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O poder da ciência

por Comunicação publicado 07/04/2021 07h46, última modificação 07/04/2021 11h40
Aula inaugural da pós-graduação aborda o potencial da ciência como motor de transformação social

“A PROPGPI se solidariza com as mais de 330 mil famílias que, neste momento, choram as suas perdas”. Assim a professora Evelyn Dill Orrico, à frente da Pró-Reitoria de Pós-Graduação, Pesquisa e Inovação (PROPGPI), deu início à aula inaugural da pós-graduação no semestre 2021.1. O evento ocorreu nesta terça-feira, dia 6, com o tema Pandemia, saúde e futuro da ciência no contexto brasileiro.

Os professores convidados foram lldeu de Castro Moreira, docente do Instituto de Física da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), e Eduardo Levcovitz, docente do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). “Conseguimos reunir dois pesquisadores atuantes, politicamente engajados, no sentido de querer colocar a ciência como pauta de discussão, para o fortalecimento da nossa nação”, ressaltou a pró-reitora.

Escassez

O pouco investimento em ciência no Brasil foi o ponto central da fala de Ildeu Moreira. Segundo ele, apenas 18% dos adultos no país têm ensino superior, enquanto a média dos países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) atinge o dobro desse valor. “É um problema estrutural, que nós temos que melhorar muito”, apontou, acrescentando que nossa educação básica também é deficiente.

Em seguida, o docente destacou o impacto econômico das pesquisas científicas. “Às vezes, as pessoas acham que a ciência produzida fica nos livros, nas gavetas e nas prateleiras das bibliotecas, mas o investimento em ciência e tecnologia no Brasil dá o retorno de bilhões de dólares por ano”, salientou. Como exemplos, ele destacou o desenvolvimento da agricultura tropical e o êxito do pré-sal, com a exploração do petróleo em águas profundas.

Entretanto, apesar do potencial econômico, os investimentos na área têm sido insuficientes. “O Brasil investiu muito pouco nos últimos anos: em termos de participação de recursos do PIB [produto interno bruto] para pesquisa e desenvolvimento, [o valor] atingiu 1,2%, mas na maioria dos países desenvolvidos é da ordem de 3%, ou até mais”, revelou. O problema se reflete nos rankings internacionais: segundo ele, o Brasil ocupa apenas a 62ª colocação em relação à inovação no mundo, “atrás, inclusive, de muitos países da América Latina”.

Outra questão abordada por Ildeu foi a excessiva burocracia inerente à pesquisa brasileira, e ao setor público de maneira geral. “Em termos de pandemia, a burocracia mata quando ela atrasa decisões, quando ela atrasa a importação de insumos, quando ela atrasa decisões referentes a isolamento social, por exemplo – que, neste momento, são cruciais”, ressaltou. “É claro que tem questões políticas e ideologias envolvidas em todo esse processo”, acrescentou.

Para ele, falta um projeto nacional amplo, no qual educação, ciência e tecnologia possam transformar a sociedade. “A gente tem um potencial imenso no país, a ser explorado de maneira sustentável, inteligente, para uma nação mais rica, mais justa, menos desigual, soberana e com desenvolvimento sustentável. E, para isso, ciência, tecnologia e inovação são essenciais”, sentenciou.

Horizonte

O discurso de Eduardo Levcovitz se voltou para a construção de possíveis caminhos a serem trilhados no combate à pandemia. Com esse objetivo, ele propôs algumas reflexões. “A primeira é relativa ao hoje, ao agora, ao já, ao que não pode ser adiado: a rejeição completa ao negacionismo, à omissão, à irresponsabilidade, ao genocídio, que não só doentes de Covid, mas também populações econômica e socialmente afetadas estão sofrendo no país”, apontou.

De acordo com ele, é necessária uma coordenação federativa real, em que União, estados e municípios organizem rapidamente uma resposta dos serviços de saúde e orientem positivamente, e de forma clara, a população, a respeito de medidas como isolamento social e uso de máscaras. Isso requer, também, auxílio financeiro às milhões de pessoas que “estão em situação dramática, inclusive de fome, por eliminação das suas possibilidades em obter rendas diárias”.

Além disso, para ele, é indispensável ao país fazer um lockdown de três semanas para conter a disseminação do vírus, conforme apontam cientistas, com exemplos bem sucedidos em todo o mundo, e “exemplos claros no Brasil, apesar de toda essa situação adversa”.

Para um segundo momento, quando for possível sair às ruas, Levcovitz sugere que se confrontem as atitudes de autoridades, não só do Governo Federal, mas de governos estaduais e municipais de diversas localidades do país, que disseminam o uso do “kit-Covid”, comprovadamente ineficaz. Nessa fase, ele propõe, ainda, questionar o orçamento recentemente aprovado pelo Congresso Nacional.

Já num estágio seguinte, a ideia seria retomar a discussão a respeito da proteção social da população, do Sistema Único de Saúde e da eliminação da PEC do teto de gastos, além de reverter as reformas contra a seguridade social e contra as conquistas da Constituição Federal de 1988.

Por fim, futuramente, ele aspira à construção de um projeto nacional de desenvolvimento, com foco na redução da desigualdade social brasileira. Seria a construção de uma nova “narrativa” para o Brasil do século XXI, “recuperando a reflexão sobre Estado, poder, nação, classes sociais, política e desenvolvimento”.


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