Seminário da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis debateu ações afirmativas

por Comunicação — publicado 13/07/2022 15h41, última modificação 14/07/2022 09h50

Evento aconteceu na ultima segunda-feira (11), no Auditório Tércio Pacitti

Seminário da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis debateu ações afirmativas

Na última segunda-feira (11) foi realizado, no auditório Tércio Pacitti, o primeiro encontro do seminário Prae conversa sobre ações afirmativas: o que devemos discutir em 2022. O evento pretende discutir questões relacionadas à revisão da Lei de Cotas (12.711), promulgada em 2012.

A abertura do evento teve como tema Desigualdades na universidade. A mesa foi mediada pela pró-reitora de Assuntos Estudantis, Carmen Irene Oliveira. Também compuseram a mesa a doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGEdu) Evelyn Lima e a museóloga e educadora musical Jessica Hipólito.

"Ir ou não à universidade deve ser uma escolha daquele que deseja e não do sistema", disse Carmen Irene, em sua fala inicial. Na sequência, foi dada a palavra a Evelyn Lima que, em sua palestra, abordou a relação de jovens da periferia com a universidade - tema pesquisado em seu trabalho de conclusão de curso de graduação e em sua dissertação de mestrado.

"De 2003 a 2018, houve um aumento de 27 mil para 145 mil pessoas negras em cursos de graduação no Brasil, mas a maior parte em cursos menos concorridos. São jovens que precisam conciliar o ensino e trabalho, e que necessitam de auxílios da universidade para se manter", disse Evelyn. Segundo ela, a maioria dos jovens da Baixada Fluminense que participaram das pesquisas dela nem sabiam da existência da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), que possui sedes em Nova Iguaçu e Seropédica, cidades da região. "A gente sai da nossa bolha universitária e percebe que as políticas de inclusão, que a gente conhece de cor para esses jovens, eles desconhecem", disse ela.

Em sua palestra, Jéssica Hipólito frisou que as palavras-chave na discussão devem ser acesso, inclusão e democratização. "A universidade ainda é um espaço de elite, criado para as elites. A universidade não sabe como lidar com os cotistas". Durante sua fala, Jéssica relatou a dificuldade que alunos cotistas têm para se manter na universidade. "Quando a gente vê dentro da universidade professores dizendo a alunos cotistas que as bolsas são para serem usadas na compra de livros, percebemos que essas pessoas não entenderam nada da realidade daquelas pessoas", disse Jéssica.

Em seguida, uma nova mesa foi formada para debater o tema Para entender ações afirmativas, com o professor Diógenes Pinheiro, do Programa de Pós-Graduação em Educação, e Andréa Lopes, coordenadora de Políticas Estudantis da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis. "A democratização da universidade é uma luta em processo", disse Diógenes, abrindo sua palestra, e destacou a importância do processo de acolhimento aos estudantes cotistas. "Temos que avançar para além da inclusão, ou então a universidade vira uma porta-giratória: o sujeito entra, mas na sequência ele sai, por não se reconhecer naquele ambiente", disse Diógenes, que ainda defendeu que a lei de cotas deve ser revista sim, mas para ser ampliada, nunca diminuída.

Andréa Lopes, a última palestrante, recuperou o histórico das ações afirmativas no Brasil. "Existem iniciativas desde os anos 80, muito antes do surgimento da discussão sobre cotas no Ensino Superior". Ela ainda destacou a importância do resgate das pesquisas de Abdias Nascimento, desenvolvidas ainda na década de 70 - período que teria outro grande marco, com a unificação do movimento negro e o seu rompimento com o conceito de democracia racial. Na sequência, ela citou que houve a aproximação do movimento negro com partidos políticos, o que gerou o contexto para que, a partir dos anos 90, as ações afirmativas migrassem para o campo da Educação.

Os encontros do Seminário serão realizados mensalmente até o fim do ano. O próximo está marcado para acontecer em 25 de julho, às 18h, no auditório Tércio Pacitti, e terá como tema Ações Afirmativas e combate às desigualdades raciais e étnicas.