Justificativa
O mercado de trabalho de bacharéis em música, especialmente na área de práticas interpretativas, seja na área vocal ou instrumental, é em grande parte constituído por atividades de ensino e aprendizagem. Mesmo os instrumentistas afiliados a orquestras e coros profissionais, desenvolvem, frequentemente, carreiras ligadas a essa área.
Esses profissionais são geralmente instrumentistas de alto nível, mas que durante sua formação pouco contato tiveram com processos de ensino da música, de instrumento ou mesmo com a condução de práticas do fazer musical coletivo. Trabalham como professores nessas áreas, seja na escola formal ou no ensino informal de música, em cursos livres ou mesmo em aulas particulares. Assim, tais profissionais encontram obstáculos específicos em sua atividade sem necessariamente poder contar com um espaço para a reflexão e debate acerca deles.
Uma grande parte dos desafios da Educação Musical no Brasil são engendrados, entre outros, por uma necessidade de contextualização entre o ensino da música, as matrizes que norteiam a organização escolar brasileira e as relações sociais contemporâneas, assimiladas com rapidez cada vez mais célere por alunos de todas as idades. Ao estimular a inovação e a reformulação de possibilidades nas práticas de ensino e aprendizagem da música, o PROEMUS dialoga com estas de forma mais franca, posicionando-se para oferecer aos seus alunos condições de atuar como líderes nesses referidos processos de mudança pelos quais passa a educação musical no Brasil.
Também o rápido desenvolvimento tecnológico de produtos relacionados à atividade musical deslocou uma série de paradigmas que sustentaram e formataram o ensino da música nos últimos séculos. A maior participação dos aprendizes no processo, ao determinar tempos, formas e espaços próprios, sugere questões que antes sequer eram discutidas. Mais ainda, as possibilidades geradas pelos processos virtuais deslocam a figura do educador, que se vê a procura de novas metodologias para dialogar com seus alunos. Mais que a necessidade de se buscar linguagem e espaço novos, é necessário lidar com novos equipamentos e meios. A estrutura curricular do PROEMUS cria condições para que a procura de soluções e a descoberta de novos caminhos dessa educação aconteçam. Entretanto, diferente do que acontece habitualmente nos cursos de Licenciatura em Música ou nos trabalhos de pós-graduação na linha de Ensino e Aprendizagem da Música, o trabalho dos alunos está voltado para questões e problemas surgidos na prática, relacionados diretamente ao fazer musical, seja pelo viés instrumental, vocal, da composição ou da direção de grupos musicais.
A tendência percebida na produção musical contemporânea, de não-fixação em espaços tradicionais, também se verifica na educação musical da atualidade, transladando-a para locais antes considerados inapropriados. Junto com esse fato, a assimilação pela Educação Musical das músicas folclórica, popular, religiosa, “erudita”, eletrônica, hoje em igualdade de condições com o repertório ocidental tradicional, também reforça a necessidade premente de abertura de um espaço nos estudos deste Programa, direcionado às questões práticas relacionadas com o fazer musical. Mais ainda, nesse momento histórico em que a Universidade procura se aproximar da sociedade, o diálogo com aqueles profissionais inseridos no mercado de trabalho e da ação prática sugere que o PROEMUS não só abre a possibilidade de prestar um serviço inovador a seu público, mas também colabora para a abertura de um amplo canal de contribuições desses profissionais para com a Universidade.