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Presidente da Fundação Index fala sobre pesquisa em Enfermagem, divulgação científica e o papel da sabedoria popular

por comunicacao — publicado 29/04/2015 19h55, última modificação 30/04/2015 09h14
Em visita à UNIRIO para participar do 1º Simpósio Internacional Universitário de Editoração Científica, Manuel Amezcua Martínez concedeu entrevista à Coordenadoria de Comunicação Social (Comso)

“Em uma disciplina tão aplicada quanto a Enfermagem, é impossível produzir conhecimento se não soubermos quais são os efeitos transformadores que ele gera.” Assim o presidente da Fundação Index (Espanha), Manuel Amezcua Martínez, define a motivação para o trabalho cooperativo e voluntário realizado por mais de 500 pessoas de diversos países que dedicam parte de seu tempo à instituição.

Voltada para a promoção da pesquisa em cuidados de saúde no contexto ibero-americano, a Fundação é uma das entidades científicas mais reconhecidas do mundo na área de Enfermagem. Em 2012, a UNIRIO formalizou convênio com a instituição, com o objetivo de desenvolver relações científicas e culturais de colaboração.

Em visita à UNIRIO para participar do I Simpósio Internacional Universitário de Editoração Científica (Sinuec), Martínez concedeu entrevista à Coordenadoria de Comunicação Social (Comso), para falar sobre a pesquisa em Enfermagem, a divulgação científica e a importância dos saberes tradicionais, entre outros assuntos. O pesquisador ministra nesta quinta-feira, dia 30, a palestra Gestão do conhecimento em cuidados de saúde, às 14h50, no Auditório Vera Janacopulos (Av. Pasteur, 296, Urca).

Qual o papel da Fundação Index no fomento à pesquisa em cuidados de saúde?

A Fundação nasceu há 28 anos, no contexto de uma reforma sanitária que aconteceu na Espanha nos anos 1980. Como fomos o primeiro país europeu a fazer uma reforma desse tipo, na área de atenção primária em saúde, não tínhamos referência para executar o projeto. Por isso, optamos pela via do conhecimento e pela busca de experiências de países mais distantes que já tivessem passado por esse processo – como Cuba, por exemplo.

Essa pesquisa gerou uma documentação que, posteriormente, originaria periódicos sobre o tema, levando à criação da Fundação Index, que se dedica a promover a investigação em cuidados de saúde na área ibero-americana. Os sistemas de avaliação do conhecimento em geral excluem, de alguma forma, as pesquisas que não se expressam em inglês – o que afeta, principalmente, disciplinas muito aplicadas, como a Enfermagem. Logo, necessitamos de meios que nos permitam dar visibilidade ao conhecimento produzido no campo.

De que forma o convênio com a UNIRIO colaborará para a difusão científica na área?

Desenvolvemos ferramentas de bases de dados bibliográficos para avaliar o impacto das publicações e organizar a informação referente à pesquisa em Enfermagem no contexto ibero-americano, o que levou a um novo padrão de comportamento da investigação científica na área. Se, antes, a pesquisa era, em geral, restrita à realidade de cada país, atualmente observa-se o fenômeno do intercâmbio de conhecimentos.

Nesse contexto, a Fundação criou a Rede Internacional de Centros Colaboradores, com o objetivo de institucionalizar a relação entre os centros de pesquisa em diferentes países. A UNIRIO, junto com outras instituições do Brasil e de outros países da América Latina e da Península Ibérica, passou a integrar essa rede, que permite a geração, análise e difusão de conhecimento de forma conjunta.

Como você avalia o aumento da produção científica ao longo dos anos?

A partir dos anos 1970 ocorreu um crescimento exponencial do conhecimento científico em geral – no caso da Enfermagem, sem aparente saturação. A Fundação Index tem um ranking de revistas de Enfermagem ibero-americanas, desde o ano de 1993, ininterruptamente. Houve um enorme crescimento de lá para cá, mas, naquela época, já havia um número relevante de revistas, para que a Fundação pudesse fazer essa análise.

A produção em Enfermagem cresce como em qualquer outro campo de conhecimento, porém, existia um problema de visibilidade na área. Hoje, na região ibero-americana, são produzidas cerca de 200 revistas específicas de Enfermagem. Há, ainda, outras 200 revistas que não são de Enfermagem, mas que também publicam trabalhos de enfermeiros que se dedicam a pesquisar em campos de conhecimento relacionados. A produção científica da área nessa região contabiliza mais de 4.500 artigos por ano.

Quais são as especificidades da pesquisa em Enfermagem em relação às demais áreas do conhecimento?

Atualmente, exalta-se o conhecimento básico, do tipo tecnológico, que emana dos laboratórios, distante da cidadania. No entanto, o conhecimento em Enfermagem é aplicado, o que faz com que a pesquisa na área seja vista com certa estranheza, como se fosse desprovida de caráter científico. Enfermeiros produzem conhecimento nos mesmos cenários em que cuidam de seus pacientes. É um ambiente de proximidade, e os efeitos que surgem da investigação na Enfermagem têm a ver com as imediações originadas nesse espaço.

Poucas disciplinas são capazes de fazer surgir o conhecimento e, imediatamente, aplicá-lo. As unidades de transferência da teoria para a prática são as próprias unidades de enfermaria; o lugar onde se cuida do paciente. Os enfermeiros produzem em seu idioma materno não porque não saibam inglês, mas porque desejam utilizar a mesma língua da comunicação com seus pacientes. O conhecimento em Enfermagem é um dos conhecimentos científicos mais aplicados que existem, porque é gerado no momento mesmo em que é aplicado.

Como pesquisador, seu campo específico de investigação é Enfermagem e Antropologia. Qual o objeto de estudo dessa área?

Dentro da Enfermagem, há uma corrente antiga e muito importante que se preocupa em conhecer o fenômeno da diversidade cultural. Esse modelo surge nos anos 1970, no contexto do movimento massivo de imigração para os Estados Unidos. A partir desse fenômeno, surge o modelo chamado de Enfermagem Transcultural, que pretende investigar a relação entre as características culturais das pessoas e sua saúde.

Habitualmente, quando a população é uniforme, não se pensa nisso. Porém, quando as pessoas chegam a outro país, não assimilam de maneira imediata a cultura local, e, em geral, desejam continuar seu modo de vida. Para nós, a Enfermagem constitui um desafio, pois precisamos conhecer quais são as crenças, os gostos, e os costumes relacionais do paciente com a saúde, para prestar os devidos cuidados.  

Quais são as principais questões abordadas pela Enfermagem Transcultural?

Uma das questões que têm nos preocupado se relaciona à diminuição das atividades cuidadoras na família. Tradicionalmente, o grupo familiar tinha recursos e muito conhecimento para cuidar de si próprio; porém, a tecnificação da sociedade faz com que sejamos dependentes dos especialistas e dos serviços de saúde. Com essa ruptura, muito dos saberes populares tem se perdido ao longo das gerações.

Isso acontece sobretudo nos países mais desenvolvidos; no contexto europeu, se dá de uma forma radical. Já na América Latina, ainda se encontra a coexistência dos saberes científicos e tradicionais, e as pessoas decidem qual dos dois devem utilizar em cada momento.

Na Enfermagem, é muito importante, sobretudo em momentos de crise, educar a família para que tome consciência do valor da sabedoria popular, pois não se pode depender unicamente dos serviços sanitários prestados por profissionais. A família tem que resolver seus problemas de saúde e, sobretudo, saber tomar decisões.


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