Tradescantia pallida var. purpurea (Rose) D.R.Hunt
Família: COMMELINACEAE
Nome científico: Tradescantia pallida var. purpurea (Rose) D.R.Hunt
Nome popular: trapoeraba-roxa
Fotos: Ricardo Cardoso Antonio
Para o PDF da etiqueta, clique aqui.
Foto: Matheus Gimenez Guasti
Popularmente conhecida como trapoeraba-roxa ou coração-roxo, a espécie Tradescantia pallida var. purpurea, embora originária do México, é amplamente cultivada no Brasil, facilmente encontrada em jardins e muito utilizada em projetos de ornamentação. Esta espécie é uma erva com cerca de 30 cm de altura, prostrada, com folhagem de cor roxa extremamente decorativa, muito usada para cobertura de espaços amplos que necessitem de contraste de cores. As folhas da trapoeraba-roxa são carnosas, lanceoladas, com face adaxial de cor roxo-escuro e de textura agradável ao toque. A face abaxial possui cor roxa-esbranquiçada, com nervuras um pouco mais escuras, muito visíveis próximo à bainha da folha. Suas flores são terminais, trímeras, com pétalas cor de rosa claro, contrastando com as anteras amarelas. A cor roxa característica da espécie se deve a altas concentrações de um pigmento denominado antocianina, um flavonoide responsável pela cor vermelha a azul/arroxeada presente em inúmeras espécies vegetais, atuando como regulador da fotossíntese e na proteção contra os danos causados pela luz solar e a radiação ultravioleta.
Há algum tempo, a trapoeraba-roxa vem sendo usada como uma espécie bioindicadora em programas de biomonitoramento e de discriminação de emissões de gases poluentes, já que responde à poluição atmosférica, acumulando metais pesados em seus tecidos e apresentando alterações detectáveis e mensuráveis.
O nome do gênero, Tradescantia, é uma homenagem de Linnaeus aos ingleses John Tradescant, o Velho (1570-1638) e seu filho, John Tradescant, o Jovem (1608-1662). O pai foi um naturalista, viajante, jardineiro da nobreza inglesa e colecionador. Montou uma incrível coleção de arte, história natural e etnografia, com sementes e bulbos de espécies vegetais exóticas, penas, ossos e animais jamais vistos na Europa, inclusive um dodô. Além de material de origem orgânica, essa coleção possuia inúmeros itens curiosos, como estatuetas, artefatos ritualísticos, objetos raros e estranhos que juntou ao longo de suas viagens a lugares considerados pouco conhecidos e misteriosos para a sociedade da época, como a região ártica da Rússia, o norte da África e o Oriente Médio. A coleção era uma espécie de “gabinete de curiosidades”: tornou-se tão cheia de itens interessantes que passou a ser chamada de “a Arca” (The Tradescant Ark) e os londrinos pagavam alguns centavos para visitá-la. Seu filho tornou-se botânico e cultivava nos jardins da realeza inglesa as espécies coletadas em suas viagens à América. O jovem Tradescant também deu continuidade à coleção do pai, tornando-a ainda maior e mais cheia de itens, sendo considerada visita obrigatória àqueles que visitavam Londres. Com a morte de seu filho (neto de John Tradescant, o Velho), o jovem Tradescant perdeu seu entusiasmo e, de forma pouco clara, conforme narram os historiadores, a coleção acabou passando às mãos do também colecionador Elias Ashmole, que posteriormente a doou para a Universidade de Oxford e que pode ser visitada até os dias de hoje, no Ashmolean Museum, o "museu de arte e arqueologia da Universidade de Oxford, fundado em 1683", considerado o primeiro museu público do mundo. Por conta da sua incrível coleção, John Tradescant, o Velho, é considerado seu fundador. O local onde os três Tradescants foram enterrados foi transformado no Garden Museum, também aberto à visitação.
O epíteto específico pallida é uma referência à cor esbranquiçada que as folhas apresentam, atenuando a cor roxa. O nome purpurea indica a variedade, que apresenta folhas e caules completamente roxos ou violeta.
Autoria: Sandra Zorat Cordeiro (2019)
Garden Museum. Tradescants. Disponível em https://gardenmuseum.org.uk/the-museum/history/tradescants/. Acesso em 10 Out. 2019.
Lorenzi, H. (2015) Plantas para jardim no Brasil – herbáceas, arbustivas e trepadeiras. 2ª. ed., São Paulo: Instituto Plantarum de Estudos da Flora.
Macdonald, J.V. Retrobituaries - John Tradescant, Royal Gardener and Forefather of the Natural History Museum. Disponível em http://mentalfloss.com/article/502056/retrobituaries-john-tradescant-forefather-natural-history-museum. acesso em 09 Out. 2019.
MOBOT - The Missouri Botanical Garden. Plant finder - Tradescantia pallida "Purpurea". Disponível em: http://www.missouribotanicalgarden.org/PlantFinder/PlantFinderDetails.aspx?taxonid=260275&isprofile=1&basic=tradescantia%20pallida. Acesso em 10 Out. 2019.
Quattrocchi, U. (2012) CRC World Dictionary of Medicinal and Poisonous Plants: Common Names, Scientific Names, Eponyms, Synonyms, and Etymology. Reimpressão. Boca Raton: CRC Press. 2012.
Savóia, E.J.L. (2013). Potencial de Tradescantia pallida cv Purpurea para acumular metais pesados oriundos da poluição atmosférica particulada na região do grande ABC paulista. Tese (Doutorado em Biodiversidade Ambiental e Meio Ambiente), Instituto de Botânica, IBot, São Paulo.
Silva, J.S. (2005). Efeitos genotóxicos em tétrades de Tradescantia pallida (Rose) D.R. Hunt var. purpurea induzidos por poluentes atmosféricos na cidade de Salvador - BA. Monografia (Bacharelado em Ciências Biológicas), Universidade Estadual de Feira de Santana, UEFS, Feira de Santana.
Veiga, V.S. (2016). Elias Ashmole e suas contribuições para a divulgação da ciência durante o século XVII. Dissertação (Mestrado em História da Ciência) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, PUC-SP, São Paulo.