Comunicações - Quinta-feira, 17/05/2018 - Sala 3
14:00 – Revisão bibliográfica preliminar do conceito de Storytelling como parte de pesquisa em improvisação musical
Rafael Gonçalves – UNIRIO
O presente trabalho apresenta uma revisão preliminar das pesquisas desenvolvidas em torno do conceito storytelling, termo usado por alguns autores que estudam improvisação em música popular. São citadas as pesquisas de Paul Berliner, Sven Bjerstedt, Klaus Frieler et al e Martin Norgaard para delimitar o conceito, entender as características do storytelling em improvisação, investigar as habilidades que os intérpretes precisam desenvolver, além de observar o uso de diferentes abordagens de performance improvisada. Primeiramente, são expostas as ideias gerais do conceito de storytelling. Muitos músicos expoentes dizem que tocam como se fossem "contar uma história com a música". É analisado como não ocorre a produção de uma história concreta, mas um discurso com os elementos musicais. Assim, são elencadas algumas características do storytelling em improvisação, como expostos por Berliner e Bjerstedt, como: produção de picos e vales de intensidade musical e a diretriz do músico tocar de acordo com sua voz interior (inner voice), em um processo de criação espontânea, que ocorre no momento em que se toca. São elencadas algumas habilidades para a produção de storytelling, como: tocar de acordo com a harmonia, e estar presente e concentrado no momento da performance. São apresentados alguns dados das pesquisas quantitativas de Frieler et al, que mostram em que medida os elementos do storytelling são observados a partir de uma análise mais objetiva de dados extraídos de transcrições de partituras e fonogramas da base de dados Weimar. É apresentada, ainda, uma relação entre individualidade e storytelling, em que se argumenta que a busca pelo desenvolvimento de uma habilidade pessoal e particular de improvisação é um elemento importante para improvisadores da música jazz.
Palavras-chave: Storytelling; Improvisação; Performance; Jazz; Música Popular Improvisada.
14:25 – Investigando a consciência durante a improvisação
David Ganc – UNIRIO
Resumo: Este artigo relata um experimento realizado durante um processo de investigação sobre a improvisação e a interpretação na obra do saxofonista e compositor Nivaldo Ornelas. Esta pesquisa se embasou em conceitos dos autores Nettl, Benson e Berliner, assim como envolveu a organização de uma tipologia que reúne diversas categorias de improvisação. O experimento se deu sob condições controladas de gravação e objetivou estudar como três músicos experientes se comportariam melodicamente ao improvisar sobre material harmônico desconhecido por eles, extraído de uma música de Ornelas. Tal processo visou investigar se a consciência está presente no curso de uma improvisação e como é possível aferi-la. Por intermédio das transcrições dos improvisos e das entrevistas realizadas com os músicos Pôsteriormente, se pôde observar que os improvisadores realizaram uma análise melódica em tempo real. Constatou-se que eles recorreram a estudos passados durante a execução. Por fim, concluiu-se que a consciência está presente nas diversas categorias de improvisação, incluída a realizada sobre harmonia desconhecida.
Palavras-Chave: Improvisação; Consciência; Transcrição.
14:50 – Problemas no estudo da improvisação livre
Matteo Ciacchi – UFPB
O termo “improvisação livre” refere-se habitualmente a uma prática musical que tem suas raízes num movimento que se desenvolveu na década de 1960 entre Estados Unidos e Europa. Pautado em ideais não apenas estéticos como também éticos e políticos, o conceito de improvisação livre permeia hoje em dia diversas práticas musicais e estudos acadêmicos. Apesar disso, músicos e pesquisadores apresentam definições por vezes diferentes e até contraditórias a respeito do significado de “improvisação livre”. Tentativas científicas de se aproximar dessa prática costumam focar em uma dimensão semântica, conceitual, filosófica ou ideológica que leva muitas vezes a trabalhos que se distanciam da realidade performática da improvisação livre. Nesse trabalho, a partir da análise de alguns textos relacionados ao assunto, buscaremos identificar alguns desses obstáculos e vias alternativas para abordar essa prática de maneira a priorizar aspectos performáticos e morfológicos.
Palavras-chave: Improvisação livre; Performance; Morfologia musical.
15:15 – Jogos de Improvisação livre na iniciação coletiva no violoncelo: resultados parciais de uma pesquisa-ação em três contextos do estado de São Paulo
Marta Macedo Brietzke – USP
Nesta comunicação, trato de um estudo sobre o uso de jogos de improvisação livre no ensino do violoncelo. O objetivo desta pesquisa, em nível de mestrado, é investigar, mais especificamente, a implementação de jogos de improvisação na iniciação coletiva ao instrumento em três instituições do estado de São Paulo. O estudo se configura como uma pesquisa-ação, na qual têm sido utilizadas como técnica de coleta de dados: a observação participante, a aplicação de questionário junto a 24 estudantes, bem como o uso de entrevistas semiestruturadas com os professores. Como resultados parciais, é possível indicar que, na implementação dos jogos elaborados, baseados nas proposições presentes em Alonso (2007), Brito (2003, 2011), Costa (2016), Gainza (2009), Salles (2002), Santos e Kater (2017), a maioria dos alunos compreendeu a proposta como uma forma de manifestação e criação musical. Grande parte dos estudantes relatou que se sentiu confortável ao praticar os jogos de improvisação, calcados na música contemporânea, reconhecendo a construção de discursos musicais nas atividades, bem como uma maior integração com seus colegas de classe. Os professores, porém, têm demonstrado preocupação com conteúdos sobre técnica, o que sugere que o ensino do instrumento tende a ser visto como foco na resolução de problemas de ordem técnica. Considero, por ora, que as expectativas deste trabalho têm sido correspondidas. Acredito que este trabalho possa trazer para a área da educação musical maior embasamento teórico acerca do uso da livre improvisação como ferramenta pedagógica, com um exemplo prático da aplicação e funcionalidade de jogos de improvisação. Considero que, a partir desta abordagem, outros jogos musicais possam ser compilados ou criados para a utilização na iniciação coletiva do violoncelo e de outros instrumentos, podendo futuramente também se configurar como objetos de investigação.
Palavras-chave: Jogos de improvisação; Ensino coletivo; Violoncelo.
15:40 – Coffee break
16:05 – Fracasso, desvio e negação da norma - e suas Poéticas
Carlos Eduardo Campello Pereira Porto Soares – UNIRIO
Este trabalho busca apresentar questões relativas à importância do fracasso na arte enquanto estratégia de inovação e fomento à diversidade. Enquanto matéria-prima criativa, fazemos a distinção de fracasso enquanto desvio da norma e enquanto negação da mesma, uma vez que enquanto o primeiro explora o fracasso a partir de uma dimensão estética, o segundo o faz a partir de uma dimensão poética.
Palavras-chave: Erro; Falha; Arte; Desvio da norma; Negação.
16:30 – Práticas criativas em educação musical: análises preliminares nos anais da ABEM
Lia Viégas Mariz de Oliveira Pelizzon – UDESC
O presente trabalho apresenta uma pesquisa de mestrado em andamento que busca investigar como o campo das práticas criativas em educação musical vem sendo representado nos trabalhos dos Anais do Congresso Nacional da Associação Brasileira de Educação Musical (ABEM). Para isso, foram traçados os seguintes objetivos específicos: identificar os autores que vem desenvolvendo trabalhos que envolvem as práticas criativas em educação musical; analisar os objetivos, as temáticas, as metodologias e os referenciais teóricos utilizados pelos autores; investigar as dimensões teóricas das práticas criativas a partir dos enfoques epistemológicos ou empíricos apresentados pelos autores dos trabalhos; refletir sobre os objetivos, funções e valores das práticas criativas em educação musical. Os dados da pesquisa consistem em publicações dos anais que abordam as práticas musicais criativas. A pesquisa se caracteriza como uma pesquisa bibliográfica de cunho qualitativo e tem como ferramenta de análise dos dados o software para análise de dados qualitativos MAXQDA. Para análise dos dados, foi elaborado um roteiro contendo questões tendo como base a proposta de Charmaz (2009) de investigar os textos a partir de perguntas pré-determinadas que considerem o contexto dos trabalhos. Este trabalho apresenta análises preliminares tendo como dados os Anais do Congresso Nacional da ABEM do ano de 2015 do qual foram selecionados 24 trabalhos que envolvem práticas criativas. Pretende-se com esta pesquisa compreender como o campo das práticas criativas em educação musical no Brasil vem se constituindo, tanto em relação às práticas pedagógicas como nas pesquisas, bem como de que modo estas se inserem nos ambientes de ensino e aprendizagem de música, buscando construir uma compreensão menos fragmentada que permita maior clareza e diálogo entre o que vem sendo produzido sobre práticas criativas em educação musical.
Palavras-chave: Educação musical; criatividade; práticas criativas; anais da ABEM.
16:55 – Expressão criadora: revisando o conceito
Adriana Rodrigues Didier – UNIRIO
Este trabalho integra a pesquisa de doutorado em andamento sobre a expressão criadora na educação musical. Tem como um dos objetivos compreender, através do pensamento do pedagogo uruguaio Jesualdo (1905 – 1982), os fundamentos do termo expressão criadora, tomando como fonte duas de suas obras Vida de un maestro, escrito em 1935 e La expresion creadora del niño escrito em 1950, onde apresenta reflexões sobre sua experiência profissional, sobre o sistema educacional e sobre a expressão criadora. Num segundo momento conecto Jesualdo com dois importantes referenciais na arte-educação, a brasileira Fayga Ostrower (1997) o austríaco Viktor Lowenfeld (1977) e seu parceiro Lambert Brittain (1977), também comprometidos com os processos de criação e a expressão criadora na educação.
Palavras-chave: Expressão Criadora; Jesualdo; Expressão Criadora na Educação Musical.