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Schinus terebinthifolia Raddi

Família: ANACARDIACEAE

Nome científico: Schinus terebinthifolia Raddi

Nome popular: aroeira, pimenta-rosa

 

Aroeira - Schinus terebinthifolia - Canto das Flores 1

Aroeira - Schinus terebinthifolia - Canto das Flores 2

Aroeira - Schinus terebinthifolia - Canto das Flores 3

Aroeira - Schinus terebinthifolia - Canto das Flores 4

Aroeira - Schinus terebinthifolia - Canto das Flores 5

Aroeira - Schinus terebinthifolia - Canto das Flores 6

Aroeira - Schinus terebinthifolia - Canto das Flores 7

Aroeira - Schinus terebinthifolia - Canto das Flores 8

Aroeira - Schinus terebinthifolia - Canto das Flores 9

Fotos: Sandra Zorat Cordeiro e Gilson Fagundes da Rocha

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Schinus terebinthifolia - Exsicata corrigida

Foto: Matheus Gimenez Guasti

Barra verde - características

Schinus terebinthifolia, a popular aroeira, também conhecida como aroeira-mansa, aroeira-da-praiaaroeira-vermelha ou pimenta-rosa, por conta da aparência de seus frutos, é uma espécie arbórea, nativa da América do Sul, ocorrendo no Brasil - nos biomas Mata Atlântica, Cerrado e Pampas - e ainda na Argentina, Paraguai e Uruguai. É uma espécie com múltiplos usos: ornamental, medicinal, PANC, melífera, e usada ainda em construção e ritualisticamente.

A aroeira se apresenta como uma árvore que pode atingir até 10 m de altura, com tronco geralmente retorcido, muito ramificado, e com ritidoma de cor cinza ou parda, áspero, rugoso e sulcado, exalando forte aroma de terebintina. Possui ramos também bastante ramificados, perenes, com filotaxia alterna, folhas pecioladascompostas, glabras, imparipinadas, raque alada ou cilíndrica, possuindo de 5 a 11 folíolos sésseis, discolores, de formato elíptico, de cor verde e nervuras levemente amareladas. A aroeira é uma planta dióica, ou seja: existem plantas que só produzem flores femininas e plantas que só produzem flores masculinas. Desta forma, suas flores são díclinas (flores exclusivamente femininas ou exclusivamente masculinas), e independente disso, ocorrem em inflorescências tipo panícula e se caracterizam por serem minúsculas, pentâmeras, com cinco sépalas verdes e cinco pétalas de cor branco-amarelada. Nas flores femininas, o gineceu é funcional e os estames, embora presentes, são reduzidos, com anteras indeiscentes e sem produção de pólen. Nas flores masculinas, ocorre o contrário: os estames são funcionais e o gineceu é reduzido, não funcional. Os frutos são produzidos, obviamente, apenas nas plantas "fêmeas": são globosos, brilhantes, de cor vermelho-rosado, quebradiços e com uma única semente.

A aroeira é uma planta com múltiplos usos. Seus frutos, que dão origem ao nome pimenta-rosa, além de possuírem uma bela aparência e serem comestíveis, possuem alto teor de óleos essenciais aromáticos: com sabor apimentado e levemente adocicado, são utilizados como condimento "gourmet", tanto na cozinha brasileira como internacional. Além de substituir a pimenta-do-reino, a pimenta-rosa é usada no tempero de carnes brancas (como aves e salmão), embutidos e massas. Conhecida por dar um sabor refinado e exótico a bebidas, coquetéis, doces e chocolates, a pimenta-rosa é popular na gastronomia mundial, sendo conhecida como poivre rose”, na França, “pepe rosa” na Itália, “pimienta rosa” na Espanha e “pink pepper” nos Estados Unidos. 

Sua grande aceitação no mercado internacional, no entanto, não foi acompanhada pelo aumento da sua produção comercial. Práticas exploratórias acerca dos recursos frutíferos da aroeira em suas áreas de ocorrência natural têm se multiplicado de modo alarmante, uma vez que são atividades extrativistas não-sustentáveis e causam, frequentemente, a derrubada dos indivíduos para facilitar a extração dos frutos e consequente diminuição das populações naturais. Esta espécie também sofre extrativismo para a obtenção de sua madeira, utilizada comumente na construção de cercas.

Na medicina tradicional, a aroeira é uma planta com inúmeras recomendações. Suas folhas, frutos e ritidoma (de onde se extrai uma resina muito aromática), são considerados verdadeiros elixires, pois possuem propriedades anti-inflamatórias, adstringentes, antirreumáticas, antimicrobianas, anti-fúngicas, anti-proliferativas e cicatrizantes, sendo particularmente indicados para problemas dermatológicos e ginecológicos. Seu uso através de chás, banhos, preparo de sabões, bálsamos e unguentos promovem alívio e rápida cicatrização. Também é indicada no tratamento de febres, afecções respiratórias, reumatismo, problemas digestivos e musculares. 

A multiplicidade de usos não para por ai: a aroeira ainda é uma planta muito usada na regeneração ambiental, pois promove uma rápida e abundante oferta de recursos vegetais graças a sua grande capacidade adaptativa a diferentes ambientes. Sua alta produção floral e frutífera facilita também a recomposição florestal e da fauna associada. Por conta disso e pela sua rusticidade, é muito usada como cerca-viva, na arborização urbana e em projetos paisagísticos. A aroeira ainda é uma planta melífera, com pólen e néctar abundantes e que propiciam a produção de mel de ótima qualidade.

Ritualisticamente, a aroeira é empregada secularmente nas práticas do Candomblé e Umbanda, sendo considerada uma árvore sagrada para seus praticantes. Fundamental em processos de iniciação e em rituais de sacerdócio nestas religiões, é usada na preparação de cama de folhas para energização, em sacudimentos - como erva de descarrego, em benzimentos com água de cheiro e em limpezas espirituais. 

O nome científico desta espécie origina-se da sua semelhança com outras duas espécies de Anacardiaceae, do gênero Pistacia, provenientes da região mediterrânea. O nome do gêneroSchinus, provém da palavra grega σχῖνος (schinos), que denomina uma espécie também conhecida como aroeira, a Pistacia lentiscus1. Seu epíteto específico, terebinthifoliaprovém da união da palavra grega τερέβινθος (terébinthos) com a palavra latina folia (plural de folius, que significa folha), indicando "semelhante às folhas de terebinto". É uma alusão à similaridade das folhas da nossa pimenta-rosa com as da Pistacia terebinthus2, o terebinto, citado na Bíblia como uma árvore sob a qual eram realizados sacrifícios e oferendas a Deus.

O nome popular - aroeira - é uma abreviação de araroeira, união da palavra arara acrescida da terminação -eira, significando "árvore onde a arara pousa e nidifica". Aroeira é o nome popular de várias espécies da família Anacardiaceae aqui no Brasil, e isso pode causar confusão. Além da Schinus terebinthifolia, a aroeira-vermelha ou pimenta-rosa, também são conhecidas como aroeira: a Schinus molle3 (aroeira-salsa), a Lithraea molleoides(aroeira-brava ou aroeira-branca) e a Myracrodruon urundeuva(aroeira-do-sertão ou aroeira-preta). 

Seja ela vermelha, preta ou branca, mansa ou brava, da praia ou do sertão, a aroeira faz parte da cultura popular brasileira: das suas tradições, do seu folclore, de seus rituais de cura e crendices. Há vários ditados populares e lendas6 acerca da aroeira, a questão é definir claramente de qual aroeira se trata. E nisso a taxonomia vegetal, com certeza, pode ajudar.

Autoria: Sandra Zorat Cordeiro (2020)

 

NOTAS

  

1 - Pistacia lentiscus L., a aroeira do Mediterrâneo, chamada de schinos:

Pistacia lentiscus - Ettore Balocchi

Foto: Ettore Balocchi / Creative Commons BY

 

2Pistacia terebinthus L., o terebinto, cujas folhas serviram de inspiração para o epíteto específico da nossa pimenta-rosa

Pistacia terebinthus - Bill Kirby1

Foto: Bill Kirby1 / Creative Commons BY-NC-ND 

 

3 - Schinus molle L., a aroeira-salsa

Schinus molle - Bergheu

Foto: Bergheu / Creative Commons BY-NC-SA

 

4Lithraea molleoides Engl., a aroeira-brava ou aroeira-branca

Lithraea molleoides - Andrés González

Foto: Andrés González / Creative Commons BY-SA

 

5Myracrodruon urundeuva Allem., a aroeira-do-sertão ou aroeira-preta

Myracrodruon urundeuva - Maurício Mercadante

 Fotos: Maurício Mercadante / Creative Commons BY-NC-SA (esq.) - Creative Commons BY-NC-SA (dir.)

 

6 - Há vários ditados populares e lendas acerca das aroeiras; aqui, alguns exemplos: 

  • Schinus terebinthifolia: conhecida como "O remédio da mulher" por suas propriedades medicinais no tratamento de doenças e problemas ginecológicos.
  • Lithraea molleoides: no Brasil e em países vizinhos, há uma lenda que fala sobre supostos malefícios que a aroeira pode trazer àqueles que não a tratam com a devida consideração. Estes malefícios seriam vermelhidão, coceira e alergia na pele (devido à presença de alquil-fenóis causadores de dermatite alérgica em pessoas sensíveis). Reza a lenda que, para que isso não ocorra, o caboclo deve fazer uma curiosa saudação à aroeira-brava ao encontrá-la em seus caminhos. Ao amanhecer: "Boa tarde, senhora Aroeira!", ao entardecer: "Bom dia, senhora Aroeira!", e assim seguir seu caminho. Como diz o poeta uruguaio Fernán Silva Valdés, acerca da aroeira, no caso, a aroeira-brava, no seu livro Lenguaraz: "(...) quitarse el sombrero con todo respeto, tal cual ante una invisible deidad agreste, y sin timidez alguna, sin importársele un comino el asombro o la sonrisa irónica de algún incrédulo testigo pueblero, hacer el clásico saludo al revés, como si se tratase de un juego de niños (...)". Tradução: "(...) tire o chapéu com todo o respeito, como diante de uma divindade selvagem invisível, e sem qualquer timidez, sem importar-se para o espanto ou o sorriso irônico de alguma testemunha incrédula da aldeia, faça a clássica saudação ao contrário, como se fosse um jogo infantil (...)". A vermelhidão e alergia causadas pela aroeira-brava acabaram virando música na voz de Luis Gonzaga:
  • Myracrodruon urundeuva: sobre esta espécie, é comum ouvir que "Dura a vida inteira mais 100 anos". O motivo? A madeira da aroeira-do-sertão ou aroeira-preta apresenta muita durabilidade, rigidez e resistência, sendo praticamente indestrutível e imputrescível. Outra referência à aroeira-do-sertão é que seus ramos - fortes e muito resistentes - eram usados para "quebrar no lombo de boi fujão" ou como chicote, para castigar alguém. Esta "utilidade" da aroeira foi cantada com maestria por Geraldo Vandré, em 1967, na sua música Aroeira, uma crítica incisiva ao sistema econômico e social do Brasil. Até hoje, por conta da música, o termo "a volta do cipó de aroeira" significa que o mundo dá voltas:

 

 

Barra verde - referências bibliográficas

Árvores do Bioma Cerrado. Schinus terebinthifolius Raddi. Disponível em: http://www.arvoresdobiomacerrado.com.br/site/2017/03/30/schinus-terebintifolius-raddi/. Acesso em: 23 Ago. 2020.

Carvalho, M.G.; Melo, A.G.N.; Aragão, C.F.S.; Raffin, F.N.; Moura, T.F.A.L. Schinus terebinthofolius Raddi: chemical composition, biological properties and toxicity. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, v. 15, n. 1, p. 158-169, 2013

Cesário, L.F.; Gaglianone, M.C. Biologia floral e fenologia reprodutiva de Schinus terebinthifolius Raddi (Anacardiaceae) em Restinga do Norte Fluminense. Acta Botanica Brasilica, v. 22, n. 3, p. 828-833, 2008.

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Gilbert, B.; Favoreto, R. Schinus terebinthifolia Raddi. Revista Fitos, v. 6, n. 1, p. 43-51, 2011.

Lenzi, M.; Orth, A.I. Caracterização funcional do sistema reprodutivo da aroeira-vermelha (Schinus terebinthifolius Raddi), em Florianópolis, SC, Brasil. Revista Brasileira de Fruticultura, v. 26, n. 2, p. 198-201, 2004.

Lenzi, M.; Orth, A.I. Fenologia reprodutiva, morfologia e biologia floral de Schinus terebinthifolius Raddi (Anacardiaceae), em restinga da Ilha de Santa Catarina, Brasil. Biotemas, v. 17, n. 2, p. 67-89, 2004.

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Mendes, E. Folclore e alergia. Folha de São Paulo. São Paulo, 4 de setembro de 1960. Disponível em: http://www.jangadabrasil.com.br/revista-dezembro85-pn85012c-asp/. Acesso em: 25 Ago. 2020.

Neves, E.J.M.; Santos, A.M.; Gomes, J.B.V.; Ruas, F.G.; Ventura, J.A. Cultivo da aroeira-vermelha (Schinus terebinthifolius Raddi) para produção de pimenta-rosa. Série Documentos 294. Colombo: Embrapa Florestas, 2016.

Portal - Plantas Medicinais Aromáticas e Condimentares. Aroeira-da-praia. Disponível em: https://www.ppmac.org/content/aroeira-da-praia. Acesso em: 23 Ago. 2020.

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Santos, C.C.; Borba, E.L.; Queiróz, L.P. A família Anacardiaceae no semi-árido do Estado da Bahia, Brasil. Sitientibus - Série Ciências Biológicas, v. 8, n. 2, p. 189-219, 2008.

Silva-Luz, C.L.; Mitchell, J.D.; Pirani, J.R.; Pell, S.K.. Anacardiaceae in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: http://reflora.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB15471. Acesso em: 23 ago. 2020.

Valdés, F.S. Lenguaraz. Buenos Aires: Editorial Guillermo Kraft Limitada. 1955 (p. 205-208 do PDF).

Vieira, V.S.; Palhano, E.G.S.; Silva, J.O.; Leite, D.C.G. Aroeira-comum ou aroeira-vermelha: árvore sagrada no Candomblé Ketu. 64ª Reunião Anual de SBPC. Disponível em: http://www.sbpcnet.org.br/livro/64ra/resumos/resumos/2415.htm. Acesso em: 25 Ago. 2020.

 

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