DECOLONIALISMO NA FORMAÇÃO INICIAL DO PIANISTA: ELABORAÇÃO DE ESTRATÉGIAS PARA O ENSINO DE MÚSICAS DE MATRIZ AFRICANA

Este trabalho nasce da constatação de que o ensino do piano no Brasil ainda reflete as consequências de um longo processo de colonização, o qual levou ao silenciamento da música brasileira de matriz africana. Neste ponto, o problema não é a música erudita ou os conservatórios, com seu repertório, métodos e sistematizações. O problema é a naturalização de que estes são a única possibilidade de se trabalhar a música – e, em particular, a aprendizagem do piano – de forma séria e com qualidade. Para contrariar esta tendência, proponho o desenvolvimento de uma revisão de literatura sobre a atualidade da pedagogia e ensino do piano popular, assim como a análise das metodologias e padrões encontrados nos métodos desenvolvidos por Turi Collura (2009), André Marques (2018) e Leandro Braga (2020), com vista a conhecer, interpretar e transformar esse conteúdo em estratégias de ensino passíveis de serem aplicadas na formação inicial de pianistas. Para alcançar este objetivo, recorro ao método de investigação pesquisa-ação. De acordo com este, parto de uma pesquisa acerca do estado atual do ensino da música popular, identificando os seus pontos de interseção e de corte com as metodologias aplicadas no ensino do piano erudito/tradicional. A partir daí, escolho três gêneros musicais de matriz africana que dialoguem com o que foi previamente analisado, e que possam ser traduzidos em termos mais simples. De seguida, elaboro um plano de 10 aulas que serão ministradas e monitoradas por mim, com alunos escolhidos com base em critérios de disponibilidade, interesse e nível de aprendizagem. A avaliação final deste processo tornará possível a sistematização de ferramentas para o início da elaboração de um material didático para alunos iniciantes que seja original e que apresente, na sua construção, elementos da cultura musical brasileira de matriz africana: ao nível rítmico, harmônico e melódico.