Exposição na Escola de Enfermagem reúne imagens e artefatos indígenas de Roraima
Cuias, tipoias, cocares e colares indígenas, entre outros objetos, estão em exposição no hall de entrada da Escola de Enfermagem Alfredo Pinto (EEAP). O material foi trazido de Roraima pela enfermeira Laudineia Barros da Costa Bomfim, que defendeu na última sexta-feira, dia 24, seu trabalho de mestrado profissional no Programa de Pós-Graduação em Saúde e Tecnologia no Espaço Hospitalar (PPGSTEH).
A exposição reúne imagens e artefatos de duas das nove etnias indígenas presentes no estado de Roraima: Yanomami e Wapichana. As fotos em exibição foram feitas em aldeias locais (como a imagem acima) e na enfermaria indígena do Hospital Infantil Santo Antônio, no qual Laudineia atua como diretora do serviço de urgência e emergência. Além de Roraima, a unidade hospitalar atende também regiões de fronteira com a Guiana e a Venezuela, além de municípios do estados do Amazonas e do Pará.
Natural do Piauí, a enfermeira trabalha há 15 anos em Roraima, onde aprendeu sobre o modo de vida e os costumes indígenas. “Os Yanomami, que habitam regiões mais distantes, não têm vasilhas, só utilizam cuias”, revela, mostrando o artefato feito para armazenar água e alimentos. Já os colares, segundo ela, têm função espiritual, assim como o cocar. “São acessórios usados na pajelança, que é o ritual feito para espantar os espíritos ruins”, aponta.
O material permanecerá em exibição até a próxima terça-feira, dia 4 de abril. A EEAP se localiza na Rua Xavier Sigaud, 290, Urca.
Crianças indígenas
O trabalho defendido por Laudineia no PPGSTEH é o protótipo metodológico de um curso de especialização para enfermeiros nos cuidados à criança indígena. Segundo ela, o Hospital Infantil Santo Antônio – único do gênero no estado – conta com uma enfermaria indígena, mas não oferece capacitação aos profissionais de saúde para atendimento a esse público específico.
“Crianças indígenas têm hábitos e costumes distintos”, ressalta. Entre as especificidades, há a alimentação, com grande ingestão de aipim e banana, por exemplo, e os banhos com água gelada, à semelhança dos mergulhos em rios e riachos. Além disso, esses pacientes dormem em redes dentro do hospital, pois “consideram a cama muito desconfortável”.
De acordo com Laudineia, as crianças indígenas representam 5% da população infantil de Roraima. Os problemas de saúde mais enfrentados por esses pacientes são desnutrição, pneumonia e malária. Para a recém-mestre, capacitar os profissionais de enfermagem é fundamental para aumentar a adesão às orientações médicas. “O conhecimento e o respeito aos costumes indígenas melhoram a aceitação ao tratamento, tanto por parte da mãe quanto da criança”.
Objetos em exibição no hall da EEAP. Fotos: Comso