais (QR-Codes), contendo fotografias informativas e dados ecológicos que possam ser interessantes para visitantes e frequentadores. Espera-se este produto técnico contribua para a conscientização de visitantes em áreas protegidas, em especial no que tange às ações preventivas e corretivas para a conservação de áreas protegidas abertas ao público.

4) Mobilizando o Parque Natural Municipal de Nova Iguaçu – Autora: Mestre em Ecoturismo e Conservação Sara Sumie Muranaka de Miranda

Resumo: Esta dissertação discorreu sobre o Parque Natural Municipal de Nova Iguaçu (PNMNI), um parque urbano, com vegetação remanescente de Floresta Tropical Atlântica em bom estado de conservação, relevo acidentado e que protege diversos mananciais hídricos, localizado na Região Metropolitana do Estado do Rio de Janeiro, na Região Turística Baixada Verde, na Baixada Fluminense-RJ. O objetivo geral foi mobilizar o Parque Natural Municipal de Nova Iguaçu (PNMNI), por via do reconhecimento de seus atrativos, identificando as áreas principais para o Ecoturismo, elencando os elementos centrais de atração do visitante e perfil dos mesmos, por meio de dados obtidos no recurso de avaliação do Google My Business e fornecidos pela Gestão do PNMNI, por fim, produção um Story Map do Parque, a partir do conteúdo reunido ao longo da pesquisa. Em termos metodológicos, a pesquisa foi construída a partir de levantamento documental e bibliográfico; pesquisa qualitativa, a partir de pesquisa de campo e métodos móveis (apoiado no Paradigma das Novas Mobilidades) e a utilização dos Formulários, adaptados, do Inventário de Oferta Turística do Ministério do Turismo (INVTUR / MTUR), de Informações Básicas do Município e de Atrativos Naturais.

ODS 19. Arte, cultura e comunicação

1) Trilha virtual e afetividade: a natureza turística na trilha de longo curso no Parque Nacional da Serra dos Órgãos – Autora: Mestre em Ecoturismo e Conservação Luana da Silva Pitzer

Resumo: Esse estudo se propôs a produzir uma trilha virtual 360º de parte da trilha de longo curso Caminhos da Serra do Mar, especialmente os trechos dentro do território de Petrópolis, a Travessia Cobiçado – Ventania, a Travessia Uricanal e a Trilha aos Castelos do Açu, uma das mais importantes do Parque Nacional da Serra dos Órgãos (RJ) na plataforma Google Sites (https://sites.google.com/view/trilhasdoafeto360/). Por meio de uma perspectiva Geopoética e da Afetividade Ambiental, propondo pontos e temas de interpretação ambiental que valorizem a interface entre Ecoturismo e Geoturismo, o visitante é envolvido em uma experiência imersiva nas paisagens apresentadas pelos ângulos 360º, enriquecendo a atmosfera afetiva das trilhas e apresentando os fatores composicionais da Natureza.

Ao dissolver as barreiras ilusórias que separam o ser humano da Natureza, a Geopoética incentiva uma forma mais integrada e afetuosa de vivenciar a Terra. Como objetivos específicos estão analisar como a abordagem Geopoética pode ampliar as propostas de Ecoturismo ao identificar e compreender, por meio de registro de depoimentos, os componentes que despertam a conexão afetiva com o local; mapear os pontos de interpretação ambiental nas trilhas, relevantes para a virtualização; propor instalações geopoéticas virtuais a partir dos depoimentos afetivos coletados e poesias, reunindo também informações da biodiversidade, geodiversidade e sociodiversidade das trilhas analisadas. Classifica-se a pesquisa como descritiva e exploratória, com um caminho metodológico baseado em referencial bibliográfico e visitas de campo, com a identificação dos pontos de interesse que compõem a trilha virtual, bem como para coletar fotografias 360º destes locais e depoimentos associados. As visitações foram acompanhadas por grupos pré-selecionados, buscando enfocar a dimensão afetiva alcançada durante a experiência presencial, para compor os registros do espaço interativo de afetividade do website criados pela composição de plataformas digitais específicas. A trilha virtual surge como uma proposta promissora, capaz de despertar afetos, disseminar conhecimento e contribuir para a conservação das múltiplas Naturezas por meio da integração entre a Geopoética, as tecnologias da informação e comunicação, e o Ecoturismo

2) Escrevivências geopoéticas na Educação e no Espaço Geográfico: relações afetivas para a Conservação de um habitar ancestral – Autor: Mestre em Ecoturismo e Conservação Rodolfo José Reis da Silva

Esta dissertação propôs uma abordagem interdisciplinar para promover a conservação ambiental e cultural na educação, por meio de Escrevivências Geopoéticas e as percepções em atividades geográficas. Partindo da compreensão de que a conexão das pessoas com os lugares que habitam é essencial para o desenvolvimento de uma consciência ambiental e cultural, o estudo buscou integrar narrativas geopoéticas, visitas de campo e projetos interdisciplinares em aulas de Geografia. Essa abordagem visou despertar nos estudantes um interesse genuíno pela preservação do ambiente e pelo reconhecimento do valor intrínseco dos lugares em que vivem. Através da imersão sensorial e emocional proporcionada por essas atividades, os estudantes foram incentivados a refletir criticamente sobre a importância dos Espaços Geográficos para a identidade e qualidade de vida das comunidades locais.

ODS 20. Povos originários e comunidades tradicionais

1) “Eu quero contar a minha história”: contribuindo no fortalecimento do turismo de base comunitária no Quilombo do Feital como ato de vida frente ao racismo ambiental – Autora: Mestre em Ecoturismo e Conservação Andressa dos Santos Dutra

Resumo: A organização de comunidades quilombolas para o turismo têm sido considerada uma ferramenta de enfrentamento de injustiças socioambientais, como o racismo ambiental. Este trabalho investigou as possibilidades e desafios do Quilombo do Feital, situado no bairro de Piedade (Magé- RJ), em promover roteiros de turismo de base comunitária como estratégias combatentes ao racismo ambiental, ancorados em abordagens da educação ambiental de base comunitária. Por meio de pesquisa-ação com abordagem qualitativa, envolvendo pesquisa bibliográfica, documental e de campo, foram realizadas rodas de conversa e oficinas para identificação dos potenciais turísticos do território frente ao racismo ambiental e co-criação de um roteiro socioambiental baseado na metodologia de roteirização dialogada e análise de desafios. Os resultados relacionados à pesquisa demonstraram que roteiros de turismo de base comunitária são uma possibilidade de potencializar o empoderamento de comunidades tradicionais, uma vez que não prevê somente um processo de autogestão, mas a obrigação de solução de problemas ambientais graves, como por exemplo o saneamento básico que é uma questão de infraestrutura pública.

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