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Comunicações - Terça-feira, 15/05/2018 - Sala 4

14:00 – Musicalidade crítica: a convergência entre a teoria dos significados de Lucy Green e a pedagogia crítica de Paulo Freire
Alan Caldas Simões – UFMG
O presente trabalho, configura-se como uma pesquisa de doutorado em andamento, cujo tema central é a relação entre autonomia de aprendizagem e as práticas informais de aprendizagem musical na escola. Em nossa investigação, buscamos responder a seguinte questão de pesquisa: Como se caracteriza a autonomia pessoal do educando em práticas informais de aprendizagem musical na escola? Dessa forma, nossa investigação possui os seguintes objetivos: a) Discutir e problematizar sobre as práticas informais de aprendizagem musical na escola; b) Analisar, descrever e definir categorias que indicam modos pedagógicos autônomos de aprendizagem musical dos educandos inseridos em práticas informais de aprendizagem musical; e c) Realizar uma expansão teórica do conceito de Musicalidade Crítica. O conceito de Musicalidade Crítica foi formulado por Lucy Green a partir da Pedagogia Crítica desenvolvida por Paulo Freire. Em síntese, a Musicalidade Crítica, representa a percepção e a ampliação de consciência acerca dos significados inter-sônicos e delineados presentes na experiência musical. Nosso trabalho possui como fundamentação teórica principal os escritos de Paulo Freire e Lucy Green, integrados no processo que denominamos: Processo de Conscientização Musical Crítica. Na presente comunicação apresentaremos nossa formulação teórica onde defendemos as seguintes teses: 1) A Musicalidade Crítica é formada por três dimensões: a) autonomia musical; b) autonomia pessoal; e c) e autenticidade de aprendizagem musical; 2) O processo de musicalização crítica representa um processo de conscientização crítica a partir do objeto música; e 3) A Musicalidade Crítica representa uma expansão teórica da Teoria dos Significados (desenvolvida por Lucy Green). Em suma, o processo de conscientização musical crítica, possuindo como elemento chave o desenvolvimento da Musicalidade Crítica, define novas bases teóricas para a educação musical, resignificando-a, na medida em que enfatiza a necessidade de uma educação musical transformadora, objetivando a humanização e a justiça social formuladas a partir do objeto música.
Palavras-chave: Musicalidade crítica; Teoria dos significados; Pedagogia crítica.

14:25 – Trajetória discente de licenciandos em música: estudando o perfil dos alunos de licenciatura em música da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
Anke Waldbach Braga – UNIRIO
Este texto apresenta uma pesquisa de mestrado em andamento, que objetiva analisar como se modificam as visões e expectativas inicias de licenciandos da Licenciatura em Música da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) e quais as influências do curso nessas mudanças. A pesquisa pretende retomar o objeto estudado para o meu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), o qual procurou descrever o perfil do ingressante do curso de Licenciatura em Música da Instituição pesquisada.
Palavras-chave: Perfil dos estudantes, formação de professores, representação de licenciandos em música, expectativas de estudantes.

14:50 – Processos de singularização e histórias de vida dos sujeitos participantes de um projeto de extensão universitária
Ilana Assbú Linhales Rangel – UNIRIO
Por meio do presente artigo, será apresentado um extrato de pesquisa de curso de doutorado em andamento no Programa de Pós-Graduação em Música da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (PPGM-UNIRIO). O objetivo de tal pesquisa é conhecer, analisar e problematizar a formação possibilitada pela e na experiência de jovens participantes de um projeto de extensão universitária, de modo a identificar como cada um se constituiu sujeito a partir do vivido. Intitulado “Juventude, Prática Musical e Expressão: vivendo e criando música com jovens”, o projeto de extensão é desenvolvido com estudantes e ex-estudantes do Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira, o CAp/UERJ, desde 2003 e também com membros da comunidade externa a este campo. As experiências vividas no referido projeto de extensão são pautadas, dentre outros, no conceito de processos de singularização conforme estabelecido por Félix Guattari (1987; 2012; GUATTARI; ROLNIK, 1996), que aqui será abordado. Através da dialogicidade passado/presente revelada pelas histórias de vida dos jovens colaboradores desta investigação, pôde-se fazer o levantamento de dados necessários. O método biográfico articulado ao método cartográfico e em especial a história de vida (ALBERTI; MEIHY; HOLANDA) como técnica de coleta de dados, outro aspecto que aqui será abordado, organizam o desenho metodológico da pesquisa. Pretende-se que as reflexões provocadas a partir deste estudo possam contribuir para a Educação Básica informando sobre as escolhas pedagógico-musicais constituídas no ambiente escolar e sobre os processos de ensino-aprendizagem daí decorrentes, de modo que se possa refletir acerca da luta cotidiana necessária para a construção de uma educação como ato político tendo em vista um projeto coletivo.
Palavras-chave: educação musical; processos de singularização; história de vida.

15:15 – A construção de identidades profissionais e musicais na música independente contemporânea do Rio Grande do Sul
Clarissa Figueiró Ferreira – UNIRIO
O mercado fonográfico sofreu profundas alterações relacionadas às formas de registro e comercialização da música gravada ao longo do século XX e início do século XXI. A indústria da música vem se modificando com as novas formas de distribuição que tornaram os produtos musicais mais acessíveis, e vem transformando os entendimentos culturais relacionados a hábitos de consumo e construção de identidades. O advento das tecnologias de gravação, resultantes do contexto da modernização, ocorreu através da evolução das mídias e formatos de distribuição, passando pelo vinil, fitas K7, CDS, chegando ao MP3, tendo como formas de difusão o rádio, a televisão, até o advento da internet. Nesta configuração os registros musicais, anteriormente realizados somente por meio de empresas responsáveis por gravação sonora, pluralizam-se através da acessibilidade a novas formas de gravação tecnológicas, dando surgimento ao segmento de música independente. Das mais recentes possibilidades, que envolvem novas formas de financiamento e realização de trabalhos musicais, surgem diferentes conteúdos sonoros integrantes do mosaico mercadológico da fonografia sul-rio-grandense atual. Este recente panorama demarca novas possibilidades de construção de identidades musicais e também profissionais. Para compreender o processo de uma possível nova conjuntura de mercado e renovação estética temos de lembrar que há mais de um século a música sul-rio-grandense movimenta a indústria fonográfica do país, principalmente nos limites geográficos do estado. No entanto, parece que até hoje as questões mercadológicas, envoltas em ideologias sobre o “verdadeiro gauchismo”, ainda não estão bem maturadas e causam inúmeras discussões sobre a legitimidade desta construção identitária e sua relação com a indústria cultural. Compreender como músicos sul-rio-grandenses do cenário independente atual agenciam-se no mercado musical construindo identidades musicais e profissionais é o objetivo desta pesquisa.
Palavras-chave: Música Independente; Mercado Fonográfico; Rio Grande do Sul.

15:40 – Coffee break

16:05 – Práticas Musicais dos Pataxó: o Awê como símbolo de reafirmação identitária
Daniele Damasceno Fischer – UFMG
O presente artigo é fruto de nossa pesquisa na linha de Música e Cultura da UFMG. Nosso campo de pesquisa foi desenvolvido em escolas regulares de Belo Horizonte e nossas observações se concentraram em torno das relações estabelecidas entre os indígenas da etnia Pataxó e comunidade escolar. As perguntas que nortearam nosso campo devotaram-se em investigar como seria feito o contato dos indígenas com a comunidade escolar, quais elementos culturais seriam utilizados, se expressões musicais apareceriam nesse contexto e caso aparecessem, qual o papel que ocupariam. No momento em que esses indígenas estabeleciam contato com alunos e professores, foi possível perceber a importância e destaque conferidos à sua prática musical intitulada Awê. Largamente compartilhado no dia a dia de suas visitas às escolas, mostrou-se o Awê como veículo instituído de suma importância não só no que diz respeito à sua estreita ligação com a revitalização da língua nativa dos Pataxó – o Patxohã – como também no que concerne à sua ênfase como mecanismo representativo da cultura desses indígenas. Além disso, ao compartilharem o Awê com a comunidade escolar, era notória sua importância como fator de união entre esses indígenas, o que era evidente, por meio de sua própria fala. Através das próprias experiências narradas pelos Pataxó no que tange aos massacres sofridos e à luta por suas terras, como também por meio de pesquisas bibliográficas de cunho histórico, antropológico e etnomusicológico foi possível identificar a imbricada ligação existente entre suas práticas musicais e seus mecanismos de afirmação identitária. Dispositivos esses, essenciais, não só por sua relevância em demarcar a diferenciação étnica e cultural concernente ao povo Pataxó, como também por sua representatividade nas lutas diárias por suas terras e demais direitos.
Palavras-chave: Awê; Práticas Musicais dos Pataxó; Afirmação Identitária.

16:30 – Funk carioca, Relações de Trabalho e de Gênero: Reflexões sobre o filme “Sou feia, mas tô na moda”
Tânia Maria Silva Rêgo – UNIRIO
Neste texto, produzido para a disciplina Música e Antropologia, buscou-se refletir sobre o filme documentário “Sou feia, mas tô na moda”, dirigido por Denise Garcia em 2005, com base nas referências bibliográficas estudadas. Foram analisados aspectos do trabalho com música, mais especificamente as relações de trabalho e relações de gênero no funk carioca apresentadas no documentário.
Palavras-chave: “Sou feia, mas tô na moda”; Funk carioca; Relações de Trabalho e Relações de Gênero.

16:55 – O espelho do etnógrafo: um ensaio sobre reflexividade e pesquisa de campo na etnomusicologia
Renan Moretti Bertho – UNICAMP
Este ensaio busca explorar “o quanto de si” cada etnomusicólogo coloca em seu trabalho. Evidentemente que não se trata de um estudo quantitativo, mas sim de uma breve análise a fim de observar como diferentes autores se posicionam ao longo dos seus textos e de que maneira estas posições aparecem como autoreflexões, advindas de uma leitura específica da sua própria realidade. Diferente das descrições etnográficas, que relatam situações gerais, estas autoreflexões são entendidas aqui como a manifestação escrita de um processo de reflexão, aparecendo, na maioria das vezes, em primeira pessoa e com a intenção de expressar vivências, emoções, questionamentos e/ou comparações. Sob este viés, coloco as seguintes questões: seria possível observar tal “tendência reflexiva” em trabalhos etnomusicológicos? Se sim, qual a importância desta tendência para área e como esta ferramenta etnográfica contribui para apresentar diferentes significados e visões sobre a música? Para responder tais questionamentos busco tecer considerações metodológicas e discutir diferentes maneiras de inserção e de engajamento com o trabalho de campo. Mais do que uma análise subjetiva da metodologia e dos discursos produzidos na - e através da - pesquisa de campo, este ensaio concentra esforços para pensar o papel da reflexividade na etnomusicologia.
Palavras-chave: Etnomusicologia; Pesquisa de campo; Reflexividade.

17:20 – Impactos das apropriações culturais à luz da Etnomusicologia: o caso do disco Roots da Banda Sepultura
Flávio Garcia da Silva – UFMG
A questão da apropriação cultural, na confluência entre os trabalhos de pesquisa em música e de subsequentes produções de material, por assim dizer, artístico-culturais – de verve folclórica, para-folclórica ou da grande world music – tem ocupado muitas páginas dos escritos de importantes pensadores no ramo da Antropologia, da Antropologia da Música e da própria Etnomusicologia (CARVALHO, 2004 e 2010;
SANDRONI, 2007). Os argumentos, sempre caminhando na direção da revisão crítica e de apontamentos político-sociais acerca de algumas posturas de agentes culturais e de estudiosos, incitam a repensar a maneira como se expõem determinados aspectos estéticos de comunidades ou etnias que, a princípio, atuariam fora de uma lógica de ‘bens de cultura’ ou de ‘um mercado cultural’. Tendo em mente as inferências a respeito das características desse tipo de apropriação cultural, pretende-se empreender um estudo de caso, ora tratando do exemplo do álbum Roots, da banda mineira Sepultura, de 1996, onde tal procedimento parece ocorrer. O disco conta, em algumas faixas e no seu encarte, com materiais estético-culturais e sonoro-musicais vindos de culturas diversas da dos membros da mencionada banda, realocados e estilizados de maneira diferenciada daquela de seu contexto, infira-se, ‘original’. A investigação, portanto, será acerca da maneira como a banda Sepultura se apropriou de elementos estético-musicais de grupos indígenas e afrodescendentes pré-existentes, a descrição disso sendo construída a partir das noções vindas de referenciais teórico-procedimentais da Antropologia, Etnomusicologia ou mesmo do que se pode chamar de uma Etnomusicologia Aplicada (LUHNING, 2011 e CAMBRIA, 2004).
Palavras-chave: Apropriação cultural; Etnomusicologia Aplicada; Banda Sepultura.